Amor Algébrico
Ponhamos nós em equação, primeiro,
Do nosso afeto o original problema;
E depois resolvamos o sistema
Pelas regras de Cunha e Serrasqueiro.
Procuro x, sem que enganar-me tema
E encontro-o, após um cálculo ligeiro,
De valor positivo, real, inteiro,
(X representa o amor que a ti me algema).
Tem duas soluções, coisa é sabida,
Uma equação a dois (do grau segundo)
Busco x linha e a tenho resolvida.
Mas, ah! de amante, algébrico fadário!
Eis o valor do teu amor profundo:
“Raiz de menos um!”. É imaginário...
Do nosso afeto o original problema;
E depois resolvamos o sistema
Pelas regras de Cunha e Serrasqueiro.
Procuro x, sem que enganar-me tema
E encontro-o, após um cálculo ligeiro,
De valor positivo, real, inteiro,
(X representa o amor que a ti me algema).
Tem duas soluções, coisa é sabida,
Uma equação a dois (do grau segundo)
Busco x linha e a tenho resolvida.
Mas, ah! de amante, algébrico fadário!
Eis o valor do teu amor profundo:
“Raiz de menos um!”. É imaginário...
Amor Geométrico
O meu amor é um círculo; evidente
É que o centro do amor é o coração;
Ando há muito buscando uma tangente
Ou seja - um pé - para pedir-te a mão.
Deste-me corda e eu digo francamente
Quero abrir o “arco” procuro agora em vão;
Cupido, o deus menino onipotente,
Fundo cravou-me a “flecha”, o maganão!
Do círculo do amor calculo a área:
(fórmula)... e a mente vária
Sinto, enquanto a paciência se me esvai.
Conheço (pi) (valor aproximado);
O que, porém, me deixa atrapalhado
É o “quadrado do raio”, que é teu pai!
É que o centro do amor é o coração;
Ando há muito buscando uma tangente
Ou seja - um pé - para pedir-te a mão.
Deste-me corda e eu digo francamente
Quero abrir o “arco” procuro agora em vão;
Cupido, o deus menino onipotente,
Fundo cravou-me a “flecha”, o maganão!
Do círculo do amor calculo a área:
(fórmula)... e a mente vária
Sinto, enquanto a paciência se me esvai.
Conheço (pi) (valor aproximado);
O que, porém, me deixa atrapalhado
É o “quadrado do raio”, que é teu pai!
Amor Gramatical
(Depende da pessoa e do momento)
Quase sempre aparece o complemento
ao fim de um certo número de meses.
Tenho sofrido bárbaros reveses
sempre que em regra conjugá-lo tento;
e até lancei ao negro esquecimento
os meus velhos compêndios portugueses.
Amar!... Verbo de encher... a alma da gente!
Conjugável de modo assaz variado.
e em pessoas e tempos igualmente.
Sabes? É um verbo que eu adoro e evito,
mas quem me dera tê-lo, conjugado
por nós dois no presente do infinitivo!...
Quase sempre aparece o complemento
ao fim de um certo número de meses.
Tenho sofrido bárbaros reveses
sempre que em regra conjugá-lo tento;
e até lancei ao negro esquecimento
os meus velhos compêndios portugueses.
Amar!... Verbo de encher... a alma da gente!
Conjugável de modo assaz variado.
e em pessoas e tempos igualmente.
Sabes? É um verbo que eu adoro e evito,
mas quem me dera tê-lo, conjugado
por nós dois no presente do infinitivo!...
Nasceu no Recife (PE), a 12 de março
de 1882, filho de Delfino da Silva Tigre e Maria Leontina Bastos Tigre. Faleceu
no Rio de Janeiro, a 2 de agosto de 1957.
Estudou no Colégio Diocesano de
Olinda (PE), onde compôs os primeiros versos e criou o jornalzinho humorístico O
Vigia. Diplomou-se pela Escola Politécnica, em 1906. Trabalhou como engenheiro
da General Electric e depois foi ajudante de geólogo nas Obras Contra as Secas,
no Ceará.
Foi homem de múltiplos talentos, pois
foi jornalista, poeta, compositor, teatrólogo, humorista, publicitário, além de
engenheiro e bibliotecário. E em todas as áreas obteve sucesso, especialmente
como publicitário. É dele, por exemplo, o slogan da Bayer que correu o mundo,
garantindo a qualidade dos produtos daquela empresa: “Se é Bayer é bom”.
Foi ele ainda quem fez a letra para
Ary Barroso musicar e Orlando Silva cantar, em 1934, o “Chopp em Garrafa”,
inspirado no produto que a Brahma passou a engarrafar naquele ano, e veio a
constituir-se no primeiro jingle publicitário, entre nós.
Prestou concurso para Bibliotecário
do Museu Nacional (1915) com tese sobre a Classificação Decimal. Mais tarde,
transferiu-se para a Biblioteca Central da Universidade do Brasil, onde serviu
por mais de 20 anos.
Exerceu a profissão de bibliotecário por 40
anos, é considerado o primeiro bibliotecário por concurso, no Brasil.
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