Crime quase perfeito.
No dia 14 de junho de 1960, “o trem pagador
da Central do Brasil, de prefixo SAP-21, foi assaltado por indivíduos
mascarados, que fizeram a composição descarrilar, dinamitando os trilhos no km
72 da linha auxiliar, entre as estações de Japeri e Governador Portela, no
Estado do Rio. Detido o trem, os assaltantes invadiram o vagão pagador,
disparando armas automáticas de 9mm, matando o trabalhador de linha, Francelino
Paulino Correia, e ferindo três outros funcionários, que resistiram à bala. Apoderando-se
do dinheiro do pagamento (27 milhões e 600 mil cruzeiros), os ladrões se
embrenharam num capinzal, atingindo a estrada de rodagem, onde os aguardava uma
camioneta de cor amarela, de marca Ford tipo F-100” .
(Folha de S. Paulo)
Um ano depois, o famoso detetive
Perpétuo de Freitas desvendava o crime. O assalto tinha sido planejado na
“tendinha” de Heitor Fernandes, no morro de Mangueira (RJ). Sebastião de Souza,
Zeferino dos Santos, Manuel da Silva, Heitor Fernandes, Nilo Magno de Melo,
Adilson de Carvalho e Edwar Gomes durante um mês prepararam tudo nos mínimos
detalhes: abriram uma “picada” no matagal para, do lugar do assalto, chegarem à
camioneta, e deixaram pistas falsas (cigarros americanos, charutos estrangeiros
e uma garrafa de uísque), para que a policia pensasse que se tratava de uma
quadrilha internacional. Manuel da Silva ficou em Japeri e avisou a hora da
passagem do trem pela Garganta do Diabo, no km 71 da linha auxiliar; Sebastião
de Souza comandou quatro homens, dando as ordens por um megafone, enquanto
outro esperava na camioneta. A realidade imitava o cinema. Pela primeira vez um
trem pagador era assaltado no Brasil, numa ação fulminante, alcançando total
sucesso.
Nosso Século – Brasil
– 1960/1980 (I)
Assalto ao trem pagador da Central do Brasil virou
filme
O célebre assalto ao trem pagador da
Central do Brasil chegou aos cinemas em 1962, apenas dois anos depois de sua
ocorrência no mundo real. Quem dirigiu o filme foi Roberto Farias. No elenco de
O assalto ao trem pagador, o então galã Reginaldo Farias, Grande Otelo, Eliezer
Gomes (numa interpretação memorável como o bandido Tião Medonho), Jorge Dória,
Ruth de Souza, Luíza Maranhão, Helena Ignez, Átila Iório e Dirce Migliaccio,
ligados a correntes diferentes do teatro ou do cinema, mas unidos pela
convicção de que o Cinema Novo era o melhor caminho estético para as telas
brasileiras.
Se pensarmos em termos de gêneros, O assalto ao trem pagador filia-se ao cinema policial (ou, usando nomenclatura que muitos teóricos apreciam e talvez seja mais adequada, mesmo se menos conhecida, cinema criminal). É, contudo, manifestação incomum na categoria. Em geral, o filme criminal concentra sua atenção no delito ou na investigação a respeito dele.
O assalto ao trem pagador prefere
olhar em outras direções. Primeiro, se interessa pelas consequências do
enriquecimento súbito sobre os criminosos, investiga o que ocorre no
comportamento deles quando sua vida dá uma súbita guinada.
Segundo (como não poderia deixar de ser em um filme brasileiro na virada dos anos 50 para 60), estuda essas consequências não da perspectiva de uma psicologia dramática, mas contra um pano de fundo social e econômico. O que nos chama a atenção em O assalto ao trem pagador é o Brasil, ou melhor, o conjunto de representações coletivas que chamamos de Brasil – o marginal com cara de marginal e o outro que pode ir onde quiser porque parece playboy, as pessoas que parecem fazer parte da classe social a que pertencem e as que não parecem, o morro e a favela. No fim das contas, mesmo meio século depois, nada muito diferente dos dias de hoje.
(em com.br.Gerais)
O filme foi:
→ Baseado em um assalto real: Baseado
em um assalto real ocorrido em 14 de junho de 1960, às oito horas e vinte e
cinco minutos da manhã, a quadrilha liderada por Tião Medonho, cinco mascarados
armados de metralhadoras e revólveres deram o bote no trem pagador de prefixo
SAP-21, tripulado pelo maquinista Venceslau José de Castro e pelo foguista
Pedro José da Silva.
→ “Curva da Morte”: Nesse momento, a composição chegava à chamada “Curva da Morte”, no quilômetro 71 da linha auxiliar da Central do Brasil, próxima à estação Japeri.
→ “Curva da Morte”: Nesse momento, a composição chegava à chamada “Curva da Morte”, no quilômetro 71 da linha auxiliar da Central do Brasil, próxima à estação Japeri.
→ O roubo de 27 milhões de
cruzeiros: Levava o pagamento de mais de mil ferroviários dessa e outras
estações. Não era pouca coisa: 27 milhões de cruzeiros, a moeda brasileira da
época. Daria para comprar 108 fuscas, modelo do ano, 0 km , ou montar um impensável
corcovado de 1.350 toneladas de batata de primeira qualidade. Todo esse
dinheiro estava contido numa caixa de madeira, guardada pelo pagador Cícero de
Carvalho e dois auxiliares.
→ Como foi o
assalto: Para facilitar o ataque, os assaltantes
dinamitaram os trilhos e fizeram descarrilar a locomotiva e o vagão. Entraram
no trem disparando. Mataram um funcionário da ferrovia, Francelino Paulino
Correa, que estava fora de serviço, viajando de graça, e feriram outros quatro.
Pegaram o dinheiro e fugiram numa camioneta Ford de cor creme.
→ Filme impactante: O filme
causou impacto por sua forte dose de realismo. Os tiros foram de verdade.
→ O mesmo vagão: O vagão usado
foi o mesmo do assalto. Estava sendo desmontado na oficina, mas a Central
concordou em reconstruí-lo, e na filmagem apareceram até os furos das balas de
1960.
→ Os atores estavam no dia do
crime: Muitos dos atores coadjuvantes foram os próprios funcionários que
conduziam o trem no dia do crime. Por exemplo, o maquinista Venceslau José de
Castro.
→ Livre reconstituição: Trata-se
de uma reconstituição livre na qual somente o nome do líder da quadrilha foi
mantido.
→ A estreia de Eliezer: O
protagonista, Tião Medonho, foi interpretado pelo ator negro Eliézer Gomes,
funcionário público, protestante e cantor da Igreja Presbiteriana de Madureira.
Até então jamais havia aparecido no cinema, foi escolhido num concurso nacional.
→ Em números: Rodado em 62 dias,
ao custo de 18 milhões de cruzeiros, mais da metade do que fora roubado do trem
pagador, havia dois anos.
→ Os extras do DVD: Nos extras do
DVD existem duas versões do filme, a original e a comentada pelo diretor, com
legendas em português, inglês e espanhol. O trailer do filme é apresentado por
Grande Otelo e mostra, entre outras informações, o concurso que escolheu
Eliezer Gomes para o papel de Tião Medonho.
Prêmios
PRÊMIO SACI
Ganhou:
Melhor Ator Coadjuvante - Jorge Dória
Melhor Atriz Coadjuvante - Dirce Migliaccio
Melhor Roteiro - Roberto Farias
PRÊMIO GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO
Ganhou:
Melhor Roteiro - Roberto Farias
FESTIVAL DE CURITIBA
Ganhou:
Melhor Atriz Coadjuvante - Luíza Maranhão
Melhor Revelação - Eliezer Gomes
TROFÉU CINELÂNDIA
Ganhou:
Melhor Revelação - Eliezer Gomes
FESTIVAL DA BAHIA
Ganhou:
Melhor Filme
Melhor Ator - Eliezer Gomes
Melhor Atriz Coadjuvante - Luíza Maranhão
Melhor Roteiro - Roberto Farias
FESTIVAL DE LISBOA
Ganhou:
Prêmio Caravela de Prata
FESTIVAL DE ARTE NEGRA
Ganhou:
Prêmio Especial do Júri
Ganhou:
Melhor Ator Coadjuvante - Jorge Dória
Melhor Atriz Coadjuvante - Dirce Migliaccio
Melhor Roteiro - Roberto Farias
PRÊMIO GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO
Ganhou:
Melhor Roteiro - Roberto Farias
FESTIVAL DE CURITIBA
Ganhou:
Melhor Atriz Coadjuvante - Luíza Maranhão
Melhor Revelação - Eliezer Gomes
TROFÉU CINELÂNDIA
Ganhou:
Melhor Revelação - Eliezer Gomes
FESTIVAL DA BAHIA
Ganhou:
Melhor Filme
Melhor Ator - Eliezer Gomes
Melhor Atriz Coadjuvante - Luíza Maranhão
Melhor Roteiro - Roberto Farias
FESTIVAL DE LISBOA
Ganhou:
Prêmio Caravela de Prata
FESTIVAL DE ARTE NEGRA
Ganhou:
Prêmio Especial do Júri
Ranking dos Melhores Filmes Nacionais
Eleito o décimo nono melhor filme
nacional de todos os tempos segundo a Abraccine (Associação Brasileira de
Críticos de Cinema).
(Do Blog Adorocinema)
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