Em 20 de setembro de 1835, liberais
descontentes com o poder imperial tomaram Porto Alegre, dando início ao período
conhecido como Guerra dos Farrapos ou
Revolução Farroupilha. Até 1845, quando
foi assinado o tratado de Ponche Verde, foram quase 10 anos de batalha entre
legalistas, em defesa do império, e farroupilhas, em nome da República
Rio-Grandense, criada em 1836. Hoje, celebram-se os ideais farroupilhas
revolucionários, pano de fundo de uma guerra que teve 1,8 mil mortos do lado
revolucionário e 950 do lado imperial. Em um tempo em que o Rio Grande era uma
província com 160 mil habitantes, o período de confronto foi pródigo em
pilhagens, desordens, estupros e bandidagem.
Os inimigos
De um lado, os farroupilhas,
liberais, com estancieiros, líderes militares, charqueadores, mercenários
estrangeiros, negros e índios escravos que queriam liberdade. De outro, o
exército imperial, com estancieiros e militares locais, além de portugueses,
militares de outras partes do país e mercenários estrangeiros.
O contexto
O poder central estava enfraquecido,
à medida que o imperador D. Pedro II tinha menos de 10 anos o início da guerra
e eram eleitos regentes para conduzir o Brasil. Principal atividade da
Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, as charqueadas viviam uma crise,
com altas taxas sobre a produção e com a concorrência do
charque platino, que entrava mais barato no Brasil. O clima político entre
liberais e conservadores era acirrado na província. Tanto que a posse de
Fernandes Braga, um conservador, na presidência da Província desencadeou o
ataque farroupilha a Porto Alegre. No exterior, movimentos como a Revolução
Francesa (1789) e a Independência do Uruguai (1825) ainda inspiravam os
liberais.
Os objetivos
Os farroupilhas queriam mais
autonomia e lutavam pelo poder local. Também protestavam contra os altos
impostos sobre o charque. Os princípios republicanos ganharam força após a
proclamação da República Rio-Grandense.
O resultado final
O Tratado de Ponche Verde é visto
como um termo de paz entre imperiais e farroupilhas ou como rendição dos
farrapos, à medida que muitas das exigências dos revolucionários não ocorreram.
Na história, no entanto, perpetuaram-se os ideais e os símbolos
revolucionários.
Os símbolos
Verde: a cor da casa imperial de
Bragança, origem de Dom Pedro I. Na bandeira brasileira atual, significa a
riqueza natural, as matas.
Amarelo: a cor da casa de
Habsburgo, da Imperatriz Dona Leopoldina, casada com Dom Pedro I. Na bandeira
atual, significa o ouro, as riquezas minerais.
Ramos de fumo e de café: eram importantes produtos de
exportação do Brasil.
Cruz da ordem de Cristo: foi a ordem que patrocinou
expedições portuguesas ao Brasil.
Estrelas: representavam as províncias.
Esfera armilar: um antigo
símbolo, utilizado até hoje na bandeira de Portugal, representando “as epopéias
marítimas” de Portugal.
Coroa: representa o poder imperial.
Bandeira farroupilha
Verde e amarelo: oriundos da bandeira imperial.
Faixa vermelha: era a cor do
gorro dos escravos libertos na Roma Antiga. Foi resgatado como símbolo na
Revolução Francesa, no final do século XVIII, que inspirava revolucionários
farroupilhas.
O brasão de armas farroupilha
Tem canhões, lanças e mosquetes
com baionetas. Ao centro traz as torres do templo de Salomão, um símbolo da
maçonaria. O Gabinete Continentino, loja maçom de Porto Alegre, foi um dos
locais onde a revolução foi gestada. No entanto, havia maçons lutando pelos
dois lados Abaixo, as inscrições liberdade, igualdade e humanidade remetem aos
ideais da Revolução Francesa.
(Zero Hora, 20 de
setembro de 2007)
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