Eu procurei entender
Qual a receita da fome,
Quais são seus ingredientes,
A origem do seu nome.
Entender também por que
Falta tanto o de comer,
Se todo mundo é igual.
Chega dar um calafrio,
Saber que o prato vazio,
É o prato principal.
Qual a receita da fome,
Quais são seus ingredientes,
A origem do seu nome.
Entender também por que
Falta tanto o de comer,
Se todo mundo é igual.
Chega dar um calafrio,
Saber que o prato vazio,
É o prato principal.
Do que é que ela é feita
Se não tem gosto, nem cor.
Não cheira, nem fede a nada,
E o nada é seu sabor.
Qual o endereço dela,
Se ela está lá na favela,
Ou nas brenhas do sertão.
Se não tem gosto, nem cor.
Não cheira, nem fede a nada,
E o nada é seu sabor.
Qual o endereço dela,
Se ela está lá na favela,
Ou nas brenhas do sertão.
É companheira da morte,
Mesmo assim não é mais forte
Do que um pedaço de pão!
Do que um pedaço de pão!
Que rainha estranha é essa,
Que só reina na miséria,
Que entra em milhões de lares,
Sem sorrir, com a cara séria.
Que provoca dor e medo,
E, sem encostar um dedo,
Causa em nós tantas feridas.
A maior ladra do mundo,
Que nesse exato segundo,
Roubou mais algumas vidas!
Que nesse exato segundo,
Roubou mais algumas vidas!
Continuei sem saber
Do que é que a fome é feita.
Mas vi que a desigualdade,
Deixa ela satisfeita.
Foi aí que eu percebi,
Por isso que eu não a vi.
Eu olhei pro lado errado,
Ela está em outro canto.
Do que é que a fome é feita.
Mas vi que a desigualdade,
Deixa ela satisfeita.
Foi aí que eu percebi,
Por isso que eu não a vi.
Eu olhei pro lado errado,
Ela está em outro canto.
Entendi que a dor e o pranto
Era só seu resultado!
Era só seu resultado!
Eu achei seus ingredientes
Na origem da receita,
No egoísmo do homem,
Na partilha que é mal feita!
E mexendo num caldeirão,
Eu vi a corrupção
Cozinhando a tal da fome,
Temperando com vaidade,
Misturando com maldade,
Pro pobre que lhe consome!
Na origem da receita,
No egoísmo do homem,
Na partilha que é mal feita!
E mexendo num caldeirão,
Eu vi a corrupção
Cozinhando a tal da fome,
Temperando com vaidade,
Misturando com maldade,
Pro pobre que lhe consome!
Acrescentou na receita
Notas superfaturadas:
1 quilo de desemprego,
30 verbas desviadas,
Rebolou num caldeirão
20 gramas de inflação
E 30 escolas fechadas!
Notas superfaturadas:
1 quilo de desemprego,
30 verbas desviadas,
Rebolou num caldeirão
20 gramas de inflação
E 30 escolas fechadas!
Sendo assim, se a fome é feita
De tudo que é do mal,
É consertando a origem
Que a gente muda o final.
Fiz uma ponte ligeiro,
Se juntar todo dinheiro
Dessa tal corrupção,
Mata fome em todo canto
E ainda sobra outro tanto
Pra saúde e Educação!
De tudo que é do mal,
É consertando a origem
Que a gente muda o final.
Fiz uma ponte ligeiro,
Se juntar todo dinheiro
Dessa tal corrupção,
Mata fome em todo canto
E ainda sobra outro tanto
Pra saúde e Educação!
(Bráulio Bessa).
Bráulio Bessa Uchoa é um poeta de
literatura de cordel, declamador e palestrante brasileiro. Nascido em Alto Santo , no Vale do
Jaguaribe, Ceará, ficou famoso após apostar na internet para resgatar a
tradicional literatura de cordel. Faz participações no programa Encontro com Fátima
Bernardes, na Rede Globo de Televisão.
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