Como era a vizinhança do livro “O Cortiço”?
Conheça as principais figuras do clássico de Aluísio
Azevedo.
Por Nina Rahe
Ilustra Shiko
1) O amor enlouquece:
→ Jerônimo e sua mulher, Piedade,
ficavam no quartinho 35. Sua força e caráter o tornaram respeitado na pedreira
onde trabalhava, logo atrás do cortiço. Mas sua vida virou do avesso após ver
Rita dançar. Apaixonado, passou a beber pinga, começou a gastar mais do que
devia e, no fim, abandonou a esposa e a filha para ficar com a baiana.
2) Vocação para sogra:
→ A viúva Dona Isabel, da casa
15, sacrificou tudo para educar Pombinha e casá-la com João da Costa, um moço
do comércio. Assim, esperava reconquistar sua antiga posição social. A mãe só
deixou a menina subir ao altar após a primeira menstruação, que demorou a
chegar. Mas a união foi curta: Pombinha traiu o marido, foi expulsa de casa e
acabou prostituta.
3) Pintou sujeira:
→ Outra história chocante rolou
no número 12, onde morava a mulata Marciana. Ela era obcecada em limpar a casa,
mas enlouqueceu de vez quando sua bela filha, Florinda, de apenas 15 anos,
engravidou de um funcionário da venda de João Romão. Ele não assumiu e a menina
fugiu de casa depois de apanhar da mãe. Marciana acabou expulsa do cortiço.
4) O que é que a baiana tem?
→ No número 9 morava Rita Baiana.
Bonita e boa de samba, ela era amante do capoeirista Firmo, mas também
conquistou o coração do vizinho, o português Jerônimo. Na disputa pelo amor da
mulata, Firmo feriu o lusitano com uma navalha. Mas, depois de um tempo,
Jerônimo conseguiu se recuperar e matou o rival em uma emboscada.
5) Vizinhos e rivais:
→ Miranda era o antagonista de
João Romão. Morava no sobrado ao lado da venda, e aos poucos foi assistindo a
seu imóvel ser cercado pelo cortiço. O negociante prezava o status acima de
tudo – casou-se com Dona Estela pelo dote e não sabia se era mesmo pai de sua
filha, Zulmirinha. Por isso, tinha certa inveja do modo como Romão enriqueceu e
de sua relação com Bertoleza.
6) A fogueira da bruxa:
→ Paula era uma cabocla velha
conhecida como Bruxa. Em parte, porque era feia, grossa, com olhos desvairados
e dentes ameaçadores. Mas também porque era capaz de curar problemas de pele e
febres com rezas e bênçãos. Queria incendiar o cortiço e conseguiu na segunda
tentativa. João Romão teve que reconstruir o espaço, que se tornou grandioso e
aristocrático.
7) O dono do lugar:
→ João Romão começou seu
“império” ao herdar a taverna em que trabalhou por 12 anos. Depois, num leilão,
adquiriu as terras atrás de sua taverna e ergueu três casinhas. Foi o início do
cortiço. Ele usou a grana de Bertoleza para “expandir o negócio” (e também era
dono de uma pedreira, atrás do cortiço). Como adorava dar calote, mas sabia
cobrar dívidas, enriqueceu ainda mais. Quando quis subir na vida, livrou-se de
Bertoleza para tentar casar com Zulmirinha.
8) Eternamente escrava:
→ Para se libertar de seu dono, a
escrava Bertoleza passou anos juntando 20 mil réis. Mas foi enganada por seu
amante, João Romão: o português lhe deu uma falsa carta de alforria e usou a
grana para ampliar a venda. E isso porque a coitada fazia de tudo por ele: trabalhava
de manhã até tarde da noite, cuidando da loja e da casa que eles dividiam.
Romance: O Cortiço
Autor: Aluísio Azevedo
(1857-1913)
Lançamento: 1890
Gênero: Romance naturalista
(Do Blog: Mundo
Estranho)
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