quinta-feira, 27 de julho de 2017

De onde vem a expressão ‘pé-rapado’?



→ Luís da Câmara Cascudo, que em seu livro “Locuções tradicionais no Brasil” registra pé-rapado como sinônimo de “descalço, de pés nus, pé no chão” – e, portanto, por metonímia, uma designação dada à “mais humilde categoria social”. Pé-rapado era o pobretão, sobretudo da zona rural, que andava descalço e por isso era obrigado a raspar (ou rapar) os pés para lhes tirar a lama.

→ Não se sabe exatamente quando surgiu a expressão, mas lembra Câmara Cascudo que ela já aparece na segunda metade do século XVII nos versos que Gregório de Matos dedicou a uma mulata baiana que lhe havia pedido um cruzado para consertar os sapatos:

Se tens o cruzado, Anica,
Manda tirar os sapatos,
E senão lembra-te o tempo
Que andaste de pé rapado.

→ O pesquisador lembra ainda que o pé-rapado ganhou destaque na chamada Guerra dos Mascates, no início do século XVIII, em Pernambuco:

→ Na guerra dos Mascates do Recife contra o Partido da Nobreza de Olinda, 1710, davam os primeiros, portugueses, o apelido depreciativo de ‘Pés-rapados’ às tropas adversárias da aristocracia rural, por combaterem sem sapatos, ao contrário da cavalaria, arma nobre de gente de botas.

→ Antenor Nascentes registra também a forma “pé-rachado”, de idêntico significado.

Sérgio Rodrigues, em Veja.Com

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– Fulano não têm carro, moto e nem uma roupa legal. É um pé-rapado mesmo!


Um objeto, na entrada de uma igreja, para raspar (ou rapar) os pés.

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