Origem dos Termos Chimangos e Maragatos
Maragatos em 1923,
sob o comando de Honório Lemes,
o “Leão do Caverá”.
o “Leão do Caverá”.
Maragato
O termo tinha uma conotação
pejorativa atribuída pelos legalistas aos revoltosos liderados por Gaspar
Silveira Martins, que deixaram o exílio, no Uruguai, e entraram no RS à frente
de um exército.
Como o exílio havia ocorrido em
região do Uruguai colonizada por pessoas originárias da Maragateria (na
Espanha), os republicanos apelidaram-nos de "maragatos", buscando caracterizar
uma identidade "estrangeira" aos federalistas.
Com o tempo, o termo perdeu a
conotação pejorativa e assumiu significado positivo, aceito e defendido pelos
federalistas e seus sucessores políticos.
O lenço Vermelho
identificava o Maragato.
Chimango
A grafia
pode ser ximango. Ave de rapina, falconídea, semelhante ao carcará.
Epíteto depreciativo dado aos
liberais moderados pelos conservadores, no início da Monarquia brasileira. No Rio
Grande do Sul, nos anos de 1920, foi a alcunha dada pelos federalistas aos
governistas do PRR.
O lenço de cor
Branca identificava os Chimangos.
História do Rio
Grande do Sul
Telmo Remião Moure
Editora FTD S.A
Telmo Remião Moure
Editora FTD S.A
Maragato
Denominação dada ao revolucionário ou
partidário da revolução rio-grandense de 1893, adepto do credo político pregado
por Gaspar da Silveira Martins e adversário do partido então dominante,
chefiado por Júlio Prates de Castilhos. Revolucionário ou partidário da
revolução rio-grandense de 1923, adepto do partido liderado por Joaquim
Francisco de Assis Brasil e contrário a Antônio Augusto Borges de Medeiros,
governador do Estado. Federalista.
“Na província de León, Espanha,
existe uma comarca denominada Maragateria, cujos habitantes têm o nome de
maragatos, e, que, segundo alguns, são um povo de costumes condenáveis; pois,
vivendo a vagabundear de um ponto a outro, com cargueiros, vendendo e comprando
roubos e por sua vez roubando principalmente animais; é uma espécie de ciganos.
Aos naturais da cidade de São José,
no Estado Oriental do Uruguai, dão neste país o nome de maragatos, talvez
porque os seus primeiros habitantes fossem descendentes de maragatos espanhóis.
Pelo fato de os rebeldes em suas excursões irem levantando e conduzindo todos
os animais que encontravam, tendo apenas bagagens ligeiras, cargueiros, etc.
Como os da Maragateria e porque (com exceções) suspendiam com o que encontravam
em suas correrias, aplicou-se-lhes aquela denominação, que, aliás, eles
retribuíram com outras não menos delicadas aos republicanos, a despeito da
correção em geral observada por estes em toda a luta.” (Romaguera).
“Ainda hoje (l897), que 11 séculos
são decorridos, os maragatos constituem um nódulo distinto no meio da população
lionesa. São ainda os bérberes antigos: usam a cabeça raspada, com uma mecha de
cabelo na parte posterior; falam uma linguagem que não é bem castelhana, a qual
apresenta uma pronúncia arrastada, dura e lenta, e são geralmente arredios.”
(Oliveira Martins, apud Vocábulo Sul-Rio-Grandense, P.A., Globo, 1964, p. 289).
Trouxera consigo, além do irmão
Aparício, um grupo de maragatos do Departamento de São José, nome por que eram
conhecidos os imigrantes de certa região da Espanha, e, que, pelo prestígio do
chefe, se estendeu a todos os rebeldes da Revolução Federalista e até,
posteriormente, a qualquer adversário da situação castilhista do Rio Grande.”
(Arthur Ferreira Filho, Revoluções e Caudilhos, 2a ed., Passo Fundo, p. 34).
“J. F. de Assis Brasil, o velho líder
político maragato, lança "A Atitude do Partido Democrático Nacional na
Crise do Sucesso Presidencial do Brasil", um trabalho que merece ser lido
e meditado" (Pedro Leite Villas-Bôas, Um Quarto de Século de Literatura
Rio-Grandense ‒ 1929-1954", in Revista da Academia Rio-Grandense de
Letras, n° 9 I, P.A., 1980, p. 125).
“Velho tropeiro Vicente,
que amas tuas origens...
fibra de velhas raízes,
em solo duro e ingrato.
Teimoso remanescente
duma raça em extinção...
És caudilho maragato
sem armas nem munição,
peleando valentemente
na defesa deste chão!”
que amas tuas origens...
fibra de velhas raízes,
em solo duro e ingrato.
Teimoso remanescente
duma raça em extinção...
És caudilho maragato
sem armas nem munição,
peleando valentemente
na defesa deste chão!”
(Cardo Bravo, Rebeldia, poema)
Chimango
Alcunha dada no Rio Grande do Sul aos
partidários do governo na revolução de 1923. Ave de rapina muito comum na
campanha rio-grandense, parecida com o carcará, porém menor do que este.
Dicionário de
Regionalismos do Rio Grande do Sul
Zeno Cardoso Nunes e Rui Cardoso Nunes
Zeno Cardoso Nunes e Rui Cardoso Nunes
Do Blog Página do Gaúcho
Federalistas
→ Maragatos
→ Lenço Vermelho;
→ Líder Gaspar Silveira Martins;
→ Defendiam a instalação de um
regime Parlamentarista;
→ Paz assinada em 1895.*
|
Republicanos
→ Chimangos ou Picapaus
→ Lenço Branco;
→ Líder Júlio de Castilhos;
→ Defendiam um Presidencialismo forte, centralizador;
→ Estavam com Floriano Peixoto.
|
*Voltariam a lutar em 1923. (Assis Brasil – Maragato X
Borges de Medeiros ‒ Chimango)
Gaspar Silveira Martins
Júlio de Castilhos
Maragatos x Chimangos
Uma disputa mortal
Eduardo Bueno
Maragatos e Chimangos foram a campo
enfrentar-se pela primeira vez em 11 de fevereiro de 18 93, no combate do
Salsinho, nos arredores de Bagé. Mas o ódio era mútuo e ancestral, fruto do confronto
entre duas tendências políticas que há tempos rachava o Rio Grande. Já houve
historiador que tenha se arriscado a dizer que o Estado dividia-se entre “uma
Baviera liberal e uma Prússia autoritária”. Embora nem sempre seja fácil saber
quem era o que naquele conflito de caudilhos, a luta entre maragatos e
chimangos foi travada entre os partidários de Gaspar Silveira Martins e os
seguidores de Júlio de Castilhos – e nada mais era do que um reflexo do choque
entre o antigo regime monarquista e a nova ordem republicana.
Chamavam-se “maragatos” os
federalistas de Silveira Martins, partidários de um regime parlamentarista à
inglesa. O apelido fora dado pelos republicanos castilhistas para insinuar que
os rebeldes eram mercenários estrangeiros, pois o termo “maragato” designava
imigrantes espanhóis radicados no Uruguai, oriundos da província da
Maragateria. Como os maragatos julgavam-se descendentes dos berberes – porque,
“como eles amavam com deleite o cavalo, a tenda e a lança” ‒ o pejorativo foi
adotado como distintivo de honra.
Não se pode dizer que os republicanos
de Castilhos – favoráveis ao regime presidencialista de cunho positivista –
tenham se identificado com a alcunha que lhes imputaram os maragatos:
“chimango” é uma ave comedora de carniça. A bem da verdade, durante os
terríveis confrontos da Revolução Federalista de 1893 – a maior guerra civil da
história do Brasil - os chimangos eram mais conhecidos como “pica-paus”. Embora
ninguém saiba ao certo a origem do apelido, ele com certeza também foi tomado
como ofensa pelos castilhistas.
Evidentemente não foi a guerra de
nomes, nem a de cores – os maragatos usavam lenço colorado; os chimangos ou
pica-paus, divisas brancas – que alimentou o ódio mortal entre as duas facções.
Mas o fato é que muito se matou e muito se morreu ao longo de dois anos pelos
quais o conflito ensangüentou o pampa. Boa parte das dez mil vítimas foi morta
por degola: um golpe de faca na carótida; forma rápida, silenciosa e barata de
matar. Se o s chimangos degolaram antes e mais do que os maragatos –
dando-lhes, além do lenço, “uma gravata colorada”, os maragatos logo decidiram
que não valia a pena ”gastar pólvora com chimango”. (...)
Fonte: Correio do
Povo – 18/09/2003
Título original: O
Gre-Nal do século. Século XIX
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