George S. Patton –
Bill Mauldin
Eles não estavam lutando na mesma
Guerra. A do general Patton era um conflito de manobras calculadas por tropas
soberbamente treinadas em direção a uma meta definida: um lampejo de glória na
busca da vitória. A do sargento Mauldin era uma guerra de chuva e lama e arame
farpado, a triste realidade da campanha italiana. O fato de Mauldin ainda não
ter 25 anos e carregar uma caneta e um bloco de desenhos em vez de uma arma não
embaçou essa percepção. Seus cartuns em Stars
and Stripes saíram dessa guerra, e Willie e Joe, seus anti-heróis, tinham
rostos caninos e barbados. Mauldin reservava suas farpas para os oficiais. Por
isso foi acusado de abalar o moral da tropa.
Mas o que deixou Patton colérico foi
a aparência de Willie e Joe. Sujos.
Desgrenhados. Suas próprias tropas do Terceiro Exército andavam barbeadas, com
botas limpas e colarinho no lugar. Por que, esbravejou ele ao alto comando,
deveria Willie e Joe estrelar em Stars
and Stripes?
Então, no começo de 1945, Mauldin
estava em Paris, quando foi convocado pelo alto comando e enviado ao quartel do
Terceiro Exército, no palácio real de Luxemburgo, para “convencer” Patton. Em
seu escritório, armado com pistola de coronha de marfim e pronto para lançar
injúrias, Patton disparou uma diatribe contra os malditos bêbados de Mauldin,
sua falta de respeito pelo Exército; estaria ele tentando incitar um maldito
motim? Depois se seguiu um longo discurso sobre a importância da ordem ao longo
de quatro mil anos de história militar. Foi concedido a Mauldin cerca de um
minuto e meio para se defender, para dizer que os cartuns eram uma válvula de
escape segura para o relaxamento do soldado comum, antes dele ser atacado de
novo por deixar seus personagens “vadiar e comer e molestar e andar por aí com
barba crescendo na cara”. “Acredito que tenhamos nos entendido agora”, concluiu
Patton, e Mauldin foi dispensado.
Nada mudou, claro, mas a guerra
estava por terminar. Em março, Patton atravessou o Reno. Em maio, Mauldin
ganhou o Pulitzer. Em junho, ambos voltaram aos EUA, e lá na capa da Time estava Willie. Ele também estava
voltando para casa.
(Do livro “Primeiros
Encontros”,
de Nancy Caldwell Sorel e Edward Sorel)
de Nancy Caldwell Sorel e Edward Sorel)
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