→ Luís da Câmara Cascudo, que em
seu livro “Locuções tradicionais no Brasil” registra pé-rapado como sinônimo de
“descalço, de pés nus, pé no chão” – e, portanto, por metonímia, uma designação
dada à “mais humilde categoria social”. Pé-rapado era o pobretão, sobretudo da
zona rural, que andava descalço e por isso era obrigado a raspar (ou rapar) os
pés para lhes tirar a lama.
→ Não se sabe exatamente quando
surgiu a expressão, mas lembra Câmara Cascudo que ela já aparece na segunda
metade do século XVII nos versos que Gregório de Matos dedicou a uma mulata
baiana que lhe havia pedido um cruzado para consertar os sapatos:
Se tens o cruzado, Anica,
Manda tirar os sapatos,
E senão lembra-te o tempo
Que andaste de pé rapado.
Manda tirar os sapatos,
E senão lembra-te o tempo
Que andaste de pé rapado.
→ O pesquisador lembra ainda que
o pé-rapado ganhou destaque na chamada Guerra dos Mascates, no início do século
XVIII, em Pernambuco:
→ Na guerra dos Mascates do
Recife contra o Partido da Nobreza de Olinda, 1710, davam os primeiros,
portugueses, o apelido depreciativo de ‘Pés-rapados’ às tropas adversárias da
aristocracia rural, por combaterem sem sapatos, ao contrário da cavalaria, arma
nobre de gente de botas.
→ Antenor Nascentes registra também a forma “pé-rachado”, de
idêntico significado.
Sérgio Rodrigues, em
Veja.Com
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– Fulano não têm carro, moto e nem uma roupa legal. É um pé-rapado
mesmo!
Um objeto, na entrada de uma igreja, para raspar (ou rapar)
os pés.
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