Aghata Christie
Várias pessoas são convidadas a irem à mansão situada numa ilha. Lá
chegando, percebem que estão à mercê de um desconhecido. Um a um, vão sendo
eliminados de diferentes maneiras. E, cada vez que ocorre uma morte, desaparece
uma das estatuetas negras que enfeitam a sala do casarão. Quem afinal os
convidara e as mantém sob constante ameaça? Por que estão ali e quem parece
tê-las condenado à morte?
Apavorados, os
sobreviventes de cada crime nada podem fazer. Assistem às cenas terríveis que
vão ocorrendo e tecem hipóteses sobe esses fatos que ameaçam suas próprias
vidas. É o que acontece depois da noite do general Macarthur, um dos
prisioneiros da ilha.
Sinopse
Dez pessoas diferentes
recebem um mesmo convite para passar um fim de semana na remota Ilha do
Soldado. Na primeira noite, após o jantar, elas ouvem uma voz acusando cada uma
de um crime oculto cometido no passado. Mortes inexplicáveis e inescapáveis
então se sucedem. E a cada convidado eliminado, também desaparece um dos
soldadinhos que enfeitam a mesa de jantar. Quem poderia saber dos dez crimes
distintos? Quem se arvoraria em seu juiz e carrasco? Como escapar da próxima
execução?
O Gen. Macarthur fora depositado na sua cama.
Depois de fazer um derradeiro exame,
Armstrong deixou o quarto e desceu a escada. Encontrou os outros reunidos na
sala de estar.
Miss Brent fazia tricô. Vera
Claythorne estava junto da porta envidraçada, olhando a chuva que fustigava os
vidros. Blore conservava-se teso na sua cadeira, com as mãos pousadas nos
joelhos. Lombard caminhava irrequieto de um lado para outro. E, no fundo da
peça, o Juiz Wargrave estava sentado numa bergère, com os olhos
semicerrados.
Quando o doutor entrou, o juiz abriu
os olhos e disse numa voz clara e penetrante:
− Então, doutor? Armstrong estava
muito pálido.
− Nada de colapso cardíaco ou coisa
parecida − disse ele. − Macarthur foi golpeado na nuca com uma soqueira ou
outra arma desse gênero.
Um pequeno murmúrio deu volta à sala,
mas a voz clara do juiz impôs-se mais uma vez.
− Achou a arma que foi usada?
− Não.
− Contudo, está seguro do que afirma?
− Seguríssimo.
O Juiz Wargrave falou em tom tranquilo.
− Agora sabemos exatamente onde estamos.
Já não havia dúvida sobre quem tomara
conta da situação. Durante a manhã Wargrave ficara encolhido na sua cadeira, no
terraço, abstendo-se de toda atividade exterior. Agora, assumia o comando com a
facilidade nascida de um longo hábito de autoridade. Passara a presidir
francamente os trabalhos do tribunal.
O magistrado compôs o peito e tornou
a assumir a palavra.
− Esta manhã, cavalheiros, enquanto
ficava sentado no terraço, estive observando as suas atividades. Pouca dúvida
podia haver quanto ao propósito que os animava. Revistaram a ilha em busca de
um assassino desconhecido?
− Exatamente, senhor − disse Philip
Lombard. O juiz continuou:
− Os senhores chegaram, sem dúvida, à
mesma conclusão que eu. Isto é, que as mortes de Anthony Marston e da Sra.
Rogers não foram acidentais, nem foram suicídios. Sem dúvida também chegaram a
uma conclusão positiva quanto ao propósito do Sr. Owen em nos atrair a esta
ilha.
Blore exclamou em voz rouca:
− É um louco! Um tarado!
O juiz tossiu.
− Isso é quase certo, mas pouco afeta
o caso. Nossa maior preocupação é esta: salvar nossas vidas.
Armstrong atalhou em voz trêmula:
− Não há ninguém nesta ilha,
afirmo-lhe. Ninguém! Wargrave afagou o queixo e respondeu com brandura:
− No sentido que tem em mente, não.
Cheguei a essa conclusão hoje de manhã. Poderia ter dito aos senhores que sua
busca seria infrutífera. Não obstante, inclino-me pela opinião de que o
"Sr. Owen" (para lhe dar o nome que ele próprio adotou) está
efetivamente na ilha. Muito efetivamente. Dado o plano em apreço, e que não é
mais nem menos do que a execução da justiça sobre determinados indivíduos por
crimes que estão fora da alçada da lei, só havia um meio de pôr esse plano em prática. O Sr. Owen só
podia vir à ilha de um modo.
“A coisa está perfeitamente clara. O
Sr. Owen é um de nós...”
Tradução de Leonel Vallandro.
Obra editada pela Editora Globo e pela Abril Cultural
Mas tudo gira envolta de um poema
Obra editada pela Editora Globo e pela Abril Cultural
Mas tudo gira envolta de um poema
Dez negrinhos vão jantar enquanto não chove;
Um deles se engasgou e então ficaram nove.
Nove negrinhos sem dormir: não é biscoito!
Um deles cai no sono, e então ficaram oito.
Oito negrinhos vão a Devon de charrete;
Um não quis mais voltar, e então ficaram sete.
Sete negrinhos vão rachar lenha, mas eis
Que um deles se corta, e então ficaram seis.
Seis negrinhos de uma colmeia fazem brinco;
A um pica uma abelha, e então ficaram cinco.
Cinco negrinhos no foro, a tomar os ares;
Um ali foi julgado, e então ficaram dois pares.
Quatro negrinhos no mar; a um tragou de vez.
O arenque defumado, e então ficaram três.
Três negrinhos passeando no Zoo. E depois?
O urso abraçou um, e então ficaram dois.
Dois negrinhos brincando ao sol, sem medo algum;
Um deles se queimou, e então ficou só um.
Um negrinho aqui está a sós, apenas um;
Ele então se enforcou, e não ficou nenhum.
Aghata Christie nasceu na
Inglaterra em 1891 e morreu em 1976. Coloca-se entre os mais populares
escritores do gênero policial em todo o mundo. Entre seus romances, muitos
deles adaptados para o cinema, destacam-se “Assassinato no Expresso Oriente”,
“A Morte no Espelho”, “Cai o Pano” e “O Caso dos Dez Negrinhos”.
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