A vida I
Todas as coisas que não posso
ter,
eu quero.
Todas as coisas que tenho,
pouco valor parecem ter.
As coisas que quero fazer,
estão fora de meu alcance.
E as coisa que tenho que fazer,
odeio fazê-las.
A vida II
Não há ser humano que seja feliz
Com o destino que a vida lhe deu:
Ou busca um bem que não tem
Ou chora um bem que perdeu.
Uma vida passa tão depressa
Se a esposa que te deram
tem rosto triste e corpo magro,
por que te queixares, meu amigo?
Uma vida passa tão depressa!
Se a mulher que almejavas
desmaia nos braços de outro,
resigna-te e toma outra.
Uma vida passa tão depressa!
Se as delícias que mais desejas
estão cada dia mais distantes,
chora e depois ri-te de ti mesmo.
Uma vida passa tão depressa.
Se achas que nunca mais amarás,
estás falando como um louco.
Corre a amar outra vez.
Uma vida passa tão depressa!
O Líder
Mihail Naaime
Os bois reuniram-se um dia para
deliberar sobre sua sujeição ao homem e a maneira de se libertarem.
Havia entre eles um touro
particularmente fogoso e eloquente que os fez vibrar e os convenceu de que a
libertação deve ser conquistada na sua própria morada e de que sua porta deve
ser arrombada com cornos sangrentos.
Os bois fizeram deste touro seu chefe
e seguiram-no aos gritos “Liberdade! Liberdade!”
Continuaram a segui-lo até uma casa
cujas portas e janelas eram todas manchadas de sangue. O touro disse-lhes: “Eis
a morada da liberdade. E eis sua porta. Assaltai esta porta e não desistais
mesmo que vossos cornos se quebrem e vosso sangue corra tal um rio.”
Os bois obedeceram à ordem do chefe.
Seus cornos quebraram-se e seu sangue correu. Mas não desistiram. Arrombaram
finalmente a porta e entraram – e se acharam no matadouro.
Os dois amigos bebiam num bar
elegante.
- Você está pensativo...
Que houve? Ela partiu?
- Não... Ele chegou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário