sexta-feira, 26 de agosto de 2016

A árvore petrificada do Parque Farroupilha



Foto: Cesar Cárdia

Num dos maiores parques de Porto Alegre, Parque Farroupilha, há uma atração geológica que pouquíssima gente vê: um belo tronco de árvore fossilizado, exposto junto a um dos principais caminhos daquele parque.

Como a estrutura e a textura da madeira estão bem preservadas, apesar dos 200 milhões de anos de idade, e não há nada que identifique o fóssil, quem vê julga tratar-se do resto de uma árvore que morreu ali mesmo.

A árvore petrificada do Parque Farroupilha (Redenção), em Porto Alegre, já conta placa com informações prometida pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam). O equipamento explicará que o fóssil tem 200 milhões de anos e convidará o visitante a ir até o orquidário para conferir os dados completos, contidos em um banner no local. A Smam ainda não decidiu se realizará alguma solenidade para apresentar a novidade à população.

O tronco que aparece na foto acima não é o único exemplar na Redenção. Seu aparecimento é um mistério, mas se estima que tenha sido trazido de Mata ou São Pedro do Sul, cidades famosas por suas árvores fossilizadas. Com a proibição de retirada desse material é recente nos municípios, não se descarta que tenham sidos levados para Porto Alegre irregularmente no passado.

Pessoas* que visitaram a Redenção há muitos anos, relatam ter notada a presença dos fósseis em décadas antigas.

* Uma testemunha disse que teria visto a colocação do tronco petrificado no parque em 1982. Eu mesmo já tinha visto esse troco, que se localiza ao lado do lago da Redenção, perto da atual cafeteria (hoje desativada) desde criança, na década de 50. Nota-se claramente que se trata de um tronco com a consistência de uma pedra. As pessoas que passam por ele, não percebem que ali está algo muito antigo de nossa cidade: um fóssil de 200 milhões de anos!


Pedaços da pré-história que repousam no Parque Farroupilha (Redenção), em Porto Alegre, deixarão de passar despercebidos até o próximo mês. Serão identificados quatro exemplares de troncos petrificados datados de pelo menos 200 milhões de anos atrás e que, de maneira inexplicada, vieram parar em uma das áreas verdes mais movimentadas da Capital.

Enquanto vivo, o maior tronco, localizado junto ao laguinho do parque, era um vicejante Araucarioxylon sp., parente muito antigo dos pinheiros atuais. Naquele período remoto, o que havia de terra firme no planeta ainda formava uma só massa, chamada de Pangeia. Quando os vegetais morreram, algumas condições se cumpriram para que se tornassem pedra. Possivelmente, foram soterradas antes de apodrecer e, ao longo de séculos, a celulose foi sendo substituída, molécula após molécula, por sílica.

O que resultou está à mostra hoje na Redenção, mas poucos percebem. Empenhado na luta pelo reconhecimento dos fósseis, o geólogo Pércio de Moraes Branco resolveu, em agosto passado, comprovar a obscuridade das peças. Postou-se em um banco em frente ao laguinho. Contou a passagem de 150 adultos pelo local. Nenhum olhou para o exemplar pré-histórico.

– É um exemplo de descaso com o patrimônio geoturístico. Em um dos maiores parques da cidade, há uma atração geológica que pouquíssima gente vê: um belo tronco de árvore fossilizado – disse.

Doação das peças e sua origem estão inexplicadas

O geólogo Pércio Branco levou a questão dos fósseis à prefeitura da Capital em 2004, ao propor a criação de uma placa de identificação para o tronco do laguinho durante a Semana de Ciência e Tecnologia. Foi orientado a entregar sua proposta a um engenheiro. Assim o fez, mas afirmou que nunca obteve resposta.

Em agosto do ano passado, Branco recebeu a informação de um geólogo da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam) de que seria criado um banner explicativo sobre os fósseis, a ser colocado no Orquidário. O tempo passou e nada foi feito. Até que, este mês, a Smam confirmou que as peças serão sinalizadas até junho (2012). O atraso ocorreu porque a parceria com uma universidade não se concretizou, explicou a assessoria de imprensa da Smam.

É certo que os quatro fósseis não são de antigas árvores que morreram na área que viria a se tornar o Parque da Redenção. De onde vieram, então? Os exemplares teriam sido doados há mais de 25 anos. Segundo a Smam, a origem mais provável é o município de Mata, no centro do Rio Grande do Sul, famoso por ser o berço de árvores petrificadas. Não há, porém, registro oficial de sua procedência. A lembrança da doação acabou se perdendo no tempo. Espalhados pelo parque, aos poucos os fósseis também acabaram sendo esquecidos. Agora, enfim, serão apresentados à população.


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