sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Viagem de Olavo Bilac à Região Sul do Brasil



O regresso do poeta

A recepção que lhe foi feita

O vapor Itatinga, que conduzia o poeta Olavo Bilac, entrou, no porto desta capital, às 10 horas. Do Arsenal da Marinha e cais Pharoux, partiram inúmeras lanchas levando muitos amigos do poeta, oficiais de terra e mar, representantes da imprensa, etc. Ao chegarem às lanchas junto ao costado do navio, foi avistado Bilac junto à amurada. Às saudações que então partiram das lanchas, o poeta correspondia com alegres cumprimentos. Em uma lancha do Arsenal da Marinha, uma banda do corpo dos marinheiros nacionais executava vários números de música. Concluídas as visitas das autoridades do porto, atracaram à escada do Itatinga, as lanchas que haviam ido ao seu encontro, subindo para bordo o dr. Miguel Calmon, os representantes dos ministros da Guerra e da Marinha, dr Joaquim Osório, Emilio de Menezes, representantes da imprensa, inúmeros amigos de Bilac, oficiais do Exército e da Marinha. Bilac passou para a lancha do arsenal de guerra, desembarcando no cais Pharoux, acolhido com aclamações dos populares que ali estava em grande número. Ali tocavam duas bandas de música do Exercito e uma do Batalhão Naval.

As impressões de Bilac

Sobre a viagem:

Entrevistado por um redator d´A Notícia, Olavo Bilac fez, sobre a sua viagem, as seguintes declarações: “São inexprimíveis o que trago do sul; são de um deslumbramento! Por toda a parte, nas coxilhas, nas campanhas, nos cerros, no Rio Grande, em Florianópolis, no Paraná, o povo e os governos me receberam com carinho, que serão para mim de imorredoura memória. Em Santa Anna do Livramento, uma manifestação que foi a mais brilhante de que tenho ideia de haver assistido: em minha honra todas as senhoras da cidade e os que ali acorreram às centenas, a assistir às festas, formaram uma marche aux flambeaux colossal. De Pelotas trago a recordação de um fato que me causou uma emoção imensa. Convidaram-me a receber o juramento dos escoteiros. Do meio deles todos, à dezenas, chamei o mais pequeno, um encantador menino, que não teria 10 anos. Frente a frente, eu e o infantil escoteiro, pedi a espada a um oficial do Exército que me estava ao lado e, batendo ao ombro do pequenino “armei-o escoteiro!” Dos seus olhos encantadores lágrimas correram magníficas, foi um momento de entusiasmo, de emoções! Por pouco não chorei! Perguntei, então, quem era aquele menino: É Manoel Luiz Osório, neto do grande general Osório, de quem tem o nome! Felicitei-me pela coincidência feliz de ter solenizado com tanta felicidade a bela festa, relembrando naquele momento de grandes emoções patrióticas o nome do maior cabo de guerra nacional que o próprio Rio Grande nos deu. Em Porto Alegre fui alvo de extraordinária recepção. Tive ali tantas festas que, durante sete dias, apenas dormia duas horas por noite. Reconheci em mim energia de que não me sabia capaz”.



(Matéria publicada no Correio do Povo de 23 de novembro de 1916)


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