quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Primeira fotografia na América do Sul



O Rio de Janeiro é reconhecido como uma das cidades mais fotografadas do mundo. Isso vem desde os primórdios da fotografia até os dias de hoje, em plena era digital. Unindo passado e presente na arte do registro da imagem, a cidade recebeu, com a presença da prefeita de Paris, Anne Hidalgo, na última sexta-feira (dia 12.08.2016), na Praça XV, o Monumento à Primeira Fotografia feita na América do Sul. Oferecido ao Rio pela prefeitura de Paris, o monumento faz parte do programa de comemoração dos 200 anos da Missão Artística Francesa no Brasil. A imagem acima, do Paço Imperial, é atribuída ao francês Louis Comte e foi obtida durante a demonstração do novo invento – na época denominado daguerreotipia –, no dia 17 de janeiro de 1840, e noticiada pelo Jornal do Commercio, então principal diário carioca, na sua edição vespertina.

No dia 20 de janeiro daquele ano, o invento foi apresentado ao jovem imperador do Brasil Dom Pedro II, que se tornou o primeiro fotógrafo brasileiro. Louis Comte era capelão de um navio-escola francês e aportou no Rio de Janeiro apenas de passagem, mas deixou o povo brasileiro e especialmente o imperador Dom Pedro II encantados com o resultado de suas fotografias. Dois meses depois da demonstração de Comte, em março de 1840, Dom Pedro II adquiriu seu primeiro daguerreótipo, tornando-se o maior divulgador da arte no país e o primeiro fotógrafo brasileiro, com apenas 15 anos de idade.

A principal imagem registrada foi o daguerreótipo do Paço Imperial, que agora compõe o monumento ali instalado. Ele simboliza a primeira imagem de processo fotográfico produzida na América do Sul e uma das primeiras em toda a história da fotografia. Aparecem, com nitidez, um grupo de soldados; no fundo, à esquerda, a torre da Capela Imperial; ao centro, a sineira provisória da Ordem Terceira do Monte do Carmo; à direita, o Hotel de France.

A iniciativa teve curadoria de Milton Guran e design de Jair de Souza e Ado Azevedo. “A Praça XV é, historicamente, o maior espaço de construção da nossa nacionalidade, e o monumento, simbolicamente, destaca a importância da fotografia na construção da nossa identidade. Ainda mais nos tempos de hoje, quando todos produzem imagem o tempo todo”, afirma o fotógrafo Milton Guran. O daguerreótipo consiste numa imagem fixada sobre uma placa de cobre com um banho de prata, formando uma superfície espelhada. Trata-se de imagens únicas, fixadas diretamente sobre a placa final, sem o uso de negativo.

O monumento possui altura de dois metros e tem estrutura em aço escovado e vidro laminado autolimpante. A fotografia e o texto estão impressos nas duas faces do marco. O piso circular em granito preto, com sinalizadores em aço para deficientes visuais, estabelece uma área nobre sem criar impacto de volumetria. O projeto teve patrocínio da Alstom, empresa francesa que atua no Brasil há 60 anos e é líder mundial em sistemas ferroviários. O novo monumento está localizado no centro do Rio, em área revitalizada para os Jogos Olímpicos de 2016.


(Do Almanaque Gaúcho de Zero Hora)



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