domingo, 30 de outubro de 2016

Carpano, um fazendeiro das antigas.



Desenho de Marcelo Lopes de Lopes

Depois de uma reunião de ruralistas em Porto Alegre, o repórter entrevistou Carpano. Por razões não reveladas, a matéria, afinal, não foi publicada. Era esta:

P – Como o senhor descreveria a situação atual da pecuária rio-grandense?

R – Mais maltratada que sovaco de aleijado. Se merda fosse manteiga, le garanto que nenhum de nós estaria comendo pão seco.

P – E como vê o senhor o futuro de nosso Estado?

R – Negro como pensamento de china desprezada, feio que nem galope de vaca e mais difícil que nadar de poncho.

P – E tem solução para o problema?

R – Pues, claro. Só não tem jeito mulher falsa, cachorro puto e fantasma. Além da morte, é claro.

P – O que acha da moratória aos ruralistas?

R – Inevitável como tesão de mijo.

P – E o governo federal?

R – Apesar de mais informado que gerente de funerária, incomoda como pulga em fundilho.

P – E os contatos com os altos escalões, como foram?

R – Uma charla da classe conservadora com a classe conversadora...

P – Particularmente, como o senhor se sente?

R – Quente que nem frigideira sem cabo. Em resumo: puto da cara!

  (Do livro “Anedotário da Rua da Praia 3”
de Renato Maciel de Sá Júnior)


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