1977
Chico Buarque e Miltinho*
Quem é essa mulher
Que canta sempre esse estribilho?
Que canta sempre esse estribilho?
“Só queria embalar meu filho
Que mora na escuridão do mar.”
Que mora na escuridão do mar.”
Quem é essa mulher
Que canta sempre esse lamento?
Que canta sempre esse lamento?
“Só queria lembrar o tormento
Que fez o meu filho suspirar.”
Que fez o meu filho suspirar.”
Quem é essa mulher
Que canta sempre o mesmo arranjo?
Que canta sempre o mesmo arranjo?
“Só queria agasalhar meu anjo
E deixar seu corpo descansar.”
E deixar seu corpo descansar.”
Quem é essa mulher
Que canta como dobra um sino?
Que canta como dobra um sino?
“Queria cantar por meu menino
Que ele já não pode mais cantar.”
Que ele já não pode mais cantar.”
Essa música Chico fez para a
estilista Zuzu Angel, foto abaixo, morta em circunstâncias misteriosas, depois de enfrentar a ditadura militar para encontrar o corpo de seu filho, Stuart
Angel Jones, torturado, assassinado e seu corpo jogado de um avião militar ao
fundo da Baia da Guanabara.
Na tortura final, na Base aérea do
Galeão, Stuart, foto abaixo, foi arrastado por um jipe, amarrado ao cano de descarga do veículo,
obrigado a “cheirar fumaça de óleo diesel”, como denunciou Chico Buarque em sua
canção “Cálice”, intoxicado até agonizar.
Zuzu Angel já sabia que seu filho
estava morto, e seu corpo deveria estar em algum lugar das profundezas do
Oceano Atlântico. Ela queria, apenas, o seu corpo para dar-lhe um enterro
decente.
*Miltinho, integrante do MPB-4
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