Reynaldo Jardim
Tem
empresário falido
operário
mais sofrido
grito no
peito oprimido
funcionário
demitido,
velhinho tão
mal vivido
de tantos
males ferido.
Tem
comerciário ofendido
criança,
mulher, marido,
menino recém-nascido,
milhares de
sem-partido,
gente que
foi sem ter sido
da sociedade
banido.
Tem lavrador
excluído,
o bancário
ressentido,
militante
estarrecido,
idealista
traído,
estudante
destemido
tratado como
bandido.
Tem pobre
deprimido,
eleitor
arrependido,
miserável
foragido,
espião intrometido
trabalhador
reprimido
pelo patrão
corrompido.
Tem Eros e
tem Cupido,
paixão de
extrovertido,
a razão e o
sem-sentido,
o pagão e o
convertido,
o calculista
sabido
tentando
tirar partido.
Tem a
revolta contida
no passo
duro da marcha.
A pele seca
curtida
pelo sol que
assola e racha.
É a história
destemida
de uma gente muito macha.
Se eu fosse
o presidente
assumia a
batuta
e com apoio
do povo
já partiria
pra luta
e faria um
país novo
livre dos
filhos da puta.
Contra o
poder econômico,
latifúndio,
roubalheira,
banqueiros,
ladrões do povo,
erguia minha
bandeira
e faria do
Brasil
uma nação
brasileira.
O Brasil
está na rua,
vamos
marchar com o novo.
Dar um salto
na história,
quebrar a
casca do ovo,
e fazer uma
omelete
gigantesca
pra o povo.
A pátria
está se acabando,
escorrendo
pelo ralo.
A luz quase
se apagando,
virou noite
o dia claro.
Na madrugada
sombria
silencia o
velho galo.
Essa marcha
é uma prova
de que a
esperança ainda existe.
Que o Brasil
que acabar
com o
cenário tão triste.
Que mesmo desesperado
o povo canta
e resiste.
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