Para marcar os 40 anos do poema “No
Meio do Caminho - Biografia de um Poema”, do grande poeta brasileiro Carlos
Drummond de Andrade, o Instituto Moreira Salles publicou uma nova edição da
obra, agora ampliada e organizada pelo também poeta Eucanaã Ferraz. Esta nova
edição foi concebida pelo próprio Drummond e depois teve seu projeto inicial
ampliado por Ferraz que resolve incluir, como novidade, todo o conteúdo da
versão original, como o texto de apresentação de Arnaldo Saraiva sobre o poema
mais discutido do modernismo literário brasileiro (publicado pela primeira vez
na “Revista de Antropofagia”, em 1928);* mas também uma ampla seleção com muito
do que foi dito ou escrito através dos últimos anos sobre estes famosos versos.
A publicação traz, na realidade, duas seções inéditas. A primeira, com o título
de "Ainda a Pedra", complementa a seleção feita por Drummond com uma
série de textos, charges e ilustrações a respeito do poema, todos posteriores a
1967; a segunda, intitulada "Biografia da Biografia", traz as
resenhas e os comentários sobre o livro desde a época do seu lançamento.
Segundo Eucanaã, a primeira edição de “Uma Pedra no Meio do Caminho - Biografia
de um Poema” foi uma espécie de resposta de Carlos Drummond de Andrade à dura
crítica recebida pelo “poeminha de pedra”. “Houve um tempo em que um trabalho
miúdo e constante de difamação do Modernismo tomava como exemplo da pior
literatura o poema “No Meio do Caminho...”, explica Ferraz em seu texto de apresentação
desta nova edição. “Os insultos transformaram o próprio texto em obstáculo para
o escritor”, complementa ele.
* A Metal Leve, quando ainda
existia, por intermédio de seu dono, o Mecenas dos Livros, José Midlin, fez uma
edição fac-similar da Revista de Antropofagia. Na época, 1984, fiquei sabendo
do lançamento através da coluna literário de um jornalista da Zero Hora (Danilo
Ucha), onde ele agradecia o recebimento da revista. Fui até a filial gaúcha da
Metal Leve, na Estrada do Forte, e, pelo de eu ser o único professor de
Literatura de Porto Alegre a fazer isso, ganhei um exemplar da revista e também
outras obras literárias, como a edição, também fac-similar, do primeiro livro
infantil de Monteiro Lobato: “A Menina do Nariz Arrebitado”, de 1920.
Carlos Drummond de Andrade por Alvarus
No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma
pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse
acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
Carlos Drummond de
Andrade
In Alguma Poesia - Ed. Pindorama, 1930
In Alguma Poesia - Ed. Pindorama, 1930
En medio del camino
En medio del camino había una
piedra,
había una piedra en medio del camino,
había una piedra,
en medio del camino habia una piedra.
había una piedra en medio del camino,
había una piedra,
en medio del camino habia una piedra.
Nunca me olvidaré de ese
acontecimiento
en la vida de mis retinas tan fatigadas.
Nunca me olvidaré que en medio del camino
había una piedra,
había una piedra en medio del camino
en medio del camino había una piedra.
en la vida de mis retinas tan fatigadas.
Nunca me olvidaré que en medio del camino
había una piedra,
había una piedra en medio del camino
en medio del camino había una piedra.
Gaston Figuera
In Poesía Brasileña Contemporanea
Montevideo, 1947
In Poesía Brasileña Contemporanea
Montevideo, 1947
Nel mezzo del cammino
Nel mezzo del cammino c'era un
sasso
c'era un sasso nel mezzo del cammino
c'era un sasso
nel mezzo del cammino c'era un sasso.
c'era un sasso nel mezzo del cammino
c'era un sasso
nel mezzo del cammino c'era un sasso.
Non dimenticherò questa cosa
accaduta
nella vita dei miei occhi così stanchi.
Non dimenticherò mai che nel mezzo del cammino
c'era un sasso
c'era un sasso nel mezzo del cammino
nel mezzo del cammino c'era un sasso.
nella vita dei miei occhi così stanchi.
Non dimenticherò mai che nel mezzo del cammino
c'era un sasso
c'era un sasso nel mezzo del cammino
nel mezzo del cammino c'era un sasso.
Ruggero Jacobbi
Lirici Brasiliani dal Modernismo ad Oggi
Milano, 1960
Milano, 1960
In the middle of the road
In the middle of the road was a
stone
was a stone in the middle of the road
was stone
in the middle of the road was a stone.
was a stone in the middle of the road
was stone
in the middle of the road was a stone.
I shall never forget that event
in the life of my so tired eyes.
I shall never forget that in the middle of the road
was a stone
was a stone in the middle of the road
in the middle of the road was a stone.
in the life of my so tired eyes.
I shall never forget that in the middle of the road
was a stone
was a stone in the middle of the road
in the middle of the road was a stone.
John Nist
In The Middle Of The Road
Tucson, 1965
In The Middle Of The Road
Tucson, 1965
Mitten im weg
Mitten im Weg lag ein Stein
Lag ein Stein mitten im Weg
Lag ein Stein
Mitten im Weg lag ein Stein.
Lag ein Stein mitten im Weg
Lag ein Stein
Mitten im Weg lag ein Stein.
Nie werde ich dieses Ereignis
Im Leben meiner so ermudeten Netzhaut vergessen.
Nie werde ich vergessen dass mitten im Weg
Lag ein Stein
Lag ein Stein mitten im Weg
Mitten im Weg lag ein Stein.
Im Leben meiner so ermudeten Netzhaut vergessen.
Nie werde ich vergessen dass mitten im Weg
Lag ein Stein
Lag ein Stein mitten im Weg
Mitten im Weg lag ein Stein.
Curt Meyer-Clason
Poesie - Frankfurt am Main, 1965
Poesie - Frankfurt am Main, 1965
Au milieu du chemin
Au milieu du chemin y avait une pierre
y avait unepierre au milieu du chemin
y avait unepierre
au milieu du chemin y avait unepierre .
y avait une
y avait une
au milieu du chemin y avait une
Jamais je n'oublierai cet
évènement
dans la vie de mes rétines si fatiguées.
Jamais je noublierai qu'au milieu du chemin
y avait une pierre
y avait une pierre au milieu du chemin
au milieu du chemin y avait une pierre.
dans la vie de mes rétines si fatiguées.
Jamais je noublierai qu'au milieu du chemin
y avait une pierre
y avait une pierre au milieu du chemin
au milieu du chemin y avait une pierre.
Tradutor desconhecido
Tempos pós-modernos
Na sala de aula, o professor estava
analisando, com seus alunos, aquele famoso poema de Carlos Drummond de Andrade:
“No meio do caminho tinha uma pedra...”
Depois de ter explicado
exaustivamente que, ao analisarmos um poema, podemos detectar as
características da personalidade do autor, implícitas no texto, o professor
pergunta:
- Joãozinho, qual a característica
de Carlos Drummond de Andrade que você pode perceber neste poema?
-
Professor, ele era traficante ou usuário?
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