(Do Blog Música
Brasilis)
Todo mundo acha que o Carnaval é uma
festa tipicamente brasileira. Mas toda essa farra teve sua origem há muito
tempo atrás... O Carnaval tem sua origem associada aos cultos agrários da
Grécia antiga (cerca do século V a.C.). Com o surgimento da agricultura, os
homens passaram a comemorar a fertilidade do solo e as colheitas, a cada ano
que chegava. Foi desse tipo de comemoração que surgiram os festejos do
carnaval. Ao longo dos séculos seguintes essa tradição se espalhou pela Grécia,
Roma e por toda a Europa medieval. A separação da sociedade em classes fazia
com que houvesse a necessidade de válvulas de escape. Foi na Idade Média que
sexo e bebida passaram a fazer parte das festas. Em seguida, o Carnaval chegou
à cidade de Veneza, Itália, para, então, se espalhar pelo mundo. Diz-se que foi
lá que a festa tomou as características atuais: máscaras, fantasias, carros
alegóricos, desfiles. O Carnaval Cristão passou a existir quando a Igreja
Católica oficializou a festa, em 590 d.C. Antes dessa data, a instituição
condenava a festa por seu caráter “pecaminoso”. No entanto, as autoridades
eclesiásticas da época se viram num beco sem saída, pois já não era mais
possível proibir o Carnaval. Foi então que houve a imposição de cerimônias
oficiais sérias para conter a libertinagem. Mas esse tipo de festa batia de
frente com a principal característica do Carnaval: o riso, o deboche, a
brincadeira.
O Carnaval no Brasil
O Entrudo – Debret
O Carnaval brasileiro surgiu em
1723, com a chegada dos portugueses das Ilhas da Madeira, Açores e Cabo Verde.
A principal diversão dos foliões, naquele tempo, era jogar água uns nos outros.
Dava-se a essa manifestação o nome de Entrudo.
O que era o “Entrudo”
Espécie de manifestação popular
relacionada aos festejos do carnaval. Sua característica principal era: Foliões
fantasiados, principalmente escravos ou pessoas de camadas sociais baixas,
correndo pelas ruas da cidade sujando uns aos outros com farinha, água ou “limões
de cheiro”.
Limões de cheiro
Os “limões de cheiro” eram feitos de
cera, que variavam da água pura ao melhor perfume, do mais simples ao mais
enfeitado, vendidos em tabuleiros, por moleques, ao preço de 20 a 200 réis cada um. Esses
“limões de cheiro” variavam também do tamanho de um ovo de pombo a uma bola de
bilhar e eram fabricados em fôrmas de madeira, em cujo interior, por um
orifício, se derramava a cera derretida, agitando-a em vários sentidos para
formar a película aderida à madeira. Depois de fria, pelo mesmo orifício se
injetava a água ou o perfume. Em seguida, fechava-se o orifício com cera
quente. Ao lado um desenho de um vendedor de limões de cheiro do tempo do
Império.
E Dom Pedro II proíbe os excessos
O Entrudo passou a significar coisa
incivilizada nos tempos imperiais. As ruas acabavam ficando imundas depois das
tais “batalhas” de limões e farinha. Muitos foliões acabavam jogando, além de
água e perfume, urina e outros excrementos. Por causa disso, o imperador D. Pedro
II proibiu o entrudo em todo o Império.
O Zé Pereira
“Zé Pereira”! Mas o que é isso?
Em todo o Brasil, mas sobretudo no
Rio de Janeiro, havia o costume de se prestar homenagem galhofeira a notórios
tipos populares de cada cidade ou vila do país durante os festejos
carnavalescos. O mais famoso tipo carioca foi um sapateiro português chamado
José Nogueira de Azevedo Paredes. Segundo o historiador Vieira Fazenda, foi ele
o introdutor, em 1846, do hábito de animar a folia ao som de zabumbas e
tambores muito grandes, em passeatas pelas ruas, como se fazia em sua terra. Lá
em Portugal esses bumbos eram denominados Zé-Pereiras.
Um certo ator chamado Vasques
O Zé-Pereira ganhou popularidade no
fim do século XIX, quando o ator Vasques elogiou a barulhada encenando a
comédia carnavalesca O Zé-Pereira, na qual propagava os versos que o zabumba
cantava anualmente:
“E viva o Zé-Pereira/Pois que a ninguém faz mal.
/Viva a pagodeira/dos dias de Carnaval!”
A peça era uma paródia de um
espetáculo francês, Les Pompiers de Nanterre , encenada em 1896. No início do
século XX, por volta da segunda década, a zabumba do Zé-Pereira cedeu a vez a
outros instrumentos como o pandeiro, o tamborim, o reco-reco, a cuíca, o
triângulo e as “frigideiras”.
Primeiros bailes de carnaval no Brasil
O primeiro registro de baile
carnavalesco no Rio de Janeiro é de 1840. Ao receberem informações sobre as
festas carnavalescas da Europa, as elites cariocas resolveram criar o seu
próprio carnaval, organizando bailes em hotéis famosos da cidade como o Hotel
Itália, na atual Praça Tiradentes. Nesses bailes, dançavam-se ritmos importados
como a valsa, a polca e schotisches. Também eram moda as máscaras ao estilo dos
carnavais de Veneza. Em 1855 surgiram as primeiras grandes sociedades
carnavalescas, formadas pela elite social, que saíam pelas ruas em carros
alegóricos. Em contrapartida, as camadas humildes da sociedade também começavam
a organizar seu carnaval na forma de ranchos e cordões. O contraste entre o
carnaval da elite e o carnaval mais popular foi bem retratado por um artista
chamado Ângelo Agostini. (Gravuras abaixo).
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