terça-feira, 18 de outubro de 2016

Curiosidades sobre o Hino Nacional Brasileiro



1. No hino brasileiro aparecem várias palavras referindo-se à bandeira. A origem da bandeira é muito antiga. Os romanos usavam molho de palha nas pontas das lanças para marcar sua presença. Na Idade Média o uso das bandeiras e insígnias generalizou-se. Os cavaleiros, para serem reconhecidos, usavam distintivos na armadura ou nos elmos com que cobriam a cabeça. Os cruzados colocavam panos coloridos nas pontas de hastes para se identificarem.

2. Os símbolos mais usados eram: o pendão, bandeira armada em vara atravessadas horizontalmente sobre o mastro (“Salve lindo pendão da esperança...” hino à bandeira); a bandeira real, só desfraldada na hora do combate; o guião, sinal peculiar do príncipe ou do senhor; o lábaro ou estandarte, bandeira que indicava a presença do rei, e o gonfalão, bandeira de guerra com três ou quatro pontas pendentes.

3. A sequência lógica em que estão colocados os termos das orações no texto facilita a compreensão de sua mensagem. A letra do hino nacional, por exemplo, possui muitas inversões na ordem desses termos, recurso comum na poesia.

Leia o nosso hino na ordem direta. Procure cantar a letra abaixo com a sua música oficial. Será possível?

As margens plácidas do Ipiranga ouviram
o brado retumbante de um povo heroico,
e o sol da liberdade brilhou nesse instante,
em raios fúlgidos no céu da pátria.
Se conseguirmos conquistar com braço forte
o penhor dessa igualdade,
o nosso peito desafia, em teu seio, ó liberdade,
a própria morte.
Salve! Salve!
Ó pátria amada
idolatrada.
Brasil, um sono intenso, um raio vívido
de amor e de esperança desce à terra,
se a imagem do Cruzeiro resplandece
em teu formoso céu risonho e límpido.
Gigante pela própria natureza,
és belo, és forte (és) impávido colosso,
e essa grandeza espelha o teu futuro.

Brasil, ó pátria amada,
és tu terra adorada
entre outras mil!

Brasil, pátria amada,
és mãe gentil dos filhos deste solo!
Ó Brasil, florão da América,
fulguras, deitado eternamente em berço esplêndido,
(fulguras) ao som do mar, (fulguras) à luz do céu profundo,
(fulguras) iluminado ao sol do Novo Mundo!

Teus campos lindos (e) risonhos têm mais flores
do que a terra mais garrida,
no teu seio, nossos bosques têm mais vida,
e nossa vida (tem) mais amores.
Salve! Salve!
Ó pátria amada, idolatrada.
Brasil, o lábaro que ostentas estrelado
seja símbolo de amor eterno
e o verde-louro dessa flâmula diga:
paz no futuro e glória no passado.
Mas, se ergues a clava forte da justiça,
verás que um filho teu não foge à luta;
(verás que) quem te adora, não teme a própria morte.
Brasil, ó pátria amada,
és tu, terra adorada entre mil outras.
Brasil, pátria amada,
és mãe gentil dos filhos deste solo.

As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico, e, nesse instante, o sol da Liberdade brilhou, em raios fúlgidos, no céu da Pátria.

Se conseguimos conquistar com braço forte o penhor desta igualdade, em teu seio, ó Liberdade, o nosso peito desafia a própria morte!

Ó Pátria amada, idolatrada, salve! salve!

Brasil, se a imagem do Cruzeiro resplandece em teu céu formoso, risonho e límpido, um sonho intenso, um raio vívido de amor e de esperança desce à terra.

És belo, és forte, impávido colosso, gigante pela própria natureza, e o teu futuro espelha essa grandeza.

Ó Pátria amada, Brasil, [apenas] tu, entre outras mil [terras], és terra adorada!

Pátria amada, Brasil, és mãe gentil dos filhos deste solo!

Ó Brasil, florão da América, deitado eternamente em berço esplêndido, ao som do mar e à luz do céu profundo, fulguras iluminado ao sol do Novo Mundo!

Teus campos lindos, risonhos, têm mais flores do que a terra mais garrida; [e assim como] "nossos bosques têm mais vida," [também] "nossa vida" no teu seio [tem] "mais amores".

Ó Pátria amada...

Brasil, o lábaro estrelado que ostentas seja símbolo de amor eterno, e o verde-louro dessa flâmula diga: ‒ Paz no futuro e glória no passado.

Mas, se ergues a clava forte da justiça, verás que um filho teu não foge à luta, quem te adora não teme nem a própria morte.

Terra adorada...


Glossário

Margens plácidas → "Plácida" significa serena, calma. Esse é o tom desses versos. Ao contrário do hino de outras nações, o nosso não fala em guerras.

Ipiranga → É o riacho junto ao qual D. Pedro I teria proclamado a independência. O Ipiranga nasce junto ao zoológico da cidade de São Paulo.

Brado retumbante → Grito forte, que provoca eco.

Penhor → Usado de maneira figurada, "penhor desta igualdade" é a garantia, a segurança de que haverá liberdade.

Imagem do Cruzeiro resplandece → O "Cruzeiro" é a constelação do Cruzeiro do Sul, que brilha, ou resplandece, no céu.

Impávido colosso → "Colosso" é o nome de uma estátua de enormes dimensões. Estar "impávido" é estar tranquilo, calmo.

Mãe gentil → A "mãe gentil" é a pátria. Um país que ama e defende seus "filhos", os brasileiros, como qualquer mãe.

Florão →- "Florão" é um ornato em forma de flor usado nas abóbadas de construções grandiosas. O Brasil seria o ponto mais importante e vistoso da América.

Garrida → Enfeitada, que chama a atenção pela beleza.

Lábaro → "Lábaro" era um antigo estandarte usado pelos romanos. Aqui é sinônimo de bandeira.

Clava forte → Clava é um grande porrete, usado no combate corpo-a-corpo. No verso, significa mobilizar um exército, entrar em guerra.

10 curiosidades sobre o hino nacional brasileiro

01. Em 1831, Dom Pedro anunciou que estava deixando o trono de imperador do Brasil para seu filho, e que voltaria a Portugal. Foi a oportunidade que o músico Francisco Manuel da Silva estava esperando para apresentar sua composição. Ele colocou a letra de um verso do desembargador Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva, e o hino foi cantado pela primeira vez no dia 13 de abril de 1831, na festa de despedida de Dom Pedro I. Durante algum tempo, porém, a música teve o nome de "Hino 7 de Abril", data do anúncio da abdicação.

02. A letra de Ovídio Saraiva foi considerada ofensiva pelos portugueses. Eles foram chamados até de "monstros". Por isso, não demorou muito para que ela fosse rejeitada. No entanto, a partir de 1837, a partitura de Francisco Manuel da Silva começou a ser executada em todas as solenidades públicas.

03. Para comemorar a coroação de Dom Pedro II, em 1841, o hino recebeu novos versos, de um autor desconhecido. Por determinação do novo imperador, a música passou a ser considerada o Hino do Império, e deveria ser tocada todas as vezes em que ele se apresentasse em público, em solenidades civis e militares. Era também tocada no exterior sempre que o imperador estivesse presente. Francisco Manuel ficou bastante famoso. Recebeu vários convites para dirigir, fundar e organizar instituições musicais. Mas o Brasil continuava com um hino sem letra.

04. Quando a República foi proclamada, em 1889, o governo provisório resolveu fazer um concurso para escolher um novo hino. Procurava-se algo que se enquadrasse no espírito republicano.

05. Primeiro, escolheram um poema de Medeiros e Albuquerque que tinha sido publicado no jornal Diário do Comércio do Rio de Janeiro em 26 de novembro de 1889. É aquele que começa com o verso "Liberdade, Liberdade, abre as asas sobre nós". A letra se encontrava à disposição dos maestros que quisessem musicá-la. No primeiro julgamento, no dia 4 de janeiro de 1890, 29 músicos apresentaram seus hinos.

06. A Comissão Julgadora selecionou quatro para a finalíssima. No dia 15 de janeiro, numa sessão em homenagem ao Marechal Deodoro no Teatro Santana, perguntaram ao novo presidente se ele estava ansioso pela escolha do novo hino. Ele disse: "Prefiro o velho".

07. O mais aplaudido foi o do maestro Miguez, que também foi escolhido pela Comissão Julgadora. O presidente Deodoro e quatro ministros deixaram o camarote oficial e voltaram em seguida. Foi então que o ministro do Interior, Aristides Lobo, leu o decreto que conservava a música de Francisco Manuel da Silva como hino nacional. Mesmo sem a partitura, a orquestra tocou a música e a plateia delirou.

08. Como prêmio de consolação, a obra de Medeiros e Albuquerque e de Leopoldo Miguez ficou conhecida como o Hino da Proclamação da República. Só que o problema persistia: o Brasil tinha um hino sem letra. Mas, se a música já era tão bonita, por que precisava de uma letra? A resposta é simples: por mais que alguém se habitue a uma música, se ela não tiver letra, fica mais difícil de ser memorizada.

09. Só em 1909 é que apareceu o poema de Joaquim Osório Duque Estrada. Ainda não era oficial. Tanto que, sete anos depois, ele foi obrigado a fazer 11 modificações na letra. Duque Estrada ganhou 5 contos de réis, dinheiro suficiente para comprar metade de um carro. O presidente Epitácio Pessoa declarou a letra oficial no dia 6 de setembro de 1922, um dia antes do centenário da Independência. Como Francisco Manoel já tinha morrido em 1865, o maestro cearense Alberto Nepomuceno foi chamado para fazer as adaptações na música. Finalmente, depois de 91 anos, nosso hino estava pronto!

10. É desrespeito bater palmas durante a execução do Hino Nacional Brasileiro. De acordo com o Artigo 30 da Lei nº 5.700, de 1º de setembro de 1971, “durante a execução do Hino Nacional, todos devem tomar atitude de respeito, de pé e em silêncio, os civis do sexo masculino com a cabeça descoberta e os militares em continência”. O parágrafo único do mesmo Artigo ressalta ainda que “é vedada qualquer outra forma de saudação”. Não há, no entanto, nenhuma lei que proíba esse tipo de manifestação após a execução do Hino.

(Guia dos Curiosos)




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