Milton
Nascimento
&
Fernando Brant
Mande notícias do mundo de lá.
Diz quem fica.
Me dê um abraço venha me apertar,
Tô chegando...
Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos.
Melhor ainda é poder voltar
Melhor ainda é poder voltar
quando quero...
Todos os dias é um vai-e-vem,
A vida se repete na estação.
Todos os dias é um vai-e-vem,
A vida se repete na estação.
Tem gente que chega pra ficar.
Tem gente que vai pra nunca mais...
Tem gente que vai pra nunca mais...
Tem gente que vem e quer voltar,
Tem gente que vai, quer ficar.
Tem gente que veio só olhar,
Tem gente a sorrir e a chorar.
E assim chegar e partir...
São só dois lados da mesma viagem.
O trem que chega,
É o mesmo trem da partida.
A hora do encontro é também despedida;
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar...
É a vida dês meu lugar
É a vida...
Despedida de amigo de trabalho
Se por um instante, Deus esquecesse
de que somos uma marionete de pano e nos presenteasse com mais um pouco de vida
ao seu lado, possivelmente não diríamos tudo o que pensamos, mas
definitivamente pensaríamos em tudo o que dissemos.
Por tanto, pensando no que dissemos,
fizemos e sentimos, percebemos que os momentos de história que realizamos
juntos foram mais grandiosos do que pequenos.
Trabalhamos, mas também rimos muito,
e podemos dizer que se Deus nos concedesse mais um pouco de vida ao seu lado,
morreríamos de tanto rir.
Neste momento, palavras perdem o
sentido diante das lágrimas contidas nas saudades que iremos sentir, mas
sorriso é o que lhe demonstraremos neste instante por ser o motivo deste até
logo, a realização de mais uma vitória em sua vida.
Sempre há um amanhã e a vida nos dá
sempre mais uma oportunidade para fazermos as coisas bem, e temos que
aproveitar cada oportunidade, por isso sabemos que você tem que ir, mas
ficaremos aqui torcendo pelo seu sucesso hoje e sempre. Que você faça mais
histórias maravilhosas e intensas como foi a nossa.
Hoje é apenas a última vez que você
verá as pessoas que conviveu no trabalho, mas o início de uma vida de
convivência de amigos eternos.
Autor desconhecido
Apenas mais uma carta
(a um ex-amor)
(a um ex-amor)
Não acredito em despedidas
programadas, em último beijo ou em bilhete de adeus. Quanto menos remoemos a
mágoa da separação melhor, cada um no seu canto, cada um com seus argumentos e
verdades, sejam eles sinceros ou não. Portanto, essa é mais uma daquelas cartas
que escrevo sem a intenção de enviar, uma carta que você nunca vai receber.
Antes de tudo, preciso lhe agradecer
por tornar nossa despedida muito mais fácil para mim. Se antes você mudava e
alegrava o meu dia pelo simples fato de estar por perto, hoje você me perturba
com seus rancores, me incomoda com suas loucuras e me entristece com suas
tantas verdades omitidas durante todo o tempo em que estivemos lado a lado.
Obrigada por ter me feito acreditar
que você era diferente de todos os outros homens, obrigada pelo amor que você
me fez crer que sentia por mim. Obrigada pelo tempo em que vivi iludida e
feliz, pelos anos em que eu confiei em você e no seu amor sem fim. Mas muito
obrigada mesmo por agora me fazer enxergar que nada disso existiu, que eu
estive sozinha quando pensei estar com você. Obrigada por me mostrar que eu não
perdi nada pelo simples fato de que não posso manter comigo algo que nunca foi
meu.
A verdade é que não posso lhe culpar
por nenhuma das minhas penas. Se você fez o que quis de mim e mudou o rumo da
minha vida foi porque eu permiti. Você nunca me pediu nada e eu sempre lhe dei
tudo, já que era o único jeito de ficarmos juntos. E como eu queria viver perto
de você.
Uma lástima que eu tenha percebido
tarde demais que o amor precisa de dois para acontecer e que sozinha eu
acabaria, cedo ou tarde, ficando pelo caminho, uma pena que eu tenha avistado o
fim da estrada apenas quando o alcancei. Se eu tivesse aberto um pouco antes
meus olhos talvez o choque fosse menor, talvez agora eu estivesse melhor
preparada para lidar com tantas decepções. Talvez.
Dessa minha carta sem destino, só
quero que você guarde uma coisa: muito obrigada. Obrigada por me mostrar a cada
nova atitude que você não é nada daquilo que imaginei.
Márcia Duarte
Já não se encantarão os meus olhos nos teus olhos,
já não se adoçará junto a ti a minha dor.
Mas para onde vá levarei o teu olhar
e para onde caminhes levarás a minha dor.
Fui teu, foste minha. O que mais? Juntos fizemos
uma curva na rota por onde o amor passou.
Fui teu, foste minha. Tu serás daquele que te ame,
daquele que corte na tua chácara o que semeei eu.
Vou-me embora. Estou triste: mas sempre estou triste.
Venho dos teus braços. Não sei para onde vou.
...Do teu coração me diz adeus uma criança.
E eu lhe digo adeus.
já não se adoçará junto a ti a minha dor.
Mas para onde vá levarei o teu olhar
e para onde caminhes levarás a minha dor.
Fui teu, foste minha. O que mais? Juntos fizemos
uma curva na rota por onde o amor passou.
Fui teu, foste minha. Tu serás daquele que te ame,
daquele que corte na tua chácara o que semeei eu.
Vou-me embora. Estou triste: mas sempre estou triste.
Venho dos teus braços. Não sei para onde vou.
...Do teu coração me diz adeus uma criança.
E eu lhe digo adeus.
Pablo Neruda
É hora de partir, meus irmãos, minhas irmãs.
Eu já devolvi as chaves da minha porta
E desisto de qualquer direito à minha casa.
Fomos vizinhos durante muito tempo
E recebi mais do que pude dar.
Agora vai raiando o dia
E a lâmpada que iluminava o meu canto escuro
Apagou-se.
Veio a intimação e estou pronto para a minha jornada.
Não indaguem sobre o que levo comigo.
Sigo de mãos vazias e o coração confiante.
Eu já devolvi as chaves da minha porta
E desisto de qualquer direito à minha casa.
Fomos vizinhos durante muito tempo
E recebi mais do que pude dar.
Agora vai raiando o dia
E a lâmpada que iluminava o meu canto escuro
Apagou-se.
Veio a intimação e estou pronto para a minha jornada.
Não indaguem sobre o que levo comigo.
Sigo de mãos vazias e o coração confiante.
Rabindranath
Tagore
“Despedir-se de um
amor é despedir-se de si mesmo.
É o arremate de uma
história que terminou,
externamente, sem nossa concordância,
externamente, sem nossa concordância,
mas que precisa
também sair de dentro da gente.”
Martha
Medeiros
“Só preciso de alguns
abraços queridos, a companhia suave,
bate-papos que me façam sorrir, algum nível de embriaguez
e a sincronicidade: eu e você não acontecemos por uma relação causal,
bate-papos que me façam sorrir, algum nível de embriaguez
e a sincronicidade: eu e você não acontecemos por uma relação causal,
mas por uma relação
de significado, que ainda estamos trabalhando.”
Caio Fernando Abreu
Despedida
E no meio dessa confusão alguém
partiu sem se despedir; foi triste. Se houvesse uma despedida talvez fosse mais
triste, talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece em
um baile de carnaval - uma pessoa se perda da outra, procura-a por um instante
e depois adere a qualquer cordão. É melhor para os amantes pensar que a última
vez que se encontraram se amaram muito - depois apenas aconteceu
que não se encontraram mais. Eles não se despediram, a vida é que os despediu,
cada um para seu lado - sem glória nem humilhação.
Creio que será permitido guardar
uma leve tristeza, e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar
que às vezes se tem saudades; nem será odioso dizer que a separação ao mesmo
tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego; e um
indefinível remorso; e um recôndito despeito.
E que houve momentos perfeitos
que passaram, mas não se perderam, porque ficaram em nossa vida; que a
lembrança deles nos faz sentir maior a nossa solidão; mas que essa solidão
ficou menos infeliz: que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda
brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho?
Talvez não mereçamos imaginar que
haverá outros verões; se eles vierem, nós os receberemos obedientes como as
cigarras e as paineiras - com flores e cantos. O inverno - te lembras - nos
maltratou; não havia flores, não havia mar, e fomos sacudidos de um lado para
outro como dois bonecos na mão de um titeriteiro inábil.
Ah, talvez valesse a pena dizer
que houve um telefonema que não pôde haver; entretanto, é possível que não
adiantasse nada. Para que explicações? Esqueçamos as pequenas coisas
mortificantes; o silêncio torna tudo menos penoso; lembremos apenas as coisas
douradas e digamos apenas a pequena palavra: adeus.
A pequena palavra que se alonga como um canto de cigarra
perdido numa tarde de domingo.
Extraído do livro “A Traição das Elegantes”, de Rubem Braga.
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