segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Alma de Bolicheiro


Leonel Gomez


Sou bolicho*, pulperia,
Venda e casa de negócio.
Verdadeiro sacerdócio,
Farmácia e perfumaria.

Me chamam templo campeiro
Do velho pago lendário.
Meu balcão confessionário,
Meu sacerdote oculteiro.

Fui o primeiro entreposto
Dentro do solo pampiano
Entra ano e passa ano
E eu nunca paguei imposto. (bis)

Bolicheiro, bolicheiro,
bolicheiro de campanha,
Me bota um trago de canha
Pra mata meu desespero.

Bolicheiro, perdi o rumo
E a memória já me falha.
Me vende um maço de palha.
Me vende um palmo de fumo.

Bolicheiro, eu nem apeio,
Me dá uma vela depressa.
Vou pagar uma promessa
Pro negro do pastoreio.

Bolicheiro, bolicheiro,
Eu vou ver a namorada.
Me traz uma flor colorada
E um frasco de água de cheiro.

Fui o primeiro entreposto
Dentro do solo pampiano.
Entra ano e passa ano
E eu nunca paguei imposto. (bis)

Bolicheiro, bolicheiro, 
bolicheiro de campanha,
Me bota um trago de canha
Pra mata meu desespero.

Bolicheiro, perdi o rumo
E a memória já me falha.
Me vende um maço de palha,
Me vende um palmo de fumo.

* boliche (ou bolicho) o mesmo que bodega. Pequeno armazém de secos e molhados. Bolicheiro, aquele que explora um boliche. O mesmo que bodegueiro. Variação bolichero.

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