Romário por Baptistão
Sem impedimento, o Brasil não seria o
mesmo. A atual lei diz que, quando um jogador recebe a bola no ataque, é
preciso haver pelo menos dois adversários entre ele e a linha de fundo. Ou
seja, o goleiro e mais um.
É assim desde 1925, quando era
preciso haver três jogadores. Mudou-se a regra porque os técnicos deixavam um
zagueiro adiantado e outro na sobra. Se o atacante evitasse o impedimento, o
segundo zagueiro matava o lance. As partidas concentravam-se no meio-campo e os
jogos acabavam sem chutes a gol. A alteração teve dois efeitos. Primeiro, o
placar das partidas engordou. O outro efeito foi desafogar o meio-campo:
provocar o impedimento com um só jogador ficou arriscado e a zaga foi recuada.
O meio-campo virou lugar de craques, que avançavam com a bola sob controle até
o bote final.
Era do que os brasileiros precisavam,
pois sempre preferiram carregar a bola, o que marcou a nossa supremacia. Coincidência
ou não, o futebol brasileiro só apareceu depois de 1925. Se o impedimento
acabasse, a área seria liberada para atacantes e zagueiros serem fixados ali.
Com essa multidão junto às traves, aumentaria as faltas perigosas, os pênaltis
e os gols, sobretudo os de cabeça, especialidade europeia. A estatura seria
decisiva. Atacantes brasileiros como os baixinhos Romário e Leônidas
sucumbiriam.
Leônidas da Silva por Baptistão
(Do Almanaque Super
Interessante de 2003)
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