Foto da Revista “O
Cruzeiro”, de 17 de maio de 1952,
retirada do livro “O
Império de Papel – Os Bastidores de O Cruzeiro”,
de Accioly Netto –
Editora Sulina.
O texto abaixo foi
tirado do livro “Cobras Criadas”,
de Luiz Maklouf
Carvalho, da Editora SENAC.
↓
Disco Voador na Barra da Tijuca
“Disco Voador na Barra da Tijuca”. a
maior fraude da história de O Cruzeiro,
entrou como encarte “Extra” na edição de 17 de maio de 1952 – sem chamada na
capa e sem inclusão no índice da página 2, indicações de que ficou pronta na
última hora, quando grande parte da revista já havia sido impressa.
A foto da abertura é a panorâmica de
um objeto cilíndrico voando sobre a Pedra da Gávea. Embaixo, no canto direito,
as fotos de Ed Keffel e João Martins, de terno e gravata. No canto esquerdo, a
legenda: “Fantástico mas real! O disco voador sobrevoando a Pedra da Gávea,
vendo-se a sua parte interna”. Abaixo do título, a explicação:
O Cruzeiro apresenta um fato
jornalístico espetacular, a mais sensacional documentação jamais conseguida
sobre o mistério dos discos voadores. O estranho objeto veio do mar, com enorme
velocidade, e foi visto durante um minuto – Cor cinza-azulado, absolutamente
silencioso, sem deixar rastros de fumaça ou de chamas – Relato completo da
fascinante aparição na Barra da Tijuca.
João Martins conta que, no começo da
tarde de 7 de maio, ele e Keffel chegaram à Barra da Tijuca -
então uma praia quase deserta -, com o objetivo de fazer uma reportagem sobre
“os pares amorosos que por lá se refugiavam. Tomaram um barquinho para a Ilha
dos Amores e por lá almoçaram camarões, no bar de Antônio Teixeira.
Levantaram-se algumas vezes, para apreciar as acrobacias de uma esquadrilha da
Força Aérea Brasileira.
Entre quatro e quatro e meia da
tarde, sentados na areia, tiveram a atenção despertada “por um objeto que se
movia no ar, ao lado do sol”.
Esse objeto, à distância,
assemelhava-se a um avião visto de frente: mas o extraordinário era esse
“avião”, que parecia voltado para nós, movia-se de lado, num a velocidade
tremenda. Vinha diretamente do oceano para a terra, perpendicularmente à rota
dos aviões comerciais. Falei para o meu companheiro: “Bata, Keffel!”
O Cruzeiro, 17.05.1952
Mais cinquenta anos depois, ainda há
quem defenda a fraude como verdadeira. É o caso de Flávio Damm, Accioly e Zé
Amádio, os dois últimos por assumida co-autoria, e o primeiro por uma questão
de amizade a Ed Keffel. Os demais, entre os ouvidos, têm explicações variadas.
Mário
Moraes:
Eles foram atrás do Prestes, que
estava foragido. Fui eu que atendi o telefonema do João Martins. Eles foram
bons atores, mas depois fuçou provado que foi uma fraude. O Leão encomendou um laudo
técnico ao perito Carlos Éboli. Ele comprovou a farsa mostrando que havia duas
sombras – e, portanto, dois Sóis, o que não poderia acontecer.
Jorge
Audi:
Totalmente falso, um tiro que saiu
pela culatra. Eu era amigo pessoal do Carlos Éboli, o melhor cara de polícia
técnica no Brasil. Ele me contou, pessoalmente, que o Leão Gondim pediu uma
perícia nos negativos. A primeira coisa que ele descobriu é que havia dois
Sóis: um à esquerda, outro à direita. esse laudo foi entregue para o leão, que
ficou puto e enfiou na gaveta. O Éboli me mostrou o laudo. Era uma coisa
grande, com várias páginas.
O Keffel era um gênio da técnica
fotográfica no laboratório. Na época em que não havia foto colorida, ele
conseguia dar cor, só com reação química. Uma vez, João Martins me contou que o
negócio tinha sido uma brincadeira e que depois eles não conseguiram segurar.
Ligaram lá da Barra para o diretor, só que o Amádio botou a boca no mundo.
Quando eles chegaram à redação já havia um aparato, e eles tiveram que bancar.
Eu acredito que o Keffel fotografou o objeto no laboratório, rebobinou o filme
e depois fotografou a paisagem por cima.
Millôr
Fernandes:
Não tenho a menor dúvida de que foi
uma fraude. O Keffel e o Martins começaram a se atirar em busca de coisas
extravagantes. O clima de fantasia criado pelo David Nasser e pelo Manzon
permitia isso, a revista incentivava. O Keffel era um bom técnico. Eles foram
para a Barra por conta própria. Atiraram calotas, fotografaram e avisam a redação.
Iam explicar a coisa toda para o leão, mas quando chegaram lá a direção, com
aquela leviandade toda, já tinha avisado a imprensa. O clima estava criado e
não tiveram como recuar.
Resumo
Os diretores da revista "O
Cruzeiro", tendo em vista que a vendagem estava baixa e que também estava
na moda o assunto disco voador, resolveram preparar uma "bomba", para
assim aumentar a vendagem. Posteriormente, iriam divulgar como a fraude foi
realizada, mostrando assim que é muito fácil fraudar fotos de discos voadores.
Só que jamais iriam imaginar que os militares, comandados pelo cel. João Adil
de Oliveira, iriam se interessar pelas fotos e pior, acabaram dando
autenticidade às mesmas. Assim, tendo em vista os rumos que tomaram o caso,
resolveram "sustentar" a grande farsa.
Infelizmente, a Ufologia brasileira
começou com essa grande fraude. Seria esse também o motivo da Ufologia não
decolar?
Eng. Claudeir Covo é
ufólogo e presidente do INFA
Nenhum comentário:
Postar um comentário