terça-feira, 19 de abril de 2016

Livros recusados



Livros recusados pelos editores, listados pelo (também) editor André Bernard para o livro Rotten Rejections, a Liberty Companion  (Rejeições terríveis, um companheiro literário). A jornalista Kátia Canton destacou da lista.

Þ Melloy and Malone Dies, de Samuel Beckett (1951): “Não há por que considerar sua publicação; o mau gosto do público americano não coincide com mau gosto da vanguarda francesa.”

Þ Poesias, de Emily Dickinson (1862): “Nauseante – as rimas estão todas erradas!”

Þ Madame Bovary, de Gustave Flaubert (1856): “O senhor enterrou sua história sob uma enorme pilha de detalhes, que são bem escritos, mas verdadeiramente supérfluos.”

Þ Torrentes da primavera, de Ernest Hemingway (1926): “Seria de um extremo mau gosto, para não dizer extrema crueldade, publicar isso.”

Þ O amante de lady Chatterley, de D. H. Lawrence (1928): “Pelo seu próprio bem, nem tente publicar isso!”

Þ O fio da navalha, de W. Somerset Maugham (1944): “Não acho bem-feito para o tipo de coisa a que se propõe, além de pouca gente gostar desse tipo de coisa... a maior parte da longa discussão da filosofia de vida do autor é tediosa.”

Þ Moby Dick, de Herman Melville (1851): “Sinto muito dizer que nossa opinião é unanimemente contra o livro... ele é inadequado ao mercado juvenil... É muito longo, fora de moda...”

Þ O espião que veio do frio, de John Le Carré (1963): “Bem-vindo a Le Carré – ele não tem futuro algum!”

Þ Lolita, de Vladimir Nabokov (1955): “Deveria ser, e provavelmente foi, contado a um psiquiatra... nauseante mesmo para um freudiano iluminado... Recomendo que seja enterrado sob uma pedra, por mil anos.”

Þ A revolução dos bichos, de George Orwell (1945): “...o que se precisa não é de mais comunismo, mas sim de porcos mais espirituosos...”

Þ Labirinto da solidão, de Octavio Paz (1962): “Este livro não tem interesse para o público americano. Foi feito para mexicanos...”

Þ Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust (1913): “Caro companheiro, eu posso estar ´morto do pescoço para cima´, mas não entendo a necessidade de se gastar 30 páginas para descrever como ele se vira na cama antes de pegar no sono...”

Þ Homem e Super-homem, de Bernard Shaw (1905): “Ele nunca será popular...”

Þ Ida, de Gertrude Stein (1941): “Sou apenas um, um, apenas um. Apenas um ser, um. Não dois, não três, apenas um. Apenas uma vida para viver, apenas 60 minutos numa hora. Apenas um ser... Não posso ler seu manuscrito três ou quatro vezes, Nem apenas uma vez. Nem uma cópia posso vender. Nenhuma. Nenhuma.”

Þ O retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde (1891): “Contém elementos desagradáveis.”

Þ Os dublinenses, de James Joyce foi, antes recusado por 22 editores e, depois, cravejado de balas e queimado por um leitor.

Críticos e críticas

Espetáculo ruim para Barbara Heliodora Carneiro é aquele definido por Billy Wilder: você começa a ver e três horas depois olha para o relógio e vê que só passaram dez minutos.

Título do livro de Jean Baudrillard, em 1977: Esquecer Foucault. Comentário de Foucault:
- Esquecer Foucault? Difícil vai ser lembrar de Baudrilard.

Álvaro Lins discordava de outros críticos sobre Machado de Assis:
- O pessimista é ele ou os otimistas somos nós?

Guimarães Rosa tinha um álbum em que colava os artigos publicados a seu respeito. Os que eram contra, de pernas para o ar.

Mundano, devasso, frívolo e inconsequente. Esta era a fama de Marcel Proust, quando os originais chegaram à editora. O editor, André Gide, mandou devolvê-los, sem ao menos ler.
Eram a primeira parte de Em busca do tempo perdido.

“Papel de parede, em estado embriônico, é ainda mais bem-feito do que esta marinha.”
O comentário é do crítico Louis Leroy sobre o quadro Impressão – Sol Levante, de Claude Monet, de 1872, que inspirou o termo impressionismo.

Jorge Luis Borges conta esta, que soube por De Quincey. Durante uma discussão teológica ou literária, atiraram um copo de vinho na cara de um tal Handerson. Sem perder a calma, este Handerson disse:
- Isto, senhor, é uma digressão. Espero seu argumento.


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