Bento Gonçalves, entretanto, estava
doente. Não esteve presente aos solenes atos, onde seus inimigos figuravam
continuando a caluniá-lo. Pobre, sem dinheiro algum, apenas com as terras que
conservara em Camaquã, para lá voltou, contemplando a casa abandonada e os
campos despovoados. Com empréstimos de amigos recomeçou a vida. Mas pouco
duraria. Gravemente enfermo foi a Pedras Brancas (hoje município de Guaíba) em
busca de seu velho amigo e companheiro José Gomes de Vasconcellos Jardim, que
ali, além de médico-prático de grande fama e renome, possuía um hospital. Mas,
nem sequer chegou a ser tratado devidamente, pois a pleurisia que se
manifestara violenta, levou-o em seguida. Era o dia 18 de julho de 1847.
Seu corpo foi trasladado para Camaquã, em
cujo cemitério ficou até o ano de 1909, quando o então Intendente do Rio
Grande, Dr. Juvenal Miller, mandando erguer um monumento de granito e bronze,
solicitou aos herdeiros autorização para transladar para o alicerce daquele
monumento notável os restos mortais do glorioso gaúcho General Bento Gonçalves
da Silva. E ali repousam, desde então, as cinzas do imortal farroupilha.
Joaquim Gonçalves da Silva, filho de
Bento Gonçalves, segurando os despojos do seu pai. Joaquim Gonçalves faleceu em Rio Grande , no dia 25
de outubro de 1909, na estância em que residia aos 95 aos de idade, no mesmo
ano do traslado dos restos mortais do seu glorioso pai.
→ O monumento a Bento Gonçalves, na Praça
Almirante Tamandaré, em Rio
Grande , não é apenas uma estátua fundida em bronze em
homenagem ao maior líder da guerra dos Farrapos, esculpida pelo português
Teixeira Lopes. Em sua base de pedra, guarnecido por dois leões de bronze, está
o túmulo de Bento.
→ Inaugurado em 20 de setembro de 1909, o monumento foi construído por iniciativa dos positivistas gaúchos, que após a proclamação da República, em 1889, precisavam de heróis para exaltar os valores republicanos. Maçom, Bento Gonçalves da Silva encarnava como nenhum outro gaúcho os ideais do novo regime. Seu túmulo não poderia continuar anônimo, num lugar ermo, distante de qualquer cidade importante do Estado.
→ Enterrado
→ Em 1891, o governo da Província publicou um decreto propondo a doação dos restos mortais do general ao município que erguesse um monumento-túmulo à altura de sua importância histórica. Os jornais da época publicavam editoriais louvando os feitos do intitulado “Napoleão dos Pampas”. Por todo o Estado as comunidades foram convocadas a participar do concurso.
→ O projeto dos riograndinos, liderados por Alfredo Ferreira Rodrigues, foi o vencedor. A intendência de Rio Grande doou três contos de réis para construir a obra. Outros dois contos de réis foram recolhidos
→ Por ironia, Rio Grande, a mais antiga cidade gaúcha, que abriga o túmulo do herói farroupilha, não aderiu à causa dos rebeldes durante os dez anos (
Retrato de Bento
Gonçalves da Silva exposto no Museu Júlio de Castilhos, em Porto Alegre.
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