Gandhi por Romeiro
(1869 – 1948)
→ No
meio das humilhações e da chamada derrota duma vida tempestuosa, sou capaz de
manter minha paz, graças à subjacente fé que tenho em Deus, traduzida como
Verdade.
→ A minha vida é um Todo indivisível e todos os meus
atos convergem uns aos outros; e
todos eles nascem do insaciável amor que tenho para com toda a humanidade.
→ Conheço o meu caminho; ele é reto e estreito; é como o gume duma espada. Tenho
prazer em andar esse caminho. Choro quando tropeço. Deus diz: “Quem trabalha
com esforço não perecerá” – e eu tenho uma fé implícita nesta promessa.”
→ O
desejo sincero e profundo do coração é sempre realizado; em minha própria vida
tenho sempre verificado a certeza disto.
→ Creio poder afirmar, sem arrogância
e com a devida humildade, que a minha mensagem e os meus métodos são válidos,
em sua essência, para todo o mundo.
→ Acho que vai certo método
através das minhas incoerências. Creio que há uma coerência que passa por todas
as minhas incoerências assim como há na natureza uma unidade que permeia as
aparentes diversidades.
→ As enfermidades são os
resultados não só dos nossos atos como também dos nossos pensamentos.
→ Satyagraha - a força do espírito
- não depende do número; depende do grau de firmeza.
→ Satyagraha e Ahimsa são como
duas faces da mesma medalha, ou melhor, como as duas cades de um pequeno disco
de metal liso e sem incisões. Quem poderá dizer qual é a certa? A não-violência
é o meio. A Verdade, o fim.
→ A minha vida é um Todo
indivisível, e todos os meus atos convergem uns nos outros; e todos eles nascem
do insaciável amor que tenho para com toda a humanidade.
→ Uma coisa lançou profundas
raízes em mim: a convicção de que a moral é o fundamento das coisas, e a
verdade, a substância de qualquer moral. A verdade tornou-se meu único
objetivo. Ganhou importância a cada dia. E também a minha definição dela se foi
constantemente ampliando.
→ Minha devoção à verdade
empurrou-me para a política; e posso dizer, sem a mínima hesitação, e também
com toda a humildade que, não entendem nada de religião aqueles que afirmam que
ela nada tem a ver com a política.
→ A minha preocupação não está em
ser coerente com as minhas afirmações anteriores sobre determinado problema,
mas em ser coerente com a verdade.
→ O erro não se torna verdade por
se difundir e multiplicar facilmente. Do mesmo modo a verdade não se torna erro
pelo f ato de ninguém a ver.
→ O amor é a força mais abstrata,
e também a mais potente, que há no mundo.
→ O Amor e a verdade estão tão
unidos entre si que é praticamente impossível separá-los. São como duas faces
da mesma medalha.
→ O ahimsa (amor) não é somente um
estado negativo que consiste em não fazer o mal, mas também um estado positivo
que consiste em amar, em fazer o bem a todos, inclusive a quem faz o mal.
→ O ahimsa não é coisa tão fácil.
É mais fácil dançar sobre uma corda que sobre o fio da ahimsa.
→ Só podemos vencer o adversário
com o amor, nunca com o ódio.
→ A única maneira de castigar quem
se ama é sofrer em seu lugar.
→ É o sofrimento, e só o
sofrimento, que abre no homem a compreensão interior.
→ Unir a mais firme resistência ao
mal com a maior benevolência para com o malfeitor. Não existe outro modo de
purificar o mundo.
→ A minha natural inclinação para
cuidar dos doentes transformou-se aos poucos em paixão; a tal ponto que muitas
vezes fui obrigado a descuidar o meu trabalho. . .
→ A não-violência é a mais alta
qualidade de oração. A riqueza não pode consegui-Ia, a cólera foge dela, o
orgulho devora-a, a gula e a luxúria ofuscam-na, a mentira a esvazia, toda a
pressão não justificada a compromete.
→ Não-violência não quer dizer
renúncia a toda forma de luta contra o mal. Pelo contrário. A não-violência,
pelo menos como eu a concebo, é uma luta ainda mais ativa e real que a própria
lei do talião - mas em plano moral.
→ A não-violência não pode ser
definida como um método passivo ou inativo. É um movimento bem mais ativo que
outros e exige o uso das armas. A verdade e a não-violência são, talvez, as
forças mais ativas de que o mundo dispõe.
→ Para tornar-se verdadeira força,
a não-violência deve nascer do espírito.
→ Creio que a não-violência é
infinitamente superior à violência, e que o perdão é bem mais viril que o
castigo...
→ A não-violência, em sua
concepção dinâmica, significa sofrimento consciente. Não quer absolutamente
dizer submissão humilde à vontade do malfeitor, mas um empenho, com todo o
ânimo, contra o tirano. Assim um só indivíduo, tendo como base esta lei, pode
desafiar os poderes de um império injusto para salvar a própria honra, a
própria religião, a própria alma e adiantar as premissas para a queda e a
regeneração daquele mesmo império.
