domingo, 11 de setembro de 2016

Uma letra bizarra da Música Popular Brasileira


(feita para uma morta)

Depois da Vida

(Nélson Cavaquinho - Guilherme de Brito)

Passei a mocidade esperando dar-te um beijo,
Sei que agora é tarde, mas matei o meu desejo.
É pena que os lábios gelados como os teus
Não sintam o calor que eu conservei nos lábios meus.

No teu funeral estás tão fria assim,
Ai de mim, e dos beijos meus.
Eu te esperei, minha querida,
Mas só te beijei depois da vida.

Ele não driblou a tristeza


No ano em que completaria 100 anos, Nelson Cavaquinho foi enredo da Mangueira. Sambista era boêmio e sua arte, melancólica.

Soldado da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Nelson Cavaquinho largava seu cavalo para ir tomar um trago com os amigos, entre os quais, Cartola. Isso acontecia quase todas as tardes. Certo dia voltou do bar e a montaria não estava lá. De volta ao quartel, deu de cara com o bicho pastando e com os seus superiores, furiosos de raiva pela irresponsabilidade do soldado adolescente, que mais tarde se tornaria um gênio indomável do samba.

Nascido em 29 de outubro de 1911, Nélson Antônio da Silva foi um irremediável boêmio. Tivesse nascido escritor, seria parceiro de Álvares de Azevedo (1831-1852) – expoente da segunda geração do romantismo brasileiro – e dividiria com ele a angústia e melancolia de uma vida inteira. Ao menos em sua arte.



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