por James Randerson, correspondente de
ciência.
30 de novembro de 2006 - The Guardian
Eles são venerados pelos mestres da
corda e arco por seu tom sublime e pela gama dinâmica sem esforço. Mas a voz
primorosa de um Stradivarius ou Guarnerius permaneceu um mistério até agora.
Um grupo de pesquisadores
norte-americanos acredita ter descoberto o que faz esses violinos, violas e
violoncelos antigos tão especiais e diz que a descoberta ajudará os luthiers
de hoje a produzir instrumentos do mesmo nível que os dos mestres artesãos
italianos.
A primeira teoria era que Antonio
Stradivari teria usado uma poção mágica para dar à madeira sua qualidade
sonora; depois, sugeriu-se que o segredo estaria no verniz. Estudos, porém,
comprovaram que Stradivari usava verniz de mobília ordinário em seus
instrumentos e que praticamente todos os que chegaram aos nossos dias foram
reenvernizados no século XIX. Agora, pesquisadores da Universidade do Texas
A&M descobriram que a madeira usada na fabricação dos instrumentos foi
tratada contra cupim e fungos.
Joseph Nagyvary e sua equipe
analisaram a madeira dos cavacos de cinco instrumentos datados entre 1717 e
1840: um violino e um violoncelo Stradivarius, um violino Guarnerius, uma viola
britânica e um violino francês. As amostras vieram de restauradores que
removeram pequenas raspas para consertar rachaduras na madeira.
A equipe usou duas técnicas de
análise para comparar a composição química da madeira de bordo (Acer
saccharinum) dos instrumentos antigos com a dos bosques atuais. Os instrumentos feitos
pelos mestres de Cremonese era obviamente diferentes, relatam em artigo recente
da revista “Nature”. “Em dois dos instrumentos dos quais se afirma produzirem
maravilhas sonoras [...] a madeira foi tratada de forma brutal com substâncias
químicas,” disse o Dr. Nagyvary. A impregnação é de tal forma violenta que,
acredita ele, a madeira provavelmente foi fervida em água quimicamente tratada.
Pretendia-se que a “poção” protegesse o instrumento contra cupim e fungos. “O
agente oxidante usado, porém, continua sendo a pergunta que vale milhões de
dólares.”
Mas obter uma resposta pode ser bem
difícil: os donos de Stradivarius não são propriamente liberais quando se fala
de colher material – mesmo pequenas raspas – de seus instrumentos para os
projetos de pesquisa do Dr. Nagyvary. Compreensível.
Nenhum comentário:
Postar um comentário