“Eterno herói”
General Newton Lisboa
Lemos
(26 de maio de 1916 –
22 de setembro de 2012)
Cap Newton Lisboa
Lemos, pioneiro 25,
época em que compôs o “Eterno Herói”
época em que compôs o “Eterno Herói”
“Confesso que não foi uma tarefa das
mais difíceis, já que, como não poderia deixar de ser, vi-me contagiado por
aquela atmosfera de entusiasmo, que funcionou como a minha grande parceira e
fez com que uma antiga vocação, que se encontrava há muito tempo adormecida.
Fosse despertada ao som de um ideal.
Uma canção pode nascer de várias
maneiras. Não existe uma forma ou um esquema definido.
O “Eterno herói”, por exemplo, foi fruto da luta pela concretização de
uma aspiração suprema. Na crença de que estávamos no caminho certo par alcançar
o objetivo final e foi nessa riqueza de motivações que brotou o que chamamos de
inspiração.
Depois de alguns dias de
concentração, saiu, preliminarmente, a letra da canção, na qual levei a
preocupação de criar, em poucos versos, uma síntese das características
singulares do valor, da coragem e da audácia do combatente alado.
Aliado a ele, não podia faltar o
apelo patriótico, que deve estar presente no coração do soldado. Seguindo esta
orientação, a letra da canção ficou pronta e recebeu o nome de “Eterno Herói”.
Levei-a para o quartel, mostrando-a
para alguns companheiros, aqueles mais chegados funcionalmente, que a aprovaram
integralmente, sem restrições.
A seguir passei a trabalhar na parte
melódica, colocando a música sobre a letra já pronta.
Cabe, agora, um esclarecimento: não sou músico e não toco qualquer instrumento musical. Compunha de ouvido, utilizando exclusivamente a memória para reter a melodia, o que exigia sua repetição por inúmeras vezes, eis que, na época, ainda não existia qualquer forma de gravador ao nosso alcance.
Cabe, agora, um esclarecimento: não sou músico e não toco qualquer instrumento musical. Compunha de ouvido, utilizando exclusivamente a memória para reter a melodia, o que exigia sua repetição por inúmeras vezes, eis que, na época, ainda não existia qualquer forma de gravador ao nosso alcance.
Mesmo sem partitura, valendo-me
somente da memória com relação à parte musical, a canção “Eterno Herói” ficou pronta.
Aprovada por todos que a ouviam, foi
iniciado um trabalho de divulgação, passando a ser cantada de forma mansa e
sutil por quem se aproximava de nós para aprendê-la.
Não consigo precisar as datas que
marcaram esses acontecimentos, embora possa garantir que tenham começado antes
mesmo da formação dos primeiros paraquedistas militares, que somente veio a
ocorrer em janeiro de 1949.
O objetivo
O objetivo ao compor o “Eterno Herói” era ter de imediato uma
canção nossa para cantarmos quando fossem os momentos de maior vibração.
Não acalentava naquela ocasião
qualquer pretensão párea que ela viesse a se tronar a canção oficial da tropa
paraquedista.
Com o correr do tempo e independente
de qualquer influência minha, a canção foi sendo aceita cada vez mais e entoada
com maior frequência, indistintamente pelos oficiais e praças da OM.
No ano de 1955, ao término do meu
Curso de Estado Maior do Exército, foram abertos novos horizontes em minha
carreira e tive que me afastar totalmente das atividades na tropa
aeroterrestre, situação que perdurou até a passagem para a Reserva.
Enquanto isso, o “Eterno Herói” permanecia no âmbito da
GU Paraquedista, crescendo sempre em sua aceitação pelas gerações que nos
sucederem.
Foi enriquecida com a partitura em
uns “hurras” ao final da letra e passou a ser executada pela Banda de Música,
que já fazia parte do efetivo da tropa paraquedista.
Não obstante e com o passar do tempo,
como é natural, foi se processando a renovação da tropa e os companheiros mais
antigos, por inúmeras razões foram se afastando, deixando para trás e perdidos
alguns traços da memória do paraquedismo militar, entre outros, a autoria do
“Eterno Herói”, que chegou a se tornar obra
de autor desconhecido.
Por não saber quem coube a iniciativa
de tomar a canção como Hino Oficial dos
Paraquedistas, o que me impede de
prestar-lhes as justas homenagens, ao mencionar-lhe o nome. O que se sabe,
porém, é que foi realizada uma pesquisa entre alguns “Pioneiros”, já na
Reserva, na busca do autor da canção.
Assim, no decorrer do ano 1980,
durante o comando de General Antenor de Santa
Cruz Abreu, fui contatado por um sargento que exercia as funções de
Secretário da Banda de Música da Brigada de Infantaria Paraquedista que, em
caráter oficial veio pedir minha autorização para que o “Eterno Herói” fosse
adotado como a Canção Oficial
daquela Grande Unidade, condição indispensável para o início da tramitação de
processo junto ao Estado Maior do
Exército.
Respondi-lhe que não só concedia a
autorização, como me sentia muito honrado com a iniciativa. Dias depois o mesmo
graduado levou-me uma partitura da canção sobre a qual emiti uma Declaração de
Oferecimento, abrindo mão em favor da Brigada, de todos os direitos autorais
que me coubessem.
O processo de oficialização, como
é normal acontecer, teve o andamento moroso, vindo a se efetivar através da
Portaria N° 05-EME, de 14 de janeiro de 1982, publicada no Boletim do
Exército N° 04, de 29 de janeiro do mesmo ano.
Outras Canções
O General Newton Lisboa foi autor
também de outras canções, destacando as duas que fez em outras organizações em
que serviu, a do 26°
Batalhão de Caçadores de Belém do Pará, que levou o nome a “Canção do Soldado do Norte”, e a “Canção da Companhia de Guardas do QG da 1ª
Região Militar”, que, dada à sua localização, era a Unidade de conciliação
do então Ministro da Guerra, General Eurico Gaspar Dutra.
Letra original da canção “Eterno Herói”
Hino colorizado Pelo Pqdt Stron
Letra e Música do
General Newton Lisboa Lemos, Pioneiro 25.
Cumprindo no espaço a missão dos
condores,
Valente e audaz não vacila um
instante,
Nas asas de prata, ao roncar dos
motores,
Vai a sentinela da pátria
distante.
Chegado o momento, descendo dos
céus,
Num salto gigante surgindo do
anil,
Vem ele planando do templo de
Deus,
Lutar em defesa do nosso Brasil.
Paraquedista!
Guerreiro alado vai cumprir sua
missão.
Num salto audaz,
Vai conquistar do inimigo a
posição.
Paraquedista!
No entrechoque das nações sempre
será,
O eterno herói.
Que no avanço e na luta ninguém
deterá.
Hurra!... Hurra!
*P.S. O general sempre enfatizava que todos cantavam um verso do hino de forma incorreta:
Que no avanço da luta ninguém deterá. = incorreto
Que no avanço e na luta ninguém deterá = correto
Texto do livro:
“Memória Histórica da Brigada de Infantaria Paraquedista”,
“Memória Histórica da Brigada de Infantaria Paraquedista”,
do Cap Domingos
Ferreira Gonçalves, Pqdt 2696
Abaixo, suas últimas fotos:
Gen Newton Lisboa e esposa
Em pé:
Freire, Fagundes e Ly Adorno;
Sentados:
Newton Lisboa e Hugo Romeu
*Ly Adorno de Carvalho, Pqdt 503; Newton Lisboa Lemos, Pqdt 25, e Hugo Romeu, Pqdt 211, já são falecidos.
Hugo Romeu, Pqdt 211, no filme “Sai de baixo”, fez o papel de dublê do palhaço Carequinha ao ser empurrado da torre.
Impossível não comentar, tal a emoção que se sente ao cantar o ETERNO HERÓI, um hino, uma canção, um poema, não sei direito, mas que arrepia isso arrepia, e ainda mais agora lendo o histórico da composição.
ResponderExcluirSou o S Ten Rabelo (Pqdt 51370), atual Adj Cmdo Bda Inf Pqdt, e desde de soldado canto a nossa canção e digo que sempre me emociono, devido a função participo de diversas solenidades e sempre anunciam o autor... dessa forma ficava imaginando como teria sido a concepção da canção e vim buscar informações na internet e ao ler esse artigo me emocionei... muito Obrigado Gen Newton Lisboa Lemos por esse legado e registro aqui o meu agradecimento ao Cap Gonçalves que desenvolve esse trabalho tão importante que é o resgate e manutenção da memória da nossa tropa aeroterrestre. Brasil Acima de tudo!
ResponderExcluirExcelente texto. Sd Magalhães Pqdt 46.645 88/3. BRASIL ACIMA DE TUDO!
ResponderExcluirObrigado pela comentário, PQD Magalhães.
ResponderExcluirCorreção na letra ...vem ele planando DO templo de Deus...
ResponderExcluirPerfeita a sua observação, foi feita a devida correção.
ResponderExcluirSou Pqd de 1956 2.454 56/5 Até hoje fico emocionado ao ouvir nossa canção.Lembro-me do então capitão Lisboa na Colina Lomga.
ResponderExcluirObrigado pela emoção, amigo Mauro Henrique Silveira Braga, sua emoção é a emoção de todos nós.
ResponderExcluirMESMO DEPOIS DE 52 ANOS DE HAVER SE PASSADO NÃO HÁ COMO NÃO CAIR EM LÁGRIMAS - PQDT 18403 - QUINTANLHA - CIA DE APOIO REGIMENTAL - A MAIS PESADA - URRA
ResponderExcluirObrigado pelo comentário, PQD Paulo Cesar Nunes Quintanilha.
ResponderExcluir