Executivo 1 ‒ Investi, especulei,
apliquei, corrompi, me esbaldei. Mas agora que estou rico sinto um vazio
estranho assim no fundo da minha alma, lá no fundo do coração... sei lá...
entende?
Executivo 2 ‒ Deixe de bobagem.
Aproveite. Todos sabem que nós, os executivos financeiros, não temos alma, nem
coração, essas bobagens metafísicas. E depois, devemos ver as coisas pelo lado
positivo. Ser executivo no Brasil é ser otimista!
Executivo 1 ‒ Pois é, mas pra
ganhar tanto dinheiro, criei milhares de inimizades, dilapidei fortunas
alheias, criei desemprego, recessão. O Brasil vai ter outra década perdida!
Executivo 2 ‒ Veja pelo lado
positivo, cara, se esta for mesmo outra década perdida a sua mulher não vai
precisar fazer plástica tão cedo. Você pode alegar que se todos, inclusive ela,
perderão 10 anos de suas vidas. Ninguém vai precisar de plástica. Ela que vive
gastando com operação!... Pense só no que vai economizar de Pintanguy!*
O dois riem, trocam tapinhas nas
costas, continuam andando ou voltam a fazer o que quer que estivessem fazendo
antes.
*Quando ainda operava e estava
vivo
Marco, na revista
Bundas n° 4 – julho de 1999.
Os abomináveis homens de gelo
‒ Você é
técnico do Ministério da Fazenda?
‒ Sim.
‒ Sabia que
a política econômica fez a minha pequena empresa falir?
‒ A
quebradeira já era previsível.
‒ Me fez
tirar os filhos da escola, perder o crédito, vender o carro...
‒ Esse
aperto já era previsto.
‒ Hipotequei
casa, empenhei joias... até rádio-relógio eu vendi!
‒ Tudo isso
já era previsto.
‒ Sou um
homem à beira de um infarto!
‒ Bem... aí
já não é da minha área! ‒ Tome o cartão de um técnico do Ministério da Saúde!
De um cartum do
Angeli – em revista
Bundas n° 8, de agosto de 1999.
Diálogo rápido
Amigo:
‒ Oi, Macedo! Como vai você?
‒ Mais ou menos... minha mulher me
deixou, perdi o emprego, tive de hipotecar minha casa, entrei no cheque
especial, não consegui pagar a hipoteca, perdi a casa, roubaram meu carro, meu
seguro de saúde teve mensalidade atrasada, fui punido com perda de proteção e
comecei a sentir os mais variados sintomas, estresse, cálculos nos rins,
ciática, artrite, gota, unha encravada, vista cansada, torcicolo... resolvi,
então, procurar um analista da linha freudiana-primal-yunguiana, que me
aconselhou a sair de dentro de mim mesmo, olhar em volta... olhei. Vi mendigos,
assaltantes, corruptos, traficantes, e, para culminar, vi Joaquim Roriz* na TV,
“explicando” por que sua polícia mata e dizendo que acabou com o programa
bolsa-família, criado por Cristóvão Buarque porque “os pais compravam cachaça
com o dinheiro que recebiam”, entrei e depressão e...
Amigo:
‒ E no mais tudo bem?
*No tempo em que
Roriz foi governador do Distrito Federal.
(Texto de uma charge
de Claudius na revista Bundas, dezembro de 1999)
Patroa X Empregada
Patroa:
‒
Sebastiana! Esse jantar sai hoje?
‒ Sai não, Dona Charlotte. A inflação
está de volta porque existe uma pressão especulativa em cima dos preços e como
a senhora se recusa a aumentar o meu salário, não me interessa mais como empregadora,
falô?
Patroa:
‒ A terceira via ainda nem foi
asfaltada e já vêm essas domésticas emergentes ultrapassando os limites de
velocidade.
(Texto de uma charge
de Miguel Paiva na revista Bundas,
dezembro de 1999)
dezembro de 1999)
Inflação
Filho:
‒ A inflação
desceu do telhado.
Mãe
(correndo):
‒ Meu Deus! É
sinal que o seu pai subiu no telhado!
(De uma charge de
Nani na revista Bundas, dezembro 1999)
Nenhum comentário:
Postar um comentário