Foto: Cesar Cárdia
Num dos maiores parques de Porto
Alegre, Parque Farroupilha, há uma atração geológica que pouquíssima gente vê:
um belo tronco de árvore fossilizado, exposto junto a um dos principais
caminhos daquele parque.
Como a estrutura e a textura da
madeira estão bem preservadas, apesar dos 200 milhões de anos de idade, e não
há nada que identifique o fóssil, quem vê julga tratar-se do resto de uma
árvore que morreu ali mesmo.
A árvore petrificada do Parque
Farroupilha (Redenção), em
Porto Alegre , já conta placa com informações prometida pela
Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam). O equipamento explicará que o
fóssil tem 200 milhões de anos e convidará o visitante a ir até o orquidário
para conferir os dados completos, contidos em um banner no local. A Smam ainda
não decidiu se realizará alguma solenidade para apresentar a novidade à
população.
O tronco que aparece na foto acima
não é o único exemplar na Redenção. Seu aparecimento é um mistério, mas se
estima que tenha sido trazido de Mata ou São Pedro do Sul, cidades famosas por
suas árvores fossilizadas. Com a proibição de retirada desse material é recente
nos municípios, não se descarta que tenham sidos levados para Porto Alegre
irregularmente no passado.
Pessoas* que visitaram a Redenção há
muitos anos, relatam ter notada a presença dos fósseis em décadas antigas.
* Uma testemunha disse que teria
visto a colocação do tronco petrificado no parque em 1982. Eu mesmo já tinha
visto esse troco, que se localiza ao lado do lago da Redenção, perto da atual
cafeteria (hoje desativada) desde criança, na década de 50. Nota-se claramente
que se trata de um tronco com a consistência de uma pedra. As pessoas que
passam por ele, não percebem que ali está algo muito antigo de nossa cidade: um
fóssil de 200 milhões de anos!
Pedaços da pré-história que repousam
no Parque Farroupilha (Redenção), em Porto Alegre , deixarão de passar despercebidos
até o próximo mês. Serão identificados quatro exemplares de troncos
petrificados datados de pelo menos 200 milhões de anos atrás e que, de maneira
inexplicada, vieram parar em uma das áreas verdes mais movimentadas da Capital.
Enquanto vivo, o maior tronco, localizado junto ao laguinho do parque, era um vicejante Araucarioxylon sp., parente muito antigo dos pinheiros atuais. Naquele período remoto, o que havia de terra firme no planeta ainda formava uma só massa, chamada de Pangeia. Quando os vegetais morreram, algumas condições se cumpriram para que se tornassem pedra. Possivelmente, foram soterradas antes de apodrecer e, ao longo de séculos, a celulose foi sendo substituída, molécula após molécula, por sílica.
O que resultou está à mostra hoje na
Redenção, mas poucos percebem. Empenhado na luta pelo reconhecimento dos
fósseis, o geólogo Pércio de Moraes Branco resolveu, em agosto passado,
comprovar a obscuridade das peças. Postou-se em um banco em frente ao laguinho.
Contou a passagem de 150 adultos pelo local. Nenhum olhou para o exemplar
pré-histórico.
– É um exemplo de descaso com o patrimônio geoturístico. Em um dos maiores parques da cidade, há uma atração geológica que pouquíssima gente vê: um belo tronco de árvore fossilizado – disse.
– É um exemplo de descaso com o patrimônio geoturístico. Em um dos maiores parques da cidade, há uma atração geológica que pouquíssima gente vê: um belo tronco de árvore fossilizado – disse.
Doação das peças e
sua origem estão inexplicadas
O geólogo Pércio Branco levou a questão dos fósseis à prefeitura da Capital em 2004, ao propor a criação de uma placa de identificação para o tronco do laguinho durante a Semana de Ciência e Tecnologia. Foi orientado a entregar sua proposta a um engenheiro. Assim o fez, mas afirmou que nunca obteve resposta.
Em agosto do ano passado, Branco
recebeu a informação de um geólogo da Secretaria Municipal do Meio Ambiente
(Smam) de que seria criado um banner explicativo sobre os fósseis, a ser
colocado no Orquidário. O tempo passou e nada foi feito. Até que, este mês, a
Smam confirmou que as peças serão sinalizadas até junho (2012). O atraso
ocorreu porque a parceria com uma universidade não se concretizou, explicou a
assessoria de imprensa da Smam.
É certo que os quatro fósseis não são
de antigas árvores que morreram na área que viria a se tornar o Parque da
Redenção. De onde vieram, então? Os exemplares teriam sido doados há mais de 25
anos. Segundo a Smam, a origem mais provável é o município de Mata, no centro
do Rio Grande do Sul, famoso por ser o berço de árvores petrificadas. Não há,
porém, registro oficial de sua procedência. A lembrança da doação acabou se
perdendo no tempo. Espalhados pelo parque, aos poucos os fósseis também
acabaram sendo esquecidos. Agora, enfim, serão apresentados à população.
Nenhum comentário:
Postar um comentário