Imagem de Procissão em 1912 na
Rua Maciel Pinheiro, em
Campina Grande – Fonte – Acervo do Museu Histórico e
Geográfico de Campina Grande.
Procissão
Gilberto Gil
Meu divino São José,
Aqui estou a vossos pés.
Dá-nos chuva com abundância,
Meu Jesus de Nazaré;
Olha lá vai passando a procissão
Se arrastando que nem cobra pelo chão.
As pessoas que nela vão passando
Se arrastando que nem cobra pelo chão.
As pessoas que nela vão passando
Acreditam nas coisas lá do céu.
As mulheres, cantando, tiram versos,
As mulheres, cantando, tiram versos,
Os homens, escutando, tiram o
chapéu.
Eles vivem penando aqui na Terra
Esperando o que Jesus prometeu.
E Jesus prometeu coisa melhor,
Pra quem vive neste mundo sem amor,
Só depois de entregar o corpo ao chão,
Eles vivem penando aqui na Terra
Esperando o que Jesus prometeu.
E Jesus prometeu coisa melhor,
Pra quem vive neste mundo sem amor,
Só depois de entregar o corpo ao chão,
Só depois de morrer neste sertão.
Eu também estou do lado de Jesus,
Eu também estou do lado de Jesus,
Só que acho que ele se esqueceu
De dizer que na Terra a gente tem
De arranjar um jeitinho pra viver.
Muita gente se arvora a ser Deus,
De dizer que na Terra a gente tem
De arranjar um jeitinho pra viver.
Muita gente se arvora a ser Deus,
E promete tanta coisa pro sertão:
Que vai dar um vestido pra Maria,
Que vai dar um vestido pra Maria,
E promete um roçado pro João.
Entra ano, sai ano, e nada vem,
Entra ano, sai ano, e nada vem,
Meu sertão continua ao Deus dará,
Mas se existe Jesus no firmamento,
Mas se existe Jesus no firmamento,
Cá na Terra isso tem que se
acabar.
O administrador de empresas,
político, cantor, compositor e poeta baiano Gilberto Passos Gil
Moreira, proporciona na letra de “Procissão” uma interpretação marxista da
religião, vista como ópio do povo e fator de alienação da realidade, segundo o
materialismo dialético. A letra mostra a situação de abandono do homem do campo
do Nordeste, a área mais carente do país. A música foi gravada por Gilberto Gil,
em compacto simples, no LP Louvação, em 1967, pela gravadora Unima Music.
(Comentário final do
Blog: Tribunal da Internet)
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