Iole
Tredice Paz e João Pedro Paz ainda vivem a “storia d´amore” iniciada em
fevereiro de 1945, durante a II Guerra.
Em
21 de fevereiro de 1945, a
Força Expedicionária Brasileira (FEB) na II Guerra Mundial, após três meses de
intensos combates, conquistou Monte Castelo, a posição alemã que impedia o
avanço do exército aliado no norte da Itália. Menos de três meses depois, houve
a rendição alemã naquele país.
Logo
após a tomada de Monte Castelo, o soldado gaúcho João Pedro Paz recebeu folga
para visitar a cidade de Pescai, onde haveria um baile. Lá conheceu Iole, uma
bela italiana de 17 anos. Foi paixão à primeira vista.
O
relacionamento durou até junho de 1945, quando as tropas da FEB retornaram ao
Brasil, e o casal foi obrigado a se despedir no cais do porto de Nápoles. Já no
Brasil, Paz participou de uma grande festa no Cassino da Urca, no Rio de
Janeiro, com as presenças do presidente Getúlio Vargas e do cantor Vicente
Celestino.
Após
ouvir a bela história de amor de Pedro e sua jovem Iole, Celestino, então um
dos artistas populares do país, compôs uma das mais importantes canções do
pós-guerra, Mia Gioconda. Cantada em português e italiano, a música foi um
sucesso na época e já teve diversas regravações, inclusive uma que foi incluída
na trilha sonora da novela O Rei do Gado, da Rede Globo.
De
volta a Porto Alegre, Paz recebeu uma carta de Iole, na qual ela contava que
estava grávida. O pracinha procurou, então, a embaixada da Itália para
providenciar o casamento, que foi realizado em julho de 1946, por procuração.
Em outubro daquele ano, Iole desembarcou no cais do Guaíba com o filho de três
meses de idade.
Hoje, aos 88* anos, além de
se dedicar a reunir e divulgar os feitos da FEB, João Pedro Paz ainda vive sua
bela storia d´amore com Iole.
Cel Leonardo Araújo, historiador do Colégio Militar de
Porto Alegre.
(Zero Hora, in Almanaque Gaúcho, de 21.02.2011)
*Ano da matéria em ZH,
fevereiro de 2011. Hoje ele está com 97 anos, e ela, 92.
Nota do Informe Especial
João Pedro Paz e Iole Tredici completam hoje, 1º de julho de 2020,
75 anos de casados. Não haverá festas, preocupação básica em tempos de
pandemia.
Minha Gioconda
(Vicente Celestino)
Do
dia que nascemos e vivemos para o mundo,
Nos
falta uma costela que encontramos num segundo.
Às
vezes, muito perto desejamos encontrá-la,
No
entanto é preciso muito longe ir buscá-la.
Vejamos
o destino de um pracinha brasileiro:
Partindo
para a Itália transformou-se num guerreiro
E
lá, muito distante, despontar o amor sentiu
E
disse estas palavras a uma jovem quando a viu:
“Italiana,
La mia vita oggi sei tu!
Io
te voglio tanto bene,
Partiremo due insieme.
Ti lasciar non posso più.
Italiana,
Voglio a ti piccola bionda,
Ha il viso degli amori,
La tue lapri son due fiori.
Tu sarai mia Gioconda.”
Vencido
o inimigo que antes fora varonil,
Recebeu
ordem de embarcar para o Brasil.
Dizia
a mesma ordem:
“Quem
casou não poderá levar consigo a esposa,
a
esposa ficará.”
Prometeu
então o bravo, ao dar baixa e ser civil:
“Embarcarás
amada, para os céus do meu Brasil!”
E,
enquanto ela esperava lá no cais napolitano,
Repetia
estas palavras no idioma italiano:
“Brasiliano,
La mia vita oggi sei tu!
Io te voglio tanto bene,
Quiedo a Dio que tu venga.
Ti scordar non posso più!
Brasiliano,
Sono ancora tua bionda!
Mi sposo hai lasciato,
Questo cuore abandonato
Che chiamasti di Gioconda.
Di Gioconda!
Di Gioconda!”
Falecimento
Faleceu,
aos 97 anos, o militar gaúcho João Pedro Paz, membro da Força Expedicionária
Brasileira (FEB), que lutou na Segunda Guerra Mundial contra as Forças do Eixo.
A informação foi confirmada ontem (16.09.2020) pelo Comando Militar do Sul, em
publicação, em que lamentou a perda e citou uma frase do tenente Paz: “o
espírito do velho soldado permanece vivo, cravado na lembrança e no coração de
todas as gerações do presente e do futuro”.
Paz
nasceu em 29 de novembro de 1922 em Caçapava do Sul, na Campanha, mas se
considerava cidadão de Cachoeira do Sul, cidade da região central do Estado. Aos
17 anos, iniciou sua trajetória militar alistando-se para servir à FEB, com
passagens em quartéis de Porto Alegre e Santa Maria.
Em
2 de julho de 1944, o então soldado Paz embarcou, com cerca de 5 mil militares,
para a Itália, onde o Brasil iria se juntar às demais forças aliadas no combate
da Segunda Guerra Mundial. Ele tinha a função de soldado volteador e utilizava
um fuzil semiautomático.
Após
o fim do conflito, Paz foi obrigado a deixar sua amada Iole Tredici, que havia
conhecido em um baile vespertino na cidade de Pescia, na Itália. Três meses
após a volta ao Brasil, ele recebeu uma carta de Iole, que contava estar
grávida. A história causou comoção em Porto Alegre, a ponto de um jornalista da extinta
Folha da Tarde iniciar campanha para arrecadar fundos e bancar a vinda de Iole.
Os dois casaram-se por procuração − ele, em Porto Alegre, ela, em Pescia. Meses
depois, Iole chegou ao Brasil para viver o seu grande amor, que completou 75
anos em julho deste ano. O filho Pedrinho, que tinha apenas três meses quando
atravessou o Atlântico com a mãe, morreu aos 12 anos. Além dele, o casal ainda
teve outra filha, Ana maria.
(Do jornal Zero Hora, de 17 de setembro de 2020)
Que romântico ♡
ResponderExcluirUma história romântica e verdadeira. Daria um bom filme...
ExcluirO romantismo nunca sai de moda, diminui com o tempo, e apos anos resurge das cinzas, pois é movido pelo amor, e este nunca morrera !
ResponderExcluirMuito boa observação, o amor, em qualquer época e em qualquer circunstância, acontece de forma mais inesperada.
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