quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Dialeto Gaúcho



O dialeto gaúcho (também conhecido como "dialeto guasca") é um dialeto do português falado no Rio Grande do Sul, e em parte do Paraná e de Santa Catarina. Fortemente influenciado pelo espanhol, por força da colonização espanhola, e com influência mais reservada do guarani e de outras línguas indígenas, possui diferenças léxicas e semânticas muito numerosas em relação ao português padrão - o que causa, às vezes, dificuldade de compreensão do diálogo informal entre dois gaúchos por parte de pessoas de outras regiões brasileiras, muito embora eles se façam entender perfeitamente quando falam com brasileiros de outras regiões. Na fronteira com o Uruguai e Argentina a influência castelhana se acentua, enquanto que regiões colonizadas por alemães e italianos mantém as respectivas influências. Algumas palavras de origem africana e até mesmo da língua inca também podem ser encontradas. Foi publicado um dicionário "gaúcho-brasileiro" pelo filólogo Batista Bossle, listando as expressões regionais e seus equivalentes na norma culta.

aipim = mandioca, macaxeira
ancinho = rastilho, rastelo, ciscador, catador de folhas
aprochegar = aproximar-se, chegar perto
aspa = chifre
aspaço / aspada= chifrada
atucanado = atrapalhado, cheio de problemas
baita = grande, crescido; (Se usa em outras partes do Brasil)
bagual = Excelente, Bom, Ótimo ou cavalo xucro
bergamota = tangerina
bochincho = festa informal
bodoque / funda = estilingue
bolicho = boteco, botequim
borracho = bêbado
branquinho = beijinho (doce)
brigadiano = policial da Brigada Militar (corporação equivalente à Polícia Militar)
cacetinho = pão francês
campear = procurar, ir em busca de algo
cancheiro = pessoa que tem experiência e/ou habilidade em alguma coisa
carpim = meia de homem
chapa = radiografia ou dentadura
chavear = trancar com a chave
china = mulher do peão
chinoca = guria que se pilcha de bota e bombacha ao invés do vestido de prenda, prenda que passou dos 30 anos.
chinaredo = bordel; onde fica o chinaredo
chinchado = cheio, satisfeito, farto
colorado = torcedor do Sport Club Internacional
corpinho = sutiã
cuecão = ceroula
cuia (para mate) = parte da planta 'lagenaria vulgaris' usada para o chimarrão
cupincha = camarada, companheiro, amigo
cusco = cachorro, cão pequeno
entrevero = mistura, desordem, confusão de pessoas, briga
faceiro = alegre, contente
fatiota = terno
folhinha = calendário
gaudério = andarilho* (gaudério não é sinônimo de gaúcho, como erroneamente dizem)
gremista = torcedor do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense
guaipeca / guadéra = cachorro vira-lata
guampa = chifre
guri = menino, garoto
guria = menina, moça
inticar = provocar
lancheria = lanchonete
lomba = ladeira
macanudo = sujeito forte, respeitável, talentoso
melena = cabelo
minuano = vento vindo do sul que trás as massas gélidas do Polo Sul
negrinho = brigadeiro (doce)
pandorga = papagaio, pipa
parelho = liso, homogêneo
patente = vaso sanitário(semelhante aos banheiros químicos atuais)
pebolim = totó, fla-flu
pechada = batida, trombada (entre automóveis)
pedro e paulo = dupla de policiais militares
peleia = briga
piá = guri, menino
pila = palavra regional que dá nome a moeda nacional, no caso o Real (ex: 10 pila, 25 pila - usa-se sempre no singular)
pinchar = atirar, jogar
pingo = cavalo
prenda = mulher do gaúcho
quebra-molas = lombada
roleta = catraca
rótula = rotatória, redondo
sarjeta = meio-fio
sestear = dormir depois do almoço
sinaleira = semáforo
talagaço = golpe
taura = o mesmo que macanudo
tchê = pessoa, "cara"
tercear ferro = lutar com adagas, facões ou facas grandes
terneiro = bezerro
trava = freio, breque
tri = prefixo que significa muito (ex: trilegal, tribonita)
veranear = passar o verão
vivente = criatura viva, pessoa, indivíduo
xavante = torcedor do Brasil de Pelotas
xiru = índio ou caboclo. Na língua tupi quer dizer "meu companheiro"
xis = Hambúrguer

Expressões locais

aguentar o tirão = sustentar uma opinião
andar pelas caronas = andar mal, estar em dificuldade
arrastar a asa = enamorar-se

botar os cachorros = falar mal de alguém

chorar as pitangas = lamuriar-se

dar com os burros n'água = dar-se mal, ser mal sucedido
deitar nas cordas = fazer corpo mole
de orelha em pé = atento, de sobreaviso
de rédeas no chão = entregue, submisso, apaixonado
de valde = de balde, em vão
de vereda = imediatamente, já

é tiro dado e bugio deitado = acertar de primeira; ter certeza do que faz
entregar as fichas = ceder, concordar
estar com o diabo no corpo = estar furioso, insuportável

faceiro que nem gurí de calça nova = muito contente, alegre
frio de renguear cusco = frio tão intenso que pode deixar um cachorro mancando

índio velho = camarada
ir aos pés = fazer as necessidades na patente

juntar os trapos = casar, viver junto

lamber a cria = mimar o filho
largar de mão = desistir, abandonar
lagartear = ficar sem fazer nada, ao sol, comendo tangerina (bergamota)

matar cachorro a grito = estar sem dinheiro, estar na miséria, viver com dificuldade
meter a viola no saco = calar-se, desistir, acovardar-se
morar para fora = morar no campo (fazenda, sítio ou vila pequena)

na ponta dos cascos = (estar) em posição excelente, pronto para atuar
no mato sem cachorro = em dificuldade, em apuros

olhar de cobra choca = olhar dissimulado

se aprochegar = chegar mais próximo, se acomodar
sentar o braço = surrar, espancar, esbofetetar, bater

terneiro guacho = tomador de leite
tunda de laço = apanhar

Interjeições típicas

Bah! = Puxa! Que coisa! – é, primariamente, uma interjeição de espanto, mas pode ter outros usos, como, por exemplo, mostrar espanto ao iniciar uma frase: Mas bah, que loucura este calor!

Tchê! = Expressão utilizada para se dirigir a uma pessoa, como por exemplo: Tchê, ganhei na loteria!.

Mas que barbaridade! = Que coisa! - é uma interjeição que indica indignação.

Capaz? = É mesmo? Imagina! - indica espanto e dúvida ao mesmo tempo quanto ao que a pessoa acabou de ouvir.

Bem Capaz! (ou) Capaz! = Com uma entonação típica, significa “De jeito nenhum!”

Que tri! = Que legal!

Me Caiu os butiá do bolso = Fiquei indignado(a)/ Fiquei surpreso(a), depende do contexto.


Nenhum comentário:

Postar um comentário