quinta-feira, 14 de setembro de 2017

No tempo dos Farrapos



Em 20 de setembro de 1835, liberais descontentes com o poder imperial tomaram Porto Alegre, dando início ao período conhecido como Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha. Até 1845, quando foi assinado o tratado de Ponche Verde, foram quase 10 anos de batalha entre legalistas, em defesa do império, e farroupilhas, em nome da República Rio-Grandense, criada em 1836. Hoje, celebram-se os ideais farroupilhas revolucionários, pano de fundo de uma guerra que teve 1,8 mil mortos do lado revolucionário e 950 do lado imperial. Em um tempo em que o Rio Grande era uma província com 160 mil habitantes, o período de confronto foi pródigo em pilhagens, desordens, estupros e bandidagem.
  
Os inimigos

De um lado, os farroupilhas, liberais, com estancieiros, líderes militares, charqueadores, mercenários estrangeiros, negros e índios escravos que queriam liberdade. De outro, o exército imperial, com estancieiros e militares locais, além de portugueses, militares de outras partes do país e mercenários estrangeiros.
  
O contexto

O poder central estava enfraquecido, à medida que o imperador D. Pedro II tinha menos de 10 anos o início da guerra e eram eleitos regentes para conduzir o Brasil. Principal atividade da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, as charqueadas viviam uma crise, com altas taxas sobre a produção e com a concorrência do charque platino, que entrava mais barato no Brasil. O clima político entre liberais e conservadores era acirrado na província. Tanto que a posse de Fernandes Braga, um conservador, na presidência da Província desencadeou o ataque farroupilha a Porto Alegre. No exterior, movimentos como a Revolução Francesa (1789) e a Independência do Uruguai (1825) ainda inspiravam os liberais.

Os objetivos

Os farroupilhas queriam mais autonomia e lutavam pelo poder local. Também protestavam contra os altos impostos sobre o charque. Os princípios republicanos ganharam força após a proclamação da República Rio-Grandense.

O resultado final

O Tratado de Ponche Verde é visto como um termo de paz entre imperiais e farroupilhas ou como rendição dos farrapos, à medida que muitas das exigências dos revolucionários não ocorreram. Na história, no entanto, perpetuaram-se os ideais e os símbolos revolucionários.

Os símbolos

 Bandeira imperial


Verde: a cor da casa imperial de Bragança, origem de Dom Pedro I. Na bandeira brasileira atual, significa a riqueza natural, as matas.

Amarelo: a cor da casa de Habsburgo, da Imperatriz Dona Leopoldina, casada com Dom Pedro I. Na bandeira atual, significa o ouro, as riquezas minerais.

Ramos de fumo e de café: eram importantes produtos de exportação do Brasil.

Cruz da ordem de Cristo: foi a ordem que patrocinou expedições portuguesas ao Brasil.

Estrelas: representavam as províncias.

Esfera armilar: um antigo símbolo, utilizado até hoje na bandeira de Portugal, representando “as epopéias marítimas” de Portugal.

Coroa: representa o poder imperial.

Bandeira farroupilha


Verde e amarelo: oriundos da bandeira imperial.

Faixa vermelha: era a cor do gorro dos escravos libertos na Roma Antiga. Foi resgatado como símbolo na Revolução Francesa, no final do século XVIII, que inspirava revolucionários farroupilhas.

O brasão de armas farroupilha


Tem canhões, lanças e mosquetes com baionetas. Ao centro traz as torres do templo de Salomão, um símbolo da maçonaria. O Gabinete Continentino, loja maçom de Porto Alegre, foi um dos locais onde a revolução foi gestada. No entanto, havia maçons lutando pelos dois lados Abaixo, as inscrições liberdade, igualdade e humanidade remetem aos ideais da Revolução Francesa.
  
(Zero Hora, 20 de setembro de 2007)

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