Senhor, criastes a Virgem
moldando-a em carne judia,
e infundistes-lhe um sopro
de vossa boca invisível.
Após tanta delicadeza,
encarregastes um Anjo
de indagar-lhe se podia
Jesus nascer de seu ventre.
Com o seu consentimento,
Vosso Filho veio ao mundo,
e, em silêncio, entrou na
História,
como quem entra, de noite,
numa gruta abandonada.
Porém, no escuro o poema
de repente virou Poesia,
e o que era só de um Povo
ficou herança de todos!
Adoremos esse Menino
que dorme entre o Boi e o Burro,
como um sol que oculta o rosto
atrás do sonho de um muro.
Onde dois ou mais se encontram
em seu nome, até o sozinho
para si tem um caminho.
Levemos nossa oferenda
a quem nasceu tão à margem
da vida ‒ sendo Ele a Vida ‒
que a vida que Ele traz é
Eterna.
Aleluia ‒ disseram os Anjos
aos Pastores de Belém!
Peçamos-lhe: Criança Divina,
dá-nos outra infância! Amém.
(Poema inédito de
Armindo Trevisan - Santa Maria, 1933)
Aquarela de Eduardo
Arigony
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