João Baptista
Herkenhoff
Indaga-me um ex-aluno: Qual a
importância da Literatura na formação do jurista? Socializo a resposta que dei
a ele porque suponho que muitos jovens tenham vontade de fazer a mesma
pergunta, mas se abstenham de fazê-lo supondo que incomodariam o professor.
Respondi ao curioso ex-aluno: O mergulho na Literatura é indispensável ao
jurista sob vários ângulos. A Literatura abre horizontes, o jurista não deve
ter olhos vendados. A Literatura revela a natureza humana, tanto no que tem de
nobre, quanto no tem de sórdido, e o jurista deve mergulhar na compreensão das
muitas faces do ser humano. Essa ampliação de horizontes não vale apenas para
juristas. Médicos, psicólogos, professores, políticos, profissionais liberais,
todos estes enriquecem o espírito quando visitam o território literário.
Animado com a atenção que lhe dei,
perguntou o jovem: Que obras literárias seriam especialmente adequado ler? Não
fiz ouvido surdo. Sugeri dez livros: “Um erro judiciário”, de A. J. Cronin; “O
caso dos exploradores de caverna”, de Lon Fuller; “A Justiça a serviço do crime”,
de Arruda Campos; “Faz escuro, mas eu canto”, de Thiago de Mello; “As marcas de
Caim”, de Jurgen Phorwald; “Vigiar e punir”, de Michel Foucault; “Oração aos
Moços”, de Rui Barbosa; “O Processo Maurizius”, de Jakob Wassemann; “Cartas da
Prisão”, de Frei Betto; “Operário do Canto”, de Geir Campos.
O ex-aluno chegou ao clímax. Estava
dialogando com o professor. Fez uma pergunta, talvez a final, indagando que
autores, sem ligação com o Direito, recomendaria. Respondi sem pestanejar:
Machado de Assis, Lima Barreto, Carlos Drummond de Andrade, José de Alencar,
Cecília Meireles, Manoel Bandeira, Mário Quintana, Castro Alves, Raquel de
Queiroz, Jorge Amado, Érico Veríssimo.
Ele, então, atalhou: professor,
estou emocionado com sua atenção. Desculpe invadir sua privacidade, mas que
livro o senhor está lendo neste momento? Comecei tranquilizando-o que seu espírito
curioso não invadia minha privacidade. O mundo seria melhor se barreiras
profissionais, políticas, religiosas, decorrentes de faixa etária fossem
rompidas. Todos somos seres humanos, todos somos iguais, não apenas iguais
perante a lei, conforme diz a Constituição. Respondi: na verdade não estou
lendo, estou relendo “Médico de Homens e de Almas”, de Taylor Caldwell. Gosto
muito de reler livros. É na releitura que colho a essência. Esta obra gira em
torno da vida de São Lucas. Eu não o classificaria como um livro religioso. É,
na verdade, a exaltação do Humanismo, acima de rótulos confessionais. A meu ver
Taylor Caldwell atinge a sublimidade quando narra o encontro de Lucano (apelido
familiar do Apóstolo Lucas) e Maria, Mãe de Jesus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário