Ele
era construtor de casas, porém, por um mero acaso, jamais havia construído um
único muro em toda a sua vida. E isto acabou acontecendo em sua própria casa.
Ele
e seu vizinho foram os primeiros a se mudar para aquele loteamento e, por anos,
os únicos moradores daquele lugar. Tornaram-se mais que vizinhos, tornaram-se
amigos. Não havia muro entre suas casas e as crianças brincavam livremente,
tanto nos dois quintais quanto nos campos ao redor (ah! como a vida era simples
e boa naquela época).
Porém,
devido a uma discussão boba, ele decidiu que era hora de ter um pouco de
privacidade e levantou aquele muro enorme.
Agora,
cada vez que olhava para aquela parede fria, tentava se convencer que tinha
sido melhor assim, mas, no fundo, jamais se acostumou com a nova “paisagem”.
Tinha saudades, mas as coisas nunca mais voltaram a ser como antes.
Anos
depois, seu filho se casou e construiu uma casa nos fundos do quintal. No
começo foi tudo bem, mas, um dia, ele brigou com sua nora e, mais uma vez,
decidiu construir um muro, separando as duas residências, “só para evitar novas
brigas”.
Por
fim, acabou brigando feio com sua esposa e resolveu separar-se dela, mas, como
não tinha onde morar, decidiu dividir a sua casa em duas partes, mas, uma
terrível solidão invadiu a sua alma e ele caiu de cama.
Sua
esposa cuidou dele com tanto amor que as barreiras entre os dois logo se
dissiparam. Então, ele mandou que retirassem as divisórias de dentro da sua
casa. Voltaram a ser um casal, mas ele não sarou.
Incentivado
pela esposa, pediu que a nora viesse visitá-lo, pediu desculpas à moça e mandou
que derrubassem aquele muro que a mantinha à distância. Voltaram a ser uma
família unida. Sua saúde melhorou um pouco, mas ele ainda continuava doente.
Por
fim, num esforço muito grande, com a ajuda da esposa, do filho e da nora, ele
colocou uma escada sobre o primeiro muro que havia construído em sua vida,
chamou seu amigo, pediu-lhe perdão e, ambos, com a voz embargada de emoção,
resolveram derrubar o muro e, em seu lugar, plantar uma cerca-viva bem
baixinha, para que eles e seus netos pudessem transitar e brincar livremente,
como seus filhos faziam no passado.
Quando
todos os muros foram derrubados, ele saiu da cama e voltou a viver.
(Autor desconhecido)
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