quinta-feira, 25 de maio de 2017

O Corrupto



Pithecanthropus Corruptus

(Max Nunes)

 Ator

− Corrupto, eu?
Mas que maldade!
Logo eu,
Um paradigma da honestidade!
Só porque tenho casa no Guarujá,
Um sitiozinho em Mauá
E fazenda no Paraná,
Vão me chamar de ladrão?
Não aceito, não,
Eu dou um duro danado,
O meu dinheiro é suado
E jamais meti a mão.
Não sou ladrão
E, se agora vivo em paz,
Gozando uma vida mansa,
É que eu faço o que se faz:
Boto tudo na poupança.

- Corrupto! Corrupto!

 Ator

− Corrupto, eu?
Mas que bobagem!
Eu sou contra a ladroagem.
Só porque tenho nos bancos
Dólares, libras e francos
Vão me chamar de ladrão?
Não aceito, não!
O meu caráter não falha,
Não tenho rabo de palha.
O meu dinheiro eu herdei
E está encerrado o assunto:
Se rico assim eu fiquei,
Eu agradeço ao defunto.

- Corrupto! Corrupto!

 Ator

− Corrupto, eu?
Que pecado!
Logo eu,
Tão considerado!
Só por ter bens no estrangeiro,
Viajar o ano inteiro,
Vão me chamar de ladrão?
Não aceito, não!
Quem diz que ganhei
Roubando
Não sabe o que está falando.
A vida assim nos ensina.
Como eu sempre fui sortudo,
Ganhei mil vezes na quina,
Vão me chamar de ladrão?
Ah, não!!!
Eu disse anão?
Não!
Eu sou gigante
Da corrupção!


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