sexta-feira, 11 de novembro de 2016

100 mil



Reynaldo Jardim

Tem empresário falido
operário mais sofrido
grito no peito oprimido
funcionário demitido,
velhinho tão mal vivido
de tantos males ferido.

Tem comerciário ofendido
criança, mulher, marido,
 menino recém-nascido,
milhares de sem-partido,
gente que foi sem ter sido
da sociedade banido.

Tem lavrador excluído,
o bancário ressentido,
militante estarrecido,
idealista traído,
estudante destemido
tratado como bandido.

Tem pobre deprimido,
eleitor arrependido,
miserável foragido,
espião intrometido
trabalhador reprimido
pelo patrão corrompido.

Tem Eros e tem Cupido,
paixão de extrovertido,
a razão e o sem-sentido,
o pagão e o convertido,
o calculista sabido
tentando tirar partido.

Tem a revolta contida
no passo duro da marcha.
A pele seca curtida
pelo sol que assola e racha.
É a história destemida
 de uma gente muito macha.

Se eu fosse o presidente
assumia a batuta
e com apoio do povo
já partiria pra luta
e faria um país novo
livre dos filhos da puta.

Contra o poder econômico,
latifúndio, roubalheira,
banqueiros, ladrões do povo,
erguia minha bandeira
e faria do Brasil
uma nação brasileira.

O Brasil está na rua,
vamos marchar com o novo.
Dar um salto na história,
quebrar a casca do ovo,
e fazer uma omelete
gigantesca pra o povo.

A pátria está se acabando,
escorrendo pelo ralo.
A luz quase se apagando,
virou noite o dia claro.
Na madrugada sombria
silencia o velho galo.

Essa marcha é uma prova
de que a esperança ainda existe.
Que o Brasil que acabar
com o cenário tão triste.
Que mesmo desesperado
o povo canta e resiste.




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