Chove.
A natureza está chorando
E atirou lágrimas na minha
janela.
Nós dois estamos tristes,
pessimistas.
Por certo as causas não serão
as mesmas.
Os pingos, vagarosos como
lesmas,
Lambem itinerários na
vidraça.
Um dedo de cachaça pra ver se
a chuva passa!
E ela não veio.
E, com esse tempo, creio, me
dará o bolo.
E eu aqui dentro, preso como
um tolo.
Minha vontade é acabar com a
vida:
Revólver, formicida, qualquer
coisa, afinal,
Que me perfure ou me
corroa... mas não doa!
Eta mulherzinha à-toa, sem
moral, sem palavra, cretinaça!
Dois dedos de cachaça pra ver
se a chuva passa!
Formicida eu não tomo, é
morte arcaica.
Não conheço coisa mais
prosaica
Que um sujeito mandar para a
barriga
Uma fórmula de química
estrutura
Que os que protegem a nossa
agricultura
Só inventaram para matar
formiga.
Pra que eu exale o último
suspiro,
Nada melhor, mais rápido, que
um tiro:
Com um balaço na parte
abdominal,
Eu promovo a mixórdia
visceral
Capaz de me arrancar dessa
desgraça.
Seis dedos de cachaça pra ver
se a chuva passa!
E ela não veio.
Porém, não é por vergonha,
amor-próprio,
Doença ou honestidade.
Não! Que ingenuidade!
Ela não vem de maldade, de
pirraça!
Dez dedos de cachaça pra ver
se a chuva passa!
E passou! Passou a chuva, de
repentemente.
Ela vem por aí, naturalmente,
Com uma mentira pronta pra
mentir,
Mas eu não quero mais, de
modo algum.
Mas a chuva passou e ela não
tarda.
E, assim que ela chegar, irei
de mão armada,
Pois não posso conter minha
revolta.
Um copo de cachaça pra ver se
a chuva volta!
E ela não vem.
Mas ela quem?
Eu não marquei encontro com
ninguém!
Que faz na minha frente o
formicida,
Por que na minha mão esse
trabuco?
Um litro de cachaça pra
deixar de ser maluco!
Texto de Max Nunes
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