1. No hino brasileiro aparecem
várias palavras referindo-se à bandeira. A origem da bandeira é muito antiga. Os
romanos usavam molho de palha nas pontas das lanças para marcar sua presença.
Na Idade Média o uso das bandeiras e insígnias generalizou-se. Os cavaleiros,
para serem reconhecidos, usavam distintivos na armadura ou nos elmos com que
cobriam a cabeça. Os cruzados colocavam panos coloridos nas pontas de hastes
para se identificarem.
2. Os símbolos mais usados eram:
o pendão, bandeira armada em vara
atravessadas horizontalmente sobre o mastro (“Salve lindo pendão da
esperança...” hino à bandeira); a bandeira
real, só desfraldada na hora do combate; o guião, sinal peculiar do príncipe ou do senhor; o lábaro ou estandarte, bandeira que indicava a presença do rei, e o gonfalão, bandeira de guerra com três ou
quatro pontas pendentes.
Leia o nosso hino na ordem direta. Procure
cantar a letra abaixo com a sua música oficial. Será possível?
As margens
plácidas do Ipiranga ouviram
o brado
retumbante de um povo heroico,
e o sol da
liberdade brilhou nesse instante,
em raios
fúlgidos no céu da pátria.
Se
conseguirmos conquistar com braço forte
o penhor dessa
igualdade,
o nosso peito
desafia, em teu seio, ó liberdade,
a própria
morte.
Salve! Salve!
Ó pátria amada
idolatrada.
Brasil, um
sono intenso, um raio vívido
de amor e de
esperança desce à terra,
se a imagem do
Cruzeiro resplandece
em teu formoso
céu risonho e límpido.
Gigante pela
própria natureza,
és belo, és
forte (és) impávido colosso,
e essa
grandeza espelha o teu futuro.
Brasil, ó
pátria amada,
és tu terra
adorada
entre outras
mil!
Brasil, pátria amada,
és mãe gentil dos filhos deste
solo!
Ó Brasil, florão da América,
fulguras, deitado eternamente em
berço esplêndido,
(fulguras) ao som do mar,
(fulguras) à luz do céu profundo,
(fulguras) iluminado ao sol do Novo
Mundo!
Teus campos lindos (e) risonhos
têm mais flores
do que a terra mais garrida,
no teu seio, nossos bosques têm
mais vida,
e nossa vida (tem) mais amores.
Salve! Salve!
Ó pátria amada, idolatrada.
Brasil, o lábaro que ostentas
estrelado
seja símbolo de amor eterno
e o verde-louro dessa flâmula
diga:
paz no futuro e glória no
passado.
Mas, se ergues a clava forte da
justiça,
verás que um filho teu não foge à
luta;
(verás que) quem te adora, não
teme a própria morte.
Brasil, ó pátria amada,
és tu, terra adorada entre mil
outras.
Brasil, pátria amada,
és mãe gentil dos filhos deste
solo.
As margens plácidas do Ipiranga
ouviram o brado retumbante de um povo heroico, e, nesse instante, o sol da
Liberdade brilhou, em raios fúlgidos, no céu da Pátria.
Se conseguimos conquistar com
braço forte o penhor desta igualdade, em teu seio, ó Liberdade, o nosso peito
desafia a própria morte!
Ó Pátria amada, idolatrada, salve! salve!
Brasil, se a imagem do Cruzeiro
resplandece em teu céu formoso, risonho e límpido, um sonho intenso, um raio
vívido de amor e de esperança desce à terra.
És belo, és forte, impávido
colosso, gigante pela própria natureza, e o teu futuro espelha essa grandeza.
Ó Pátria amada, Brasil, [apenas] tu, entre outras mil
[terras], és terra adorada!
Pátria amada, Brasil, és mãe gentil dos filhos deste solo!
Ó Brasil, florão da América,
deitado eternamente em berço esplêndido, ao som do mar e à luz do céu profundo,
fulguras iluminado ao sol do Novo Mundo!
Teus campos lindos, risonhos, têm
mais flores do que a terra mais garrida; [e assim como] "nossos bosques
têm mais vida," [também] "nossa vida" no teu seio [tem]
"mais amores".
Ó Pátria amada...
Brasil, o lábaro estrelado que
ostentas seja símbolo de amor eterno, e o verde-louro dessa flâmula diga: ‒ Paz
no futuro e glória no passado.
Mas, se ergues a clava forte da
justiça, verás que um filho teu não foge à luta, quem te adora não teme nem a
própria morte.
Glossário
Margens plácidas →
"Plácida" significa serena, calma. Esse é o tom desses versos. Ao
contrário do hino de outras nações, o nosso não fala em guerras.
Ipiranga → É o riacho junto ao
qual D. Pedro I teria proclamado a independência. O Ipiranga nasce junto ao
zoológico da cidade de São Paulo.
Brado retumbante → Grito forte, que provoca eco.
