Este é o mandante em quem ninguém manda,
o dirigente que ninguém dirige, o guia, o chefe supremo da Cidade Ideal...
Posição que só caberá a quem reúne por natureza doze qualidades:
01. Um organismo físico perfeito, capaz de executar qualquer
tarefa que por ofício lhe couber;
02. Uma mente que capta e interpreta corretamente tudo o que
se lhe dirige;
03. Uma memória que guarda fielmente tudo o que percebe, vê,
ouve, adivinha;
04. Uma inteligência viva e sutil, capaz de tirar deduções
corretas dos menores indícios;
05. Uma eloquência que consegue expressar eficientemente
todas suas ideias e intenções;
06. Um amor pelo saber que lhe torne agradável a aquisição
de todo novo conhecimento;
07. O controle dos seus apetites; e o afastamento dos jogos
de azar;
08. O amor à verdade e aos que a dizem; o ódio à mentira e
aos mentirosos;
09. O sentido da elevação e da
nobreza e uma repulsa instintiva por todo ato ou sentimento indigno;
A reunião de todas essas qualidades num
só homem é acontecimento raro. Quando tal homem existir na Cidade Ideal, será
ele o dirigente. Nas épocas em que tal homem não existir, adotar-se-ão as leis
e regulamentos anteriormente promulgados e entregar-se-á a direção da cidade a
quem reunir os seis seguintes requisitos:
01. Ser sábio.
02. Ser informado: conhecer as
leis e os regulamentos promulgados antes dele pelos dirigentes perfeitos e
imitar-lhes as ações e o comportamento nas suas próprias ações e comportamento.
03. Ser interpretativo: saber
induzir, para as situações novas, soluções certas, inspiradas de circunstâncias
similares do passado.
04. Ser inventivo, capaz de
improvisar soluções adequadas para situações inéditas, obedecendo ao interesse
da Cidade.
05. Ser respeitador das tradições.
06. Ser forte e competente na arte da diplomacia.
Se esses requisitos se reunirem não num
homem só, mas em dois, sendo um deles sábio e o outro provido das outras
virtudes, serão os dois governantes da Cidade.
Se os requisitos forem repartidos entre
vários homens e mesmo seis, possuindo cada um deles uma das seis condições
mencionadas, serão todos eles governantes da Cidade, sob a condição que haja
entendimento entre eles. Se, todavia, faltar ao dirigente ou aos dirigentes a
sabedoria, a Cidade não será mais governada, na verdade, ela correrá, mais cedo
ou mais tarde, para a sua ruína.
(Do livro “A Cidade
Ideal”, citado em
As mais Belas Páginas da Literatura Árabe,
As mais Belas Páginas da Literatura Árabe,
de Mansour Challita)
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