Antes de tudo, a produção poética da
“geração do mimeógrafo” tem o valor de um ato de resistência. E é justamente
isso que dificulta sua avaliação pela crítica.´
Arranquem do chão
As marcas dos meus passos
Mas cortem de mim as pernas
Senão outras aparecerão.
Tirem-me a língua,
Arranquem os olhos
A retina,
Firam o mais fundo
os meus tímpanos.
Depois
exibam aos homens
a obra-prima forjada.
E eles terão
na deformação de minha carne
o retrato do opressor.
(Trecho de um poema
de Marco Antônio Maia Souto)
Haikai
Em nosso armário,
agora vazio,
penduro a saudade.
Parque de Diversões... Roda
Gigante...
Naquela cadeirinha vazia
vai a minha infância.
Telex
DINAMIZAR PAÍS INTEIRO VG
ASSISTÊNCIA LAVRADOR VG
COLONIZAR AMAZÕNIA VG
ALFABETIZAR MASSA VG
EDUCAÇÃO TODOS ET
CONFRATERNIZAÇÃO GERAL PT
Manoel J. Cardoso
Dica Duca
Companheiro,
a vida
é curta;
curta
a vida,
companheiro.
(Anônimo)
Colírico
Já sei:
Seguirei o rumo dos que não sabem
para onde vão:
Há um certo encanto nisso.
Sofro de um medo:
o medo de querer levantar-me de
uma queda
uma queda ocorrida não sei como
nem por quê.
Sou trágico, morena!
Mesmo quando não te tenho
o meu íntimo se inunda de alegria
No entanto
pressinto que vão se quebrar
Uma após outra
todas as taças erguida no brinde
à felicidade.
Gleidson Alenquer
Os deserdados
Os deserdados tinham os olhos
azulados
de uma perpétua morte
E suas mais careciam
dos movimentos mais grosseiros
como fechar um punho
ou manejar uma arma
O fruto gerado no seu ventre
será fruto infecundo,
sem semente,
não vingará o fruto gerado
no seu ventre.
G. Félix
Saia às ruas à noite
Fixe o olhar num poste de
mercúrio
e deixe que carros como tiros,
matem por um segundo
a luz que deles emana.
Luís Olavo Fontes
Prezado, você saberia do paradeiro do Gleidson Alenquer? Se sim, por favor, me informe. Fomos amigos no Rio, na época em que ele escreveu o livro Colirico. Agradeço muito se puder me dar alguma informação sobre ele. Abçs
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