segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Origem de alguns insultos



Insultos usados atualmente nasceram sem malícia e intenção de ofender.

Idiota: O estadista e general grego Péricles (495-429 a.C.) classificou de idiotes (de idios, separado, privado) os cidadãos que se ocupavam exclusivamente com seus assuntos particulares e não se envolviam com os problemas de Atenas. Além de designar os maus cidadãos, idiotes terminou englobando também a ideia de alienação do mundo concreto e real. Quando chegou a Roma, que trataria de difundi-lo pela Europa, o termo “idiota” já estava ligado, como hoje, à ignorância ou à debilidade mental.

Imbecil: No sentido original que tinha no latim, o vocábulo imbecillis significava “fraco”, “frágil”. Uma mulher, uma criança, a saúde de uma pessoa – tudo isso poderia ser qualificado de imbecil, no sentido primitivo do termo. Pouco a pouco, a partir do século XVI, a palavra vai-se limitando a indicar a “fraqueza da inteligência”, embora Molière, em Escola de Mulheres (1662), ainda use o termo com o antigo significado de fraqueza: “Nada há de mais fraco ou imbecil”, diz ele das mulheres, e não é à sua inteligência que ele está se referindo, mas à suposta fragilidade do sexo feminino.

Canalha: O insulto preferido de Nelson Rodrigues veio do italiano canaglia, literalmente “cachorrada” (de cane, cão) e designava, no seu sentido primitivo, a plebe, a ralé. Hoje o termo perdeu o seu valor coletivo e passou a ser um insulto individual, tendo adquirido o sentido de “sujeito vil, traiçoeiro, sem princípios”.

Otário: Consta que esse termo veio através do lunfardo (a gíria da malandragem de Buenos Aires). É mais um insulto extraído do mundo animal: os otários são os lobos e os leões-marinhos, primos da morsa, da foca e do elefante-marinho. Como todos os seus parentes, são animais pouco ágeis, extremamente lentos, com uma inegável aparência de tolos – daí o seu aproveitamento como ofensa.

(Do Almanaque Super Interessante de 2003)


Juca Pato


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