Formado
em 1998 por 10 trabalhadoras domésticas o grupo popular de Teatro do Oprimido
Marias do Brasil acumula uma extensa atuação, possuindo dois espetáculos de
Teatro Fórum que já levaram o grupo para São Paulo na Mostra Nacional de Teatro
do Oprimido em Santo André ,
Porto Alegre para duas edições do Fórum Social Mundial e para o Festival da
Federação de Teatro Associativo do Rio – FETAERJ, na qual Maria Vilma,
integrante do grupo, recebeu uma Monção Honrosa. Com os projetos Encenando
Direitos Humanos e Maria Luta por Lei Justa, o teatro amplia seu alcance: a
plateia discute e propõe leis. Como a Medida Provisória da Lei Federal 10.208
de 23/03/2001, que determina ser facultativo o Fundo de Garantia dos
trabalhadores domésticos. Marias do Brasil e os Sindicatos dos Trabalhadores
Domésticos do Rio de Janeiro e de Nova Iguaçu reivindicam que esta medida se
torne obrigatória. Para isso, iniciaram um movimento para recolher o máximo de
assinaturas e enviar ao Congresso Nacional. Participe entrando em cena e apoiando
nosso abaixo-assinado.
Uma história do grupo
No
fim de um espetáculo do Teatro do Oprimido, feito por domésticas, uma delas,
chorando, desabafa com Augusto Boal:
– Uma empregada doméstica deve ser
invisível. Quanto menos seja vista, melhor. Ela põe e tira a mesa, faz comida e
a cama, lava e passa, varre, limpa, cuida das crianças... mas, sobretudo, não
deve ser vista nunca. Nós aprendemos a ser invisíveis. Hoje, ensaiando no
palco, reparei que um técnico cuidava que estivesse bem iluminada, com a cor
adequada. Aprendemos a emudecer: outro técnico colocava um pequeno microfone no
meu vestido para que minha voz fosse ouvida... Isso é tão bom... A família,
para qual eu trabalho, estava inteira na plateia, no escuro, vendo e ouvindo.
No final, aplausos: trabalho para eles há mais de dez anos e acho que foi a primeira
vez que me viram e me ouviram. Agora sabem que eu existo. Porque fiz teatro.
(Do livro dos Erros -
Histórias Equivocadas da Vida Real,
de Mário Goulart)
de Mário Goulart)
Obrigado Senhora Claudenir, são experiências como esta do Teatro de um grupo de empregadas, que nunca tiveram voz, só engrandecem uma classe social. Quando li "Do Livro dos Erros - Histórias Equivocadas da Vida Real", de Mário Goulart, li o texto acima, que está em itálico, fiquei emocionado e resolvi colocá-lo neste almanaque para que mais pessoas o lessem e o divulgassem. Obrigado pelo seu relato.
ResponderExcluirBoa tarde Nilo,a minha irmã, Dorceni é faxineira e faz parte do canal Sinddomesticabrasil (não sei se é assim que escreve). Pois é, por incrível que pareça não tenho celular, de modo que faço minhas intervenções no grupo por meio do celular dela. Foi neste canal que uma trabalhadora sugeriu a leitura do livro: A distância entre elas. O tema é sobre as Trabalhadoras Domésticas da Índia e a semelhança com a nossa realidade é muito grande. A semelhança levou-me a seguinte questão: este modelo de sociedade opressora foi planejado nas salas dos senhores étnicos escravocrata que se julgam superiores, em decorrência de sua pele clara há milhares de anos e implantado nos Estados do mundo inteiro. E mais, fiz uma análise deste livro com outras biografias que tratam do tema: A doméstica de Odete de Barros e o conto, as capas do diabo de Cora Coralina e percebi o quanto a literatura pode servir manutenção da sociedade escravocrata como é o caso da narrativa das escritoras brasileiras. Fiquei um pouco chocada ao ler essas duas escritoras... Não se você conhece a Lurdes do Rio Cumprido ela tem uma história interessante sobre uma liderança que se chama Odete, mas faleceu há pouco tempo. Pergunta aí no grupo se conhecem Lurdes e Josefa... E, por favor, não trate-me senhora porque é muito formal...
ResponderExcluirAmiga Claudenir, faça bom uso de nosso modesto almanaque. São mais 4.000 textos com os mais variados assuntos: bons e humanos, como o que descreveu a bela experiência teatral de um grupo de domésticas.
ResponderExcluirAgora já são mais de 5.000...
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