→ O método da não-violência pode
parecer demorado, muito demorado, mas eu estou convencido de que é o mais
rápido.
→ Após meio século de experiência,
sei que a humanidade não pode ser libertada senão pela não-violência. Se bem
entendi, é esta a lição central do cristianismo.
→ Só se adquire perfeita saúde
vivendo na obediência às leis da Natureza. A verdadeira felicidade é impossível
sem verdadeira saúde, e a verdadeira saúde é impossível sem rigoroso controle
da gula. Todos os demais sentidos estarão automaticamente sujeitos a controle
quando a gula estiver sob controle. Aquele que domina os próprios sentidos
conquistou o mundo inteiro e tornou-se parte harmoniosa da natureza.
→ A civilização, no sentido real
da palavra, não consiste na multiplicação, mas na vontade de espontânea
limitação das necessidades. Só essa espontânea limitação acarreta a felicidade
e a verdadeira satisfação. E aumenta a capacidade de servir.
→ É injusto e imoral tentar fugir
às conseqüências dos próprios atos. É justo que a pessoa que come em demasia se
sinta mal ou jejue. É injusto que quem cede aos próprios apetites fuja às
conseqüências tomando tônicos ou outros remédios. É ainda mais injusto que uma
pessoa ceda às próprias paixões animalescas e fuja às conseqüências dos
próprios atos.
→ A Natureza é inexorável, e
vingar-se-á completamente de uma tal violação de suas leis.
→ Aprendi, graças a uma amarga
experiência, a única suprema lição: controlar a ira. E do mesmo modo que o
calor conservado se transforma em energia, assim a nossa ira controlada pode
transformar-se em uma função capaz de mover o mundo. Não é que eu não me ire ou
perca o controle. O que eu não dou é campo à ira. Cultivo a paciência e a
mansidão e, de uma maneira geral, consigo. Mas quando a ira me assalta,
limito-me a controlá-la. Como consigo? É um hábito que cada um deve adquirir e
cultivar com uma prática assídua.
→ O silêncio já se tornou para mim
uma necessidade física espiritual. Inicialmente escolhi-o para aliviar-me da
depressão. A seguir precisei de tempo para escrever. Após havê-lo praticado por
certo tempo descobri, todavia, seu valor espiritual. E de repente dei conta de
que eram esses momentos em que melhor podia comunicar-me com Deus. Agora me
sinto como se tivesse sido feito para o silêncio.
→ Aqueles que têm um grande
autocontrole, ou que estão totalmente absortos no trabalho, falam pouco.
Palavra e ação juntas não andam bem. Repare na natureza: trabalha
continuamente, mas em silêncio.
→ Aquele que não é capaz de
governar a si mesmo, não será capaz de governar os outros.
→ Quem sabe concentrar-se numa
coisa e insistir nela como único objetivo, obtém, ao cabo, a capacidade de
fazer qualquer coisa.
→ A verdadeira educação consiste
em pôr a descoberto ou fazer atualizar o melhor de uma pessoa. Que livro melhor
que o livro da humanidade?
→ Não quero que minha casa seja
cercada por muros de todos os lados e que as minhas janelas esteja tapadas.
Quero que as culturas de todos os povos andem pela minha casa com o máximo de
liberdade possível.
→ Nada mais longe do meu
pensamento que a idéia de fechar-me e erguer barreiras. Mas afirmo, com todo
respeito, que o apreço pelas demais culturas pode convenientemente seguir, e
nunca anteceder, o apreço e a assimilação da nossa. (...) Um aprendizado
acadêmico, não baseado na prática, é como um cadáver embalsamado, talvez para
ser visto, mas que não inspira nem nobilita nada. A minha religião proíbe-me de
diminuir ou desprezar as outras culturas, e insiste, sob pena de suicídio
civil, na necessidade de assimilar e viver a vida.
→ Ler e escrever, de per si, não
são educação. Eu iniciaria a educação da criança, portanto, ensinando-lhe um
trabalho manual útil, e colocando-a em grau de produzir desde o momento em que
começa sua educação. Desse modo todas as escolas poderiam tornar-se
auto-suficientes, com a condição de o Estado comprar os manufaturados.
→ Acredito que um tal sistema
educativo permitira o mais alto desenvolvimento da mente e da alma. É preciso,
porém, que o trabalho manual não seja ensinado apenas mecanicamente, como se
faz hoje, mas cientificamente, isto é, a criança deveria saber o porquê e o
como de cada operação.
→ Os olhos, os ouvidos e a língua
vêm antes da mão. Ler vem antes de escrever e desenhar antes de traçar as
letras do alfabeto.
→ Se seguirmos este método, a
compreensão das crianças terá oportunidade de se desenvolver melhor do que
quando é freada iniciando a instrução pelo alfabeto.
Mahtma = significa: A Grande Alma