Baruch Spinoza, um filósofo judeu
holandês (1632 a
1677), desenvolveu suas ideias a respeito das Escrituras Sagradas e da natureza
de Deus.
Pode-se imaginar, na época em que
foram divulgadas, as críticas e a comoção
que essas ideias geraram.
As
autoridades judaicas o excomungaram, quando tinha 23 anos.
Spinoza muda seu nome de Baruch
(abençoado) para Benedito de Spinoza. Também ficou conhecido como Bento
Spinoza.
A Igreja
Católica colocou seus livros no “Índice de Livros Proibidos”.
O monumento feito em homenagem a
Spinoza, em Haia foi assim comentado por Renan em 1882:
“Maldição sobre o passante que
insultar essa suave cabeça pensativa. Será punido como todas as almas vulgares
são punidas – pela sua própria vulgaridade e pela incapacidade de conceber o
que é divino. Este homem, do seu pedestal de granito, apontará a todos o
caminho da bem-aventurança por ele encontrado; e por todos os tempos o homem
culto que por aqui passar dirá em seu coração: Foi quem teve a mais profunda
visão de Deus”.
Deus segundo Spinoza (1632 a 1677)
Para de ficar rezando e
batendo no peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes
de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o
que Eu fiz para ti.
Para de ir a esses
templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser
a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos,
nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.
Para de me culpar da
tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um
pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente que Eu te
dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não
me culpes por tudo o que te fizeram crer.
Para de ficar lendo
supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num
amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho...
Não me encontrarás em nenhum livro! Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais
me dizer como fazer meu trabalho?
Para de ter tanto medo
de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te
castigo. Eu sou puro amor.
Para de me pedir
perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz... Eu te enchi de paixões, de
limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de
livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? Como
posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez? Crês que eu poderia
criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo
resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?
Esquece qualquer tipo
de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular,
para te controlar, que só geram culpa em ti. Respeita teu
próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que
prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.
Esta vida não é uma
prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio
para o paraíso. Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas.
Eu te fiz absolutamente
livre. Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva
um placar. Ninguém leva um registro. Tu és absolutamente livre para fazer da
tua vida um céu ou um inferno.
Não te poderia dizer se
há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não o
houvesse. Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de
existir. Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei.
E se houver, tem
certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te
perguntar se tu gostaste, se te divertiste... Do que mais gostaste? O que
aprendeste?
Para de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que
acredites em mim. Quero
que me sintas em ti. Quero
que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha,
quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.
Para de louvar-me! Que
tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Aborrece-me que me louvem. Cansa-me
que agradeçam. Tu te sentes grato?
Demonstra-o cuidando de
ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo. Sentes-te olhado,
surpreendido?... Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.
Para de complicar as
coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza
é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas.
Para que precisas de mais milagres? Para que tantas explicações?
Não me procures fora!
Não me acharás. Procura-me dentro de ti, nos outros, nas coisas e,
sobretudo, nas relações que vives. Aí é que estou, sempre estarei, abraçado
contigo.
Bento de Espinoza (também
Benedito Espinoza; em hebraico: ברוך שפינוזה, tradução: Baruch Spinoza) (24 de
novembro de 1632, Amsterdã - 21 de fevereiro de 1677, Haia) foi um dos grandes racionalistas
do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna, juntamente com René
Descartes e Gottfried Leibniz. Nasceu em Amsterdã, nos Países Baixos, no seio
de uma família judaica portuguesa e é considerado o fundador do criticismo bíblico
moderno.
A sua família fugiu da Inquisição
de Portugal. Foi um profundo estudioso da Bíblia, do Talmude e de obras de
judeus como Maimónides, Ben Gherson, Ibn Ezra, Hasdai Crescas, Ibn Gabirol, Moisés
de Córdoba e outros. Também se dedicou ao estudo de Sócrates, Platão, Aristóteles,
Demócrito, Epicuro, Lucrécio e também de Giordano Bruno.
Ganhou fama pelas suas posições
de panteísmo (Deus, natureza naturante) e do monismo neutro, e ainda devido ao
fato da sua ética ter sido escrita sob a forma de postulado e definições, como
se fosse um tratado de geometria.
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