Insultos usados
atualmente nasceram sem malícia e intenção de ofender.
→ Idiota: O estadista e general grego Péricles (495-429 a .C.) classificou de idiotes (de idios, separado, privado) os cidadãos que se ocupavam exclusivamente
com seus assuntos particulares e não se envolviam com os problemas de Atenas.
Além de designar os maus cidadãos, idiotes
terminou englobando também a ideia de alienação do mundo concreto e real.
Quando chegou a Roma, que trataria de difundi-lo pela Europa, o termo “idiota”
já estava ligado, como hoje, à ignorância ou à debilidade mental.
→ Imbecil: No sentido original que tinha no latim, o vocábulo imbecillis significava “fraco”,
“frágil”. Uma mulher, uma criança, a saúde de uma pessoa – tudo isso poderia
ser qualificado de imbecil, no sentido primitivo do termo. Pouco a pouco, a
partir do século XVI, a palavra vai-se limitando a indicar a “fraqueza da
inteligência”, embora Molière, em Escola
de Mulheres (1662), ainda use o termo com o antigo significado de fraqueza:
“Nada há de mais fraco ou imbecil”, diz ele das mulheres, e não é à sua inteligência
que ele está se referindo, mas à suposta fragilidade do sexo feminino.
→ Canalha: O insulto preferido de Nelson Rodrigues veio do italiano canaglia, literalmente “cachorrada” (de cane, cão) e designava, no seu sentido
primitivo, a plebe, a ralé. Hoje o termo perdeu o seu valor coletivo e passou a
ser um insulto individual, tendo adquirido o sentido de “sujeito vil,
traiçoeiro, sem princípios”.
→ Otário: Consta que esse termo veio através do lunfardo (a gíria da
malandragem de Buenos Aires). É mais um insulto extraído do mundo animal: os
otários são os lobos e os leões-marinhos, primos da morsa, da foca e do
elefante-marinho. Como todos os seus parentes, são animais pouco ágeis,
extremamente lentos, com uma inegável aparência de tolos – daí o seu
aproveitamento como ofensa.
(Do Almanaque Super
Interessante de 2003)
Juca Pato
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