Desenho de Marcelo Lopes de Lopes
Depois de uma reunião de ruralistas em Porto Alegre , o
repórter entrevistou Carpano. Por razões não reveladas, a matéria, afinal, não
foi publicada. Era esta:
P – Como o senhor descreveria a situação atual da pecuária
rio-grandense?
R – Mais maltratada que sovaco de
aleijado. Se merda fosse manteiga, le garanto que nenhum de nós estaria comendo
pão seco.
P – E como vê o senhor o futuro de nosso Estado?
R – Negro como pensamento de
china desprezada, feio que nem galope de vaca e mais difícil que nadar de
poncho.
P – E tem solução para o problema?
R – Pues, claro. Só não tem jeito mulher falsa, cachorro
puto e fantasma. Além da morte, é claro.
P – O que acha da moratória aos ruralistas?
R – Inevitável como tesão de mijo.
P – E o governo federal?
R – Apesar de mais informado que gerente de funerária,
incomoda como pulga em fundilho.
P – E os contatos com os altos escalões, como foram?
R – Uma charla da classe conservadora com a classe
conversadora...
P – Particularmente, como o senhor se sente?
R – Quente que nem frigideira sem cabo. Em resumo: puto da
cara!
de Renato Maciel de Sá Júnior)
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