Penhor → Usado de maneira
figurada, "penhor desta igualdade" é a garantia, a segurança de que
haverá liberdade.
Imagem do Cruzeiro resplandece →
O "Cruzeiro" é a constelação do Cruzeiro do Sul, que brilha, ou
resplandece, no céu.
Impávido colosso →
"Colosso" é o nome de uma estátua de enormes dimensões. Estar
"impávido" é estar tranquilo, calmo.
Mãe gentil → A "mãe
gentil" é a pátria. Um país que ama e defende seus "filhos", os
brasileiros, como qualquer mãe.
Florão →- "Florão" é um
ornato em forma de flor usado nas abóbadas de construções grandiosas. O Brasil
seria o ponto mais importante e vistoso da América.
Garrida → Enfeitada, que chama a atenção pela beleza.
Lábaro → "Lábaro" era um antigo estandarte usado
pelos romanos. Aqui é sinônimo de bandeira.
Clava forte → Clava é um grande
porrete, usado no combate corpo-a-corpo. No verso, significa mobilizar um
exército, entrar em guerra.
10 curiosidades sobre o hino nacional brasileiro
01. Em 1831, Dom Pedro anunciou
que estava deixando o trono de imperador do Brasil para seu filho, e que
voltaria a Portugal. Foi a oportunidade que o músico Francisco Manuel da Silva
estava esperando para apresentar sua composição. Ele colocou a letra de um
verso do desembargador Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva, e o hino foi cantado
pela primeira vez no dia 13 de abril de 1831, na festa de despedida de Dom
Pedro I. Durante algum tempo, porém, a música teve o nome de "Hino 7 de
Abril", data do anúncio da abdicação.
03. Para comemorar a coroação de
Dom Pedro II, em 1841, o hino recebeu novos versos, de um autor desconhecido.
Por determinação do novo imperador, a música passou a ser considerada o Hino do
Império, e deveria ser tocada todas as vezes em que ele se apresentasse em
público, em solenidades civis e militares. Era também tocada no exterior sempre
que o imperador estivesse presente. Francisco Manuel ficou bastante famoso.
Recebeu vários convites para dirigir, fundar e organizar instituições musicais.
Mas o Brasil continuava com um hino sem letra.
04. Quando a República foi
proclamada, em 1889, o governo provisório resolveu fazer um concurso para
escolher um novo hino. Procurava-se algo que se enquadrasse no espírito
republicano.
05. Primeiro, escolheram um poema
de Medeiros e Albuquerque que tinha sido publicado no jornal Diário do Comércio
do Rio de Janeiro em 26 de novembro de 1889. É aquele que começa com o verso
"Liberdade, Liberdade, abre as asas sobre nós". A letra se encontrava
à disposição dos maestros que quisessem musicá-la. No primeiro julgamento, no
dia 4 de janeiro de 1890, 29 músicos apresentaram seus hinos.
07. O mais aplaudido foi o do
maestro Miguez, que também foi escolhido pela Comissão Julgadora. O presidente
Deodoro e quatro ministros deixaram o camarote oficial e voltaram em seguida. Foi então
que o ministro do Interior, Aristides Lobo, leu o decreto que conservava a
música de Francisco Manuel da Silva como hino nacional. Mesmo sem a partitura,
a orquestra tocou a música e a plateia delirou.
08. Como prêmio de consolação, a
obra de Medeiros e Albuquerque e de Leopoldo Miguez ficou conhecida como o Hino
da Proclamação da República. Só que o problema persistia: o Brasil tinha um
hino sem letra. Mas, se a música já era tão bonita, por que precisava de uma
letra? A resposta é simples: por mais que alguém se habitue a uma música, se
ela não tiver letra, fica mais difícil de ser memorizada.
09. Só em 1909 é que apareceu o
poema de Joaquim Osório Duque Estrada. Ainda não era oficial. Tanto que, sete
anos depois, ele foi obrigado a fazer 11 modificações na letra. Duque Estrada
ganhou 5 contos de réis, dinheiro suficiente para comprar metade de um carro. O
presidente Epitácio Pessoa declarou a letra oficial no dia 6 de setembro de
1922, um dia antes do centenário da Independência. Como Francisco Manoel já
tinha morrido em 1865, o maestro cearense Alberto Nepomuceno foi chamado para
fazer as adaptações na música. Finalmente, depois de 91 anos, nosso hino estava
pronto!
10. É desrespeito bater palmas
durante a execução do Hino Nacional Brasileiro. De acordo com o Artigo 30
da Lei nº 5.700, de 1º de setembro de 1971, “durante a execução do Hino
Nacional, todos devem tomar atitude de respeito, de pé e em silêncio, os civis
do sexo masculino com a cabeça descoberta e os militares em continência”. O
parágrafo único do mesmo Artigo ressalta ainda que “é vedada qualquer outra
forma de saudação”. Não há, no entanto, nenhuma lei que proíba esse tipo de
manifestação após a execução do Hino.
(Guia dos Curiosos)
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