Utilizando uma técnica chamada afresco,
em que a pintura é feita sobre uma argamassa de cal e
areia.
Ilustração: Sattu
Utilizando uma técnica chamada
afresco, em que a pintura é feita sobre uma argamassa de cal e areia. Como esse
tipo de trabalho seca rápido, antes de botar a mão na massa o italiano teve de
estudar bastante quais imagens planejava recriar. A tarefa completa levou
quatro anos, de 1508 a
1512 – mas tornou-se uma das mais importantes obras-primas da história e é,
hoje, uma das maiores atrações do Vaticano. O que pouca gente sabe é que, a
princípio, Michelangelo não queria o serviço. Primeiro, porque considerava a
pintura uma arte inferior. Ele gostava mesmo era de esculpir. Segundo, porque
não se dava bem com o papa Júlio II, que fez a encomenda. Em 1505, ele se
envolveu com a construção de um túmulo papal e ficou oito meses na cidade de
Carrara, famosa por seus mármores, selecionando pedras para a obra. Só que
outro escultor, Bramante (1444-1514) caiu nas graças da Igreja e assumiu o
projeto. Michelangelo topou decorar a Sistina para provar a todos do que era
capaz.
Torcicolo merecido
→ Michelangelo pintou, praticamente sozinho, 680 m² em quatro anos.
1) Bíblia em quadrinhos: → Um dos
toques de genialidade de Michelangelo foi decidir cobrir os 680 m² do teto da capela com
uma única composição de várias cenas do Antigo Testamento, da Bíblia. Estão lá
a criação do homem, a expulsão do Jardim do Éden e o dilúvio.
2) Mãos firmes: → O afresco é uma
técnica antiga, que resiste bem ao tempo. Antes de receber a tinta, a
superfície é preparada com uma argamassa de cal queimada e areia umedecida (daí
a origem do nome). Ela seca rápido, o que exige pinceladas precisas e bem
planejadas.
3) Nariz empinado: → Às vezes, o
artista trabalhava deitado. Mas, na maior parte do tempo, ficava de pé olhando
para cima, o que lhe rendeu muitas dores. Meses após o serviço, tinha
dificuldade em baixar a cabeça para ler. Precisava colocar o texto acima dos
olhos.
4) Passou por cima: → Quando
Michelangelo chegou, a Capela Sistina já tinha pinturas feitas por outros
grandes nomes da época, realizadas entre 1481 e 1483. Com seus retratos
bíblicos, ele cobriu um céu estrelado assinado por Píer Matteo d’Almelia.
5) Intrigas da oposição: → A
extensão do teto era tão impressionante que Ascanio Condivi, aprendiz e
biógrafo de Michelangelo, chegou a escrever que o convite para a tarefa havia
sido feito por rivais de seu mestre – que torciam, claro, para que ele não
conseguisse cumprir a missão.
6) Escraviários: → Michelangelo
recusou ajuda na pintura. Aceitou pouquíssimos aprendizes, que faziam toda a
parte “burocrática”: montavam andaimes, preparavam pigmentos, limpavam pincéis
e ampliavam os originais que o gênio desenhava em menor escala.
(Do Blog Mundo
Estranho)
Entrevista:
Professor William Wallace
especialista em Michelangelo conta detalhes sobre o trabalho mais famosos do
artista.
Da revista Como Funciona:
Revista: Como Michelangelo veio a pintar o teto da Capela
Sistina?
William Wallace: Michelangelo
relutou em pegar o projeto, pois o teto já havia sido pintado. Ele tinha uma
abóbada azul com estrelas, que era a decoração convencional dos céus. Quando
Michelangelo conheceu o Papa e falou sobre o assunto, havia a ideia de se fazer
uma obra muito mais limitada, pintando os doze apóstolos. Mas como é típico de
Michelangelo, ele tinha a tendência de ampliar e engrandecer as coisas, levando
à obra-prima que vemos hoje.
Revista: Quanta ajuda o artista
teve?
William Wallace: Nós temos os
nomes de pelo menos 13 pessoas que ajudaram Michelangelo. Antes, nunca
imaginávamos que ele tivesse assistentes. As pessoas pensavam nele como
solitário que não se dava bem com ninguém, mas seria impossível pintar um
empreendimento tão monumental sozinho. A verdade é que ele pintou a maior parte
e todas as figuras importantes, mas os assistentes teriam cuidado dos aspectos
mais profundos, como a arquitetura.
Revista: Quais os benefícios do
afresco?
William Wallace: O afresco é um
meio muito exigente que requer um dia de oito horas de trabalho no qual você se
prepara por duas horas, pinta por três horas sobre o gesso úmido e, em seguida,
pinta por mais duas horas no gesso seco. O principal benefício do afresco é
que, como você está pintando em gesso úmido, quando a tinta seca, ela se torna
parte do gesso. O afresco é extraordinariamente resistente, por isso temos
afrescos do Antigo Egito e de Pompéia perfeitamente intactos.
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