A última rainha
por Felipe Daiello
Maria Antonieta, esposa de Luís XVI,
pode ser recordada como rainha na visita ao Palácio de Versailles e depois nos
subterrâneos da Conciergerie de Paris, como prisioneira.
Contrastes entre o luxo do palácio
construído por Luís XIV ‒ O Rei Sol ‒ e as celas onde os condenados pela
Revolução aguardavam o seu destino, o seu deslocamento para a atual Praça de La Concorde , onde a
guilhotina esperava o momento da vingança, ou, segundo outros, a execução da
justiça.
Em cada visita a Versailles, mais
imagens e outras particularidades são adicionados na nossa memória, impossível
gravar tudo numa jornada. Além dos jardins, da magnitude dos edifícios, do
esplendor da Galeria dos Espelhos, em cada sala os desenhos, as pinturas nos tetos,
exigem renovada atenção. Cada detalhe nas portas, nos acessórios, nos móveis é
capaz de capturar e estimular a nossa atenção. O quarto dos reis, a decoração
das paredes, a suntuosidade, o luxo das dependências da Rainha, exigem
renovadas e frequentes visitas.
No setor das Grande Habitações, Maria
Antonieta tinha vida de verdadeira “rainha”. Nomes como Van Dick, Le Braun,
Antoine Rousseau, Antoine Houasse assinam as obras de arte que estão expostas.
No quarto da Rainha, no salão da sua
guarda pessoal, no gabinete onde a família real se encontrava após o jantar,
podemos imaginar o fausto onde Maria Antonieta vivia, e de onde foi retirada
pela turba que invadiu o palácio durante a Revolução Francesa de 1789.
Em fuga, Maria Antonieta abandona o
seu palácio e as instalações de Trianon, onde edificara aldeia que recordava a
Viena da sua Áustria. Local de ócio, de intimidades, com jardins, com teatro,
com fontes, pavilhões e espaços verdes.
Após tentativa de fuga para o
exterior, recapturada, é aprisionada na Conciergerie em Paris.
Vendo a sua cela, dimensões
reduzidas, pouca luz, nenhuma comodidade, guarda permanente vigiando cada
passo, lugar insalubre, escuro, ouvindo as lamentações de outros condenados, Maria
Antonieta sofreu dias de pavor e de pânico.
Julgamentos rápidos, muitas vezes sem
defesa, execução imediata após sentença sem recurso adicional, mas de 2.700
pessoas enfrentaram a Madame Guilhotina. A pior situação era a dos condenados
sem recursos para pagar cela especial, os palheiros, e que eram jogadas em
cubículos superlotados e insalubres.
Viúva, pois seu marido Luís XVI já
fora executado, considerada inimiga da pátria, humilhada, cabelos curtos,
cortados, mãos amarradas nas costas, usando camisola simples, conforme
retratada pelo pintor Davi, em setembro de 1793, Maria Antonieta entra para a
história. O julgamento durou dois dias, condenada às 4h30min horas da
madrugada, às 10 horas é deslocada para o cadafalso da Praça de La Concorde. Os seus
cabelos foram queimados para não serem guardados como amuletos. Pelo meio dia,
o carrasco Sanson libera a lâmina que define o seu destino.
Maria Antonieta
conduzida ao patíbulo. Esboço de Jacques-Louis David
Foi enterrada em vala comum, o corpo
coberto por cal; para ser esquecida. Hoje, ocupa lugar de honra na Basílica de
Saint Denis. Como vingança, muitos dos seus acusadores, como Robespierre,
tiveram a mesma sorte.
Comparando os dois locais é possível
constatar o abismo que existia entre Versailles e a Conciergerie, em Paris, a
diferença entre realidade e ostentação está presente.
Cela de Maria Antonieta
Visitar a Conciergerie é descobrir a
primeira fortaleza construída na Cité Medieval, sinal do poder absoluto do
primeiro Rei da França; na ida a Paris deve merecer posição de destaque na
nossa lista de visitas que não podemos esquecer. Depois estamos perto do
Quartier Latin e dos seus restaurantes, da Catedral de Notre Dame e do seu
museu arqueológico, passos obrigatórios antes do almoço.
Mas antes, depois de inspecionar os
calabouços, as celas, o oratório de Maria Antonieta, de ler a lista dos
condenados, para ter momentos de meditação e de descanso, nada melhor do que
visitar a Santa Capela e seus vitrais, está ao lado, bem próxima da Torre do
Relógio e do Mercado das Flores. Paris apresenta surpresas a cada passo. Vamos
aproveitar os nossos euros.
Maria Antonieta. Reza a lenda que, ao
aguardar a morte em sua cela, seus cabelos ficaram brancos de um dia para o
outro. A rainha deportada deixou a Conciergerie para ir para a guilhotina,
instalada na atual Praça de La
Concorde. A cela de Maria Antonieta e sua trajetória dentro
da prisão foram reconstituídas.
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