O regresso do poeta
A recepção que lhe foi feita
O vapor Itatinga, que conduzia o
poeta Olavo Bilac, entrou, no porto desta capital, às 10 horas. Do Arsenal da
Marinha e cais Pharoux, partiram inúmeras lanchas levando muitos amigos do
poeta, oficiais de terra e mar, representantes da imprensa, etc. Ao chegarem às
lanchas junto ao costado do navio, foi avistado Bilac junto à amurada. Às
saudações que então partiram das lanchas, o poeta correspondia com alegres
cumprimentos. Em uma lancha do Arsenal da Marinha, uma banda do corpo dos
marinheiros nacionais executava vários números de música. Concluídas as visitas
das autoridades do porto, atracaram à escada do Itatinga, as lanchas que haviam
ido ao seu encontro, subindo para bordo o dr. Miguel Calmon, os representantes
dos ministros da Guerra e da Marinha, dr Joaquim Osório, Emilio de Menezes,
representantes da imprensa, inúmeros amigos de Bilac, oficiais do Exército e da
Marinha. Bilac passou para a lancha do arsenal de guerra, desembarcando no cais
Pharoux, acolhido com aclamações dos populares que ali estava em grande número.
Ali tocavam duas bandas de música do Exercito e uma do Batalhão Naval.
As impressões de Bilac
Sobre a viagem:
Entrevistado por um redator d´A
Notícia, Olavo Bilac fez, sobre a sua viagem, as seguintes declarações: “São
inexprimíveis o que trago do sul; são de um deslumbramento! Por toda a parte,
nas coxilhas, nas campanhas, nos cerros, no Rio Grande, em Florianópolis, no
Paraná, o povo e os governos me receberam com carinho, que serão para mim de
imorredoura memória. Em
Santa Anna do Livramento, uma manifestação que foi a mais
brilhante de que tenho ideia de haver assistido: em minha honra todas as
senhoras da cidade e os que ali acorreram às centenas, a assistir às festas,
formaram uma marche aux flambeaux
colossal. De Pelotas trago a recordação de um fato que me causou uma emoção
imensa. Convidaram-me a receber o juramento dos escoteiros. Do meio deles
todos, à dezenas, chamei o mais pequeno, um encantador menino, que não teria 10
anos. Frente a frente, eu e o infantil escoteiro, pedi a espada a um oficial do
Exército que me estava ao lado e, batendo ao ombro do pequenino “armei-o escoteiro!”
Dos seus olhos encantadores lágrimas correram magníficas, foi um momento de
entusiasmo, de emoções! Por pouco não chorei! Perguntei, então, quem era aquele
menino: É Manoel Luiz Osório, neto do grande general Osório, de quem tem o
nome! Felicitei-me pela coincidência feliz de ter solenizado com tanta
felicidade a bela festa, relembrando naquele momento de grandes emoções
patrióticas o nome do maior cabo de guerra nacional que o próprio Rio Grande
nos deu. Em Porto Alegre
fui alvo de extraordinária recepção. Tive ali tantas festas que, durante sete
dias, apenas dormia duas horas por noite. Reconheci em mim energia de que não
me sabia capaz”.
(Matéria publicada no
Correio do Povo de 23 de novembro de 1916)
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