domingo, 5 de março de 2017

Para Minhas Enfermeiras



O que você vê, enfermeira, o que você vê?
Talvez, quando olha para mim, esteja pensando:
Uma velha mal-humorada, com pouca sabedoria,
Cheia de manias e com olhar distante,
Que empurra a comida e não responde
Quando você diz em voz alta:
“Eu gostaria que a senhora provasse.”
Que parece não notar as coisas que você faz
E está sempre perdendo as meias ou os sapatos,
Que, resistindo ou não, permite que você
Dê-lhe banho e comida quando quer.
É isto que você pensa? É isto que você vê?
Abra os olhos, enfermeira. Você não está me vendo.
Vou contar-lhe quem sou, enquanto fico aqui imóvel.
Quando obedeço às suas ordens,
E me alimento na hora que você quer,
Sou uma criança de dez anos que tem pai e mãe,
Irmãos e irmãs que se amam;
Uma moça de 16 anos com asas nos pés,
Sonhando que em breve encontrará um amor;
Uma noiva aos 20 anos, com o coração acelerado,
Lembrando-se dos votos que prometi cumprir;
Aos 25, já tenho um filhinho,
Que necessita de mim para ter um lar feliz e seguro.
Uma mulher de 30; meu filho mais novo
Está crescendo depressa, sabe dar nó na gravata.
Aos 40 anos, meus filhos cresceram e foram embora,
Mas não choro, porque tenho um marido a meu lado.
Aos 50, mais bebês brincam ao meu redor,
Os “filhos” voltaram para mim e para o meu querido.
Dias tenebrosos me sobrevêm; meu marido se foi.
Olho para o futuro, e estremeço de medo.
Porque os pequeninos já estão cuidando de sua prole,
E penso nos anos e no amor que conheci.

Agora sou uma anciã, e a natureza é cruel.
Zomba de nós e faz os velhos parecerem tolos.
O físico arrefece, a graça e o vigor desaparecem.
Existe uma pedra onde um dia eu tive um coração.
Mas dentro desta velha carcaça ainda habita uma jovem,
E agora meu coração amargurado volta a sorrir.
Eu me lembro das alegrias, eu me lembro das tristezas.
Voltei a amar a vida, voltei a viver.
Penso nos anos, tão poucos, que voaram,
E aceito a realidade dos fatos; nada pode durar.
Portanto, abra os olhos, enfermeira, e veja,
Não uma velha encarquilhada,
Mas olhe mais de perto – veja como eu sou!

Autor desconhecido

 (Do livro “Histórias para o Coração 2”
de Alice Gray, organizadora)




2 comentários:

  1. Essa é a realidade da vida, muitas lições podemos tirar desse texto, mas eu diria mais :familiares abram os olhos para os mais velhos, são as pessoas mais importante de nossas vidas.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Belo comentário, parece ser de uma pessoa que viveu uma experiência real com uma pessoa mais velha...

      Excluir