O Rio de Janeiro é reconhecido como
uma das cidades mais fotografadas do mundo. Isso vem desde os primórdios da
fotografia até os dias de hoje, em plena era digital. Unindo passado e presente
na arte do registro da imagem, a cidade recebeu, com a presença da prefeita de
Paris, Anne Hidalgo, na última sexta-feira (dia 12.08.2016), na Praça XV, o
Monumento à Primeira Fotografia feita na América do Sul. Oferecido ao Rio pela
prefeitura de Paris, o monumento faz parte do programa de comemoração dos 200
anos da Missão Artística Francesa no Brasil. A imagem acima, do Paço Imperial,
é atribuída ao francês Louis Comte e foi obtida durante a demonstração do novo
invento – na época denominado daguerreotipia –, no dia 17 de janeiro de 1840, e
noticiada pelo Jornal do Commercio, então principal diário carioca, na sua
edição vespertina.
No dia 20 de janeiro daquele ano, o
invento foi apresentado ao jovem imperador do Brasil Dom Pedro II, que se
tornou o primeiro fotógrafo brasileiro. Louis Comte era capelão de um
navio-escola francês e aportou no Rio de Janeiro apenas de passagem, mas deixou
o povo brasileiro e especialmente o imperador Dom Pedro II encantados com o
resultado de suas fotografias. Dois meses depois da demonstração de Comte, em
março de 1840, Dom Pedro II adquiriu seu primeiro daguerreótipo, tornando-se o
maior divulgador da arte no país e o primeiro fotógrafo brasileiro, com apenas
15 anos de idade.
A principal imagem registrada foi o
daguerreótipo do Paço Imperial, que agora compõe o monumento ali instalado. Ele
simboliza a primeira imagem de processo fotográfico produzida na América do Sul
e uma das primeiras em toda a história da fotografia. Aparecem, com nitidez, um
grupo de soldados; no fundo, à esquerda, a torre da Capela Imperial; ao centro,
a sineira provisória da Ordem Terceira do Monte do Carmo; à direita, o Hotel de
France.
A iniciativa teve curadoria de
Milton Guran e design de Jair de Souza e Ado Azevedo. “A Praça XV é, historicamente,
o maior espaço de construção da nossa nacionalidade, e o monumento,
simbolicamente, destaca a importância da fotografia na construção da nossa
identidade. Ainda mais nos tempos de hoje, quando todos produzem imagem o tempo
todo”, afirma o fotógrafo Milton Guran. O daguerreótipo consiste numa imagem
fixada sobre uma placa de cobre com um banho de prata, formando uma superfície
espelhada. Trata-se de imagens únicas, fixadas diretamente sobre a placa final,
sem o uso de negativo.
O monumento possui altura de dois
metros e tem estrutura em aço escovado e vidro laminado autolimpante. A
fotografia e o texto estão impressos nas duas faces do marco. O piso circular
em granito preto, com sinalizadores em aço para deficientes visuais, estabelece
uma área nobre sem criar impacto de volumetria. O projeto teve patrocínio da
Alstom, empresa francesa que atua no Brasil há 60 anos e é líder mundial em
sistemas ferroviários. O novo monumento está localizado no centro do Rio, em
área revitalizada para os Jogos Olímpicos de 2016.
(Do Almanaque Gaúcho
de Zero Hora)
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