segunda-feira, 12 de junho de 2017

Conheça a linda história de Sarda

resgatado por amigos da Cracolândia de SP


Um homem natural da cidade do Rio de Janeiro encontrado na Cracolândia da região central de São Paulo morreu na noite desta quarta-feira, (7.6.2017), em uma clínica de recuperação para dependentes químicos. Carlos Eduardo Albuquerque de Maranhão, o Cadu ou Sarda, de 46 anos, tinha o tratamento custeado por amigos de infância, que o reconheceram em um vídeo publicado na internet pela página Jornalistas Livres.

A informação da morte foi publicada no Facebook pelo executivo Carlos H. Moreira Jr., amigo que iniciou a campanha para ajudar Cadu. O movimento reuniu antigos colegas do Colégio Santo Inácio, na zona sul do Rio de Janeiro, que estudaram com Cadu.

O grupo lançou uma campanha de crowdfunding para financiar o tratamento.

“Nosso Sarda faleceu há poucas horas durante o período mais crítico de abstinência pela qual passava. Estou vazio, com as emoções bloqueadas e preso dentro de um avião com Wi-Fi. Tristeza profunda”, publicou Moreira Jr. “Entreguei a noticia à família com um enorme peso nas costas. Eu sou parte de um grupo de pessoas que agiram de forma coordenada e movidas por um só sentimento, que é o amor.”

(Revista Isto É)

Já pensou quantos “Sardas estão esperando por nossa ajuda?”

Após ser resgatado e levado para uma clínica de reabilitação, Sarda faleceu por problemas cardíacos. Os amigos que o resgataram, deixaram uma carta linda em homenagem ao Sarda.


Sarda, aluno do Colégio Santo Inácio, no Rio de Janeiro.

Texto dos amigos do Sarda lido na TV:


“Ao Sarda e a todos os envolvidos:

Ironia do destino que a mais bela lição de vida desses últimos tempos, tenha vindo de alguém que por décadas habitou algum dos lugares mais hostis do nosso país. O mundo parece estar carente de histórias de amor, de repente, o que deveria ser um ato comum de ajuda ao amigo, assume uma dimensão que nos faz refletir sobre o que é normal. O que o Sarda causou em todos, revela um grave problema social que vivemos, mas também revela um problema ainda maior de valores, pelo jeito, o altruísmo anda esquecido.

Queríamos o Sarda agora entre nós, não para aliviar qualquer sentimento de culpa de não termos descoberto a história dos últimos 30 anos da vida dele antes, mas pelo valor absoluto que ele traz a vida de qualquer um. O que ouvimos dele nas ultimas 24 horas antes dele ser internado, não ouviríamos de mais ninguém no mundo. Memórias da infância, uma retórica inteligente e única sobre a diferença ente viciado e o adicto, entre o falar sozinho e falar a sós, sobre políticas públicas. Ele faz e sempre nos fará falta.

O nosso amigo nos deixa e deixa uma mensagem do luxo humano que está dentro de cada um de nós. Incluindo aqueles que não lerão e nem ouvirão essa mensagem, por estarem agora em alguma rua usando drogas, com a mente em um espírito num paralelo, enquanto cada um de nós se prepara para dormir no conforto das nossas camas, embaixo de um teto. Como disse o Sarda, nós adictos, somos invisíveis, inaudíveis, mas não somos inodoros, de uma forma ou de outra, no inicio de tudo, bem lá no inicio de tudo, somos todos humanos.

Que cada pessoa tocada por essa lição de vida, reflita cada dia ao acordar, sobre o mundo no qual quer viver e quer deixar para os seus filhos. Um mundo egoísta, onde o mérito está na esperteza, e na ignorância ao próximo, ou um mundo solidário, onde o interesse individual é parte de interesse coletivo e virtuoso.

Somos todos da mesma turma, amigos do Sarda”


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