Um inusitado acidente paraquedista
Em 13 de junho de 1955, o
soldado Pedro Antônio Pestana,
quando daria o seu primeiro salto de uma aeronave em voo, desenganchou-se no
momento do salto, foi levado pelo restante da equipe, não acionando o paraquedas
reserva.*
A circunstância determinante da morte
– salto desenganchado – originou a criação e introdução do pino de travamento
no gancho, que passou a ser conhecido como “Chipanique”, em homenagem ao seu
idealizador, o hoje capitão Casemiro Scepaniuk, pioneiro 44, já falecido.
* Fato citado no livro “Memória Histórica da Brigada de Infantaria Paraquedista”, do Cap Domingos Ferreira Gonçalves, Pqdt 2696 – do Turno do 1956/8 – MS 563.
* Fato citado no livro “Memória Histórica da Brigada de Infantaria Paraquedista”, do Cap Domingos Ferreira Gonçalves, Pqdt 2696 – do Turno do 1956/8 – MS 563.
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O coronel Lício Augusto Ribeiro
Maciel, Pqdt 1412 do 1954/4 – MS 273, Prec 27, FE 12 e Comando 3, conta-nos uma
interessante história, que está no livro “O coronel rompe o silêncio”, de Luiz
Maklouf Carvalho:
– Já como capitão e
instrutor do curso de paraquedismo, eu reprovei duas vezes um soldado da minha
bateria de artilharia, o soldado Peçanha**. Ele chorou na minha frente.
“Peçanha, eu estou te fazendo um bem. Você não tem condição psicológica pra
saltar.” O exame final pro cara poder saltar de uma aeronave é uma torre de 12,
15 metros
de altura. Você vai para a torre todo equipado como se estivesse no avião. É
pior do que saltar do avião. Você salta conectado com um cabo de aço. O
sargento joga o cabo. “Já!” O cara pula. Quando o Peçanha saltava, ele se abria
todo. Já imaginou um cabo daquele enrolar no braço dele, como acontecia? Aconteceu
uma vez com o chefe da Escola de Paraquedistas. O cabo pegou no joelho dele e
dobrou ao contrário, o joelho virou para a frente. É uma coisa tremenda.
Quebrou a perna dele no ar, e ele bateu no chão com aquela perna quebrada. O
cara urrava de dor...
** Nesse capítulo, o coronel denomina, erroneamente, o
soldado Pestana, de Peçanha.
A torre do pavor
– E o Peçanha?
–
Então, eu reprovei o Peçanha. Ele se matriculou novamente, dentro do regulamento,
no curso de um capitão, meu companheiro. Ele veio falar comigo: “Você reprovou
o Peçanha, mas dá pra ele saltar.” Eu disse; “Não faça isso, não leve o Peçanha
pro salto.” Pois bem, ele levou. Por falta de sorte, eu estava de precursor, no
dia, indo na equipe de terra. Conversava com o capitão Victório***, capelão, grande
paraquedista. Ele sentado no capacete, no Gramacho. Então eu vi e disse:
“Capelão, sai correndo lá, pra essa direção, que tem um cara que não abriu o
paraquedas.” Ele vinha descendo. Era o Peçanha. Nós saímos correndo. No meio da
carreira, eu senti aquele tremor da batida. O Gramacho era muito pouco. O cara
bateu no chão do jeito que saltou. Quando eu cheguei, o braço dele era uma
geleia, de tão quebrado que estava. Morreu na hora. Na queda livre, ele estava
a 60 metros
por segundo. É uma porrada. Quebra o cara todo. E houve várias outras coisas.
*** Cap Victório Darós (Capelão paraquedista) → Pqdt 1542, do 1954/5 – MS 299, gaúcho da cidade de Faxinal do Sorturno, RS, além da atividade religiosa e social que executava com grande eficiência e dedicação, foi o responsável pela documentação para casamento de grande número de militares e seus familiares.
*** Cap Victório Darós (Capelão paraquedista) → Pqdt 1542, do 1954/5 – MS 299, gaúcho da cidade de Faxinal do Sorturno, RS, além da atividade religiosa e social que executava com grande eficiência e dedicação, foi o responsável pela documentação para casamento de grande número de militares e seus familiares.
... Mas segundo relato do Cel Lício, ao transcrever do gravador para texto, o jornalista Luiz Maklouf Carvalho, autor do livro, colocou Peçanha em vez de Pestana, não sendo, portanto, erro de quem deu a entrevista, mas sim de quem transcreveu o fato que originou o livro citado acima.
...Gostaríamos de saber a versão do jornalista para saber quem, neste episódio, está com a razão.
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Adendo do Almanaque Cultural Brasileiro:
Para esse acidente há duas
interpretações:
→ A primeira, que levou o Sgt Scepaniuk a inventar o pino de segurança, achando que o gancho, ao bater no final do cabo de ancoragem, abriu acidentalmente, não inflando o paraquedas do Sd Pestana (Peçanha), que, por estar apagado no ar, não abriu seu paraquedas reserva.
→ A segunda interpretação é que o Sd Pestana, por insucessos anteriores: reprovação de salto na torre e aconselhamento de que não tinha condição psicológica para saltar, no momento do seu primeiro salto, acordou para a sua realidade, tentando, no momento mais crucial de sua vida, abortar o seu salto na hora errada, desenganchando-se dentro do avião, no instante em que sua equipe saía pela porta, sendo levado de roldão por outros alunos, que também estavam dando seu primeiro salto.
→ A primeira, que levou o Sgt Scepaniuk a inventar o pino de segurança, achando que o gancho, ao bater no final do cabo de ancoragem, abriu acidentalmente, não inflando o paraquedas do Sd Pestana (Peçanha), que, por estar apagado no ar, não abriu seu paraquedas reserva.
→ A segunda interpretação é que o Sd Pestana, por insucessos anteriores: reprovação de salto na torre e aconselhamento de que não tinha condição psicológica para saltar, no momento do seu primeiro salto, acordou para a sua realidade, tentando, no momento mais crucial de sua vida, abortar o seu salto na hora errada, desenganchando-se dentro do avião, no instante em que sua equipe saía pela porta, sendo levado de roldão por outros alunos, que também estavam dando seu primeiro salto.
Conclusão final:
De qualquer forma, ao presumir
que o Sd Pestana tenha sofrido um acidente pela abertura do gancho que vai no
cabo de ancoragem, Scepaniuk foi para o falso avião, na Área de Estágios,
jogando várias vezes um falso cabo para o fundo do citado avião, até que um
deles se abriu. Se isso acontecesse num salto real, e se o aluno fosse
inexperiente, ele não teria lucidez suficiente para acionar o punho do seu
paraquedas reserva, ocasionando, por isso, sua morte.
O falso avião onde Scepaniuk provou que
o gancho poderia abrir ao bater no fundo de uma aeronave.
Soldado Pedro Antônio Pestana,
sua morte não foi em vão, pois, de maneira estranha, ela contribuiu para que
fosse adotada uma norma de segurança no gancho da fita de abertura para que se
salvassem vidas em possíveis acidentes num salto de paraquedas semiautomáticos.
Nilo da Silva Moraes
Acima, uma foto rara, do início dos anos 50, na ZL de Gramacho-RJ,
de um gancho sem pino de segurança.
Acima, o Cap Casemiro
Scepaniuk. Pioneiro 44,
e, abaixo, o seu invento: o pino “Chipanique”,
a cordinha que evitava a abertura do gancho.
e, abaixo, o seu invento: o pino “Chipanique”,
a cordinha que evitava a abertura do gancho.
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