Quando as mães contemplam o filhinho
no berço, o pensamento voa para o futuro; veem a sua criança nas sucessivas
transformações da idade: a candura dos primeiros anos; a curiosidade da
infância; a alegria, a inquietude da puberdade; os devaneios da juventude. As
mães perguntam:
“Como será
ele aos dez anos? Que fisionomia terá aos quinze? E quando apontar a barba, e
quando atingir o esplendor da beleza e da força? Será belo? Será bom? Será
afetuoso?”
E, intimamente,
conjeturam:
“Pobrezinho! Encontrará, talvez, no
caminho da vida, asperezas, ingratidões, grosserias, injustiças,
brutalidades... Quem sabe se não conhecerá inimigos cruéis e traidores abjetos?
Quem sabe se não curtirá privações, não terá dias amargos e turvos? Quantos
procurarão humilhá-lo, com gestos bruscos ou frases sutis, com gargalhada
sarcástica ou riso cortante de ironia? Iluminar-se-á de desilusões e
tristezas?”
Todos esses pensamentos crescem nos
corações das mães, humanas e ingênuas, quando embalam os filhinhos, cantando
suas cantigas. Ele é tão pequenino e indefeso; ela defende-o, e protege-o e
morrerá pela sua criança querida, se algum perigo ameaçar o tenro ser.
Balançando o berço, a mãe sente-se forte contra tudo e contra todos...
“Dorme, dorme, meu filhinho, que
mamãe vela por ti...”
(Do livro “Vida de
Jesus”, de Plínio Salgado)
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