(Toca o telefone, homem dá um pulo e atende.)
‒ Alô!
‒ É o meu gatinho, não é?
‒ Hummm é você, Peçanha?
‒ Pe-ça-nha? Sou eu, meu boneco...
‒ Claro que reconheci sua voz, Peçanha! O que é que manda,
meu velho?
‒ Augusto, você não está ouvindo,
tem linha cruzada, o que é que está havendo? Sou eu... Paulette!
‒ Você tem que entender, Peçanha, que...
‒ ...ah, já entendi, a chata da mulher do meu gatinho está
aí...
‒ ... era exatamente isso que eu ia dizer!
‒ Ou seja, que a gente não vai mais poder sairzinho por aí,
né?
‒ Peçanha, meu caro, a gente tem de adiar esse negócio!
‒ Você quer que eu ligue mais tarde, queridinho?
‒ Não, Peçanha, essas coisas não podem ser feitas assim.
Amanhã a gente conversa melhor.
‒ Que pena, eu aqui esperando o
meu gatinho com um uisquinho geladinho, olha só o barulho do gelinho no copo...
‒ É, a mercadoria deve ser de primeira mesmo!
‒ Quer que sua gatinha ligue amanhã para o escritório?
‒ Acho melhor você ir até lá, pessoalmente. Amanhã
conversamos.
‒ Então um beijíssimo pra você... e um chute nessa chata da
sua mulher!
(Desliga o telefone e
fala pra mulher.):
‒ Era o Peçanha...
‒ Você já disse. Mas era alguma coisa importante, pelo
jeito.
‒ Nem tanto, mas é interessante,
uma mercadoria de firma estrangeira que nós vamos vender e ganhar comissão em
cima... o Peçanha não faz nada sem me consultar, bacana isso... de vez em
quando ele aparece lá no escritório, coitado, e ele mora longe à beça...
(Toca a campainha,
ela vai até a porta.)
‒ Boa noite, dona Margarida!
‒ Boa noite... que surpresa!
‒ O Augusto está? Eu ia passando
aqui por perto, resolvi dar uma subidinha, faz tempo que não falo com ele...
com licença.
‒ Vamos lá para a sala. O Augusto vai adorar essa sua
visita!
(Os dois vão para a
sala, a mulher anuncia.):
‒ Augustinho querido... olha só quem veio nos fazer uma
surpresa!
(Ele, arregalando os
olhos.):
‒ Peçanha!
*****
(Texto de Sérgio
Porto para o programa Alô Doçura,
com Eva Wilma e John Herbert)
com Eva Wilma e John Herbert)